O carro e o motorista

O CARRO E O MOTORISTA.

No mundo contemporâneo, o carro simboliza e muito a liberdade de ir e vir para qualquer lugar, por mais perto ou longe que seja este, sem que se preocupe com o tempo e o melhor é a liberdade de horários livres, mas também simboliza de forma não evidente o status de superioridade. O carro transmiti e muito a ideia de individualidade, e nesse sentido, essa ideia é compartilhada como sinônimo de sucesso, levando ao mesmo tempo parte da identidade do motorista.

O carro tornou-se um objeto evidentemente desejável, pois permite vários benefícios, entre eles o de ter sua casa na rua ou na estrada, e se por um lado o carro nos proporciona o sentimento de sucesso, o ônibus por usa vez, faz com que o indivíduo perca sua personalidade e autonomia, tonando-se apenas mais um perante a multidão, sujeito ao desconforto de modo que tem que submeter-se a restrição de caminhos e horários sobre o qual não tem controle.

Atualmente e mais precisamente no Brasil, o automóvel tem sido um indicador de superioridade ou de inferioridade social. Superior a quem não tem carro e inferior a quem possui carros novos ou melhores.

Hoje é indiscutível que as pessoas se afirmam na sociedade através das coisas e dos bens que possuem, assim, ter um carro, pode lhe tornar alguém, mas ter um carro de luxo denota seu enorme sucesso financeiro, deixando de certa forma, a função de locomoção de lado, logo, o ato de dirigir é entendido como uma solidão positiva, sendo observado sua independência.

Frequentemente, os motoristas, de uma forma geral, compram seus automóveis realizando um sonho, e muitas das vezes compram pelo desejo de possuir o carro e não pela comodidade. Isso é refletido nas ruas, onde os motoristas, onde nem mesmo o transito abala a sua relação com o carro, mas por outro lado, os motoristas de ônibus e caminhão fazem valer a função inicial do automóvel, na sua forma coletiva ou instrumental, pois para eles, dirigir é uma necessidade de sua profissão, e é essa pressão que faz com que o prazer seja afastado.

A habilitação para dirigir traz uma valorização social notável ao indivíduo. De certa forma, essa habilitação e tratada com mais ou com menos valor, e essa valorização fica a critério do tipo de motorista, sendo ele particular ou profissional, e percebesse que os motoristas profissionais, apesar de estarem sujeitos as mesmas regras e leis de transito que os particulares, temem perder seu ganha pão, que é a função de motorista a que exerce, diferentemente dos particulares que são pegos com mais frequência cometendo infrações de transito das mais diversas formas. Isso acontece, por que o motorista mesmo antes de ser habilitado, já dirigia informalmente, com algum familiar, ou seja, tem um aprendizado menos técnico e na maioria das vezes com costumes de pequenas infrações no transito.

Nesse impasse, os cidadãos ficam sujeitos a cumprir normas e regras e quase não disfrutam de direitos, pois o motorista com seu carro e sua habilitação, terá logo um sentimento de superioridade em relação ao pedestre que não é dotado do mesmo sucesso de ter um carro, que é o passaporte para utilizar as vias públicas ao seu bel prazer, coisa que o pedestre só poderá disfrutar se comprar seu carro, logo surge a pergunta, não seria por tudo isso que o desejo de ter um carro está na mente de tantos brasileiros e de outros tantos por ai a fora? O fato é que o carro não é apenas um instrumento de diminuir o tempo ou encurtar as distancias, mas sim um meio de ampliação do espaço na sociedade para seus respectivos donos, e por fim, confirma o sistema hierárquico que articula a sociedade brasileira como um todo, onde os motoristas particulares estão no topo, seguidos dos profissionais, dos ciclistas que também tem seu espaço, mesmo que seja mais modesto, mas ainda sim superior ao dos pedestres que estão no alicerce dessa hierarquia.