O Homem Médio e sua Ineficácia.

O homem médio e sua ineficácia.

O homem médio é um ser “ideal”. Não se trata de um padrão de peso, cor, altura, saber ou classe econômica, mas é um homem mediano, nem tão inteligente, nem tão ignorante, ele está entre esses dois opostos. Podemos conceituá-lo como "o homem que busca o equilíbrio no meio social".

Ele é uma criação jurídica que serve de medida para o comportamento dos demais seres humanos. É uma espécie de parâmetro direto e objetivo de conduta e saber.

O homem médio deveria possuir em sua aplicabilidade, características como a razoabilidade e a proporcionalidade. Não obstante, na prática não é assim que ocorre.

Destarte, percebemos que o homem médio não existe, ele é apenas uma criação para servir como medida. É um padrão que servirá de base para os demais comportamentos humanos.

Ademais, não devemos alocar a existência de um modelo moralmente correto, pois não é coerente a comparação de um ser do mundo concreto com um ser do mundo fictício.

A conceituação do homem médio é um classicismo dogmático que não pode ser utilizado no campo da aplicabilidade jurídica ou social. Seria imputar-lhe um aspecto ontológico platônico a pessoas ínsitas de erro e de equívoco.

Os problemas emocionais, sociais, econômicos, existenciais e biológicos poderiam fazer com que um homem, que teve sua vida regrada aos institutos morais e, consequentemente, ao uso racional de sua liberdade, perdesse, por apenas um momento, toda a regularidade conquistada e, neste relapso momento de descontração irracional, praticar um ato no qual recai descrição típica.

Para esse caso, haverá equilíbrio na comparação deste homem com um paradigma de conduta mediana?

É correto definirmos algo pelo homem médio? Definirmos parâmetros a partir de nós?

Quando aplicamos algo ao nosso próximo baseamo-nos em nossa vivência, ideologia, experiência, princípio, crença, etc. Assim, é extremamente complicado dizer ao outro: “ você não deveria ter feito dessa forma”, pois internamente há uma voz que diz " eu teria feito de forma diversa e mais produtiva".

Contudo, não nascemos no mesmo lugar que a pessoa, não passamos pelos mesmos problemas, não temos a mesma classe social, a mesma estrutura familiar, a mesma ideologia.

Essa pessoa não teve as mesmas oportunidades no mercado de trabalho, não tem a mesma cultura, a mesma estrutura familiar, a mesma condição habitacional e intelectual.

Faremos uma analogia. Um juiz de Direito deve aplicar a lei. Isso é pacifico. Porém, pode aplicar sanção entre o mínimo e o máximo.

Vamos exemplificar um caso hipotético. Um pai de família humilde, sem alfabetização, ao ver seu filho sofrendo de ataque epilético leva-o ao pronto-socorro da cidade local.

Chegando lá, depara-se com duas enfermeiras comendo esfirras de brócolis com bacon. Desalentado ele suplica por ajuda.

Uma das enfermeiras responde: “Senhor, por favor, o RG, CPF e o cartão do SUS do paciente”.

Enquanto isso, nesse cenário angustiante, o menino acha-se cada vez mais trêmulo e salivante.

Após a realização do cadastro ela diz: “O médico plantonista está em horário de almoço, por favor, aguarde.”.

Ele argumenta: "Como assim? Não ficou outro médico fazendo a substituição?”.

Ela responde com desdenho: "Não, aguarde alguns minutos, assim que ele retornar chamará seu filho".

O pai, angustiado e perplexo, observa seu filho sofrendo ataques terríveis. O som que consegue perceber é o gemido de seu filho e a conversa das enfermeiras - elas conversam sobre a lista divulgada dos caras mais sexy do Brasil.

Enfurecido e temendo pela vida do seu filho, o pai levanta e destrói a porta de acesso. Apressurando-se pelos corredores ele grita: "Socorro, socorro, meu filho está morrendo".

Corre dentro da unidade de saúde procurando por alguém que o auxilie. Durante o trajeto encontra uma porta entreaberta, do lado de fora ele ouve: "Não amor,