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A CRISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS E A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL

Por:   •  15/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.850 Palavras (8 Páginas)  •  324 Visualizações

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1. A CRISE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS E A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL

Nossa análise se inicia no ano de 1994, onde podemos destacar, com o auxílio das entrevistas,

efeitos das políticas monetárias e cambiais da época.

Inicialmente cabe lembrar que a economia passava, desde os anos 1990, por uma maior

abertura comercial. Esta abertura foi clara durante o primeiro governo FHC, onde no decorrer

da execução do Plano Real ocorre uma maior desnacionalização dos setores bancário, elétrico,

de telecomunicação, entre outros.

Retornando às políticas previamente citadas, no âmbito cambial a solução vinda com o Plano

Real foi uma política estabilizatória, com o advento da âncora cambial. Esta buscava manter a

paridade Real-Dólar 1 para 1, ou com pequenas variações. É interessante destacar a visão de

um de nossos entrevistados sobre este ponto. Marcos Moukin, que trabalhava na época como

cirurgião dentista, destaca a influência negativa desta paridade tendo em vista a cidade onde

morava. A cidade em questão é Americana, um pólo têxtil no estado de SP, que com esta

paridade cambial e com o auxílio da abertura comercial, a cidade sofreu com a entrada de

tecidos coreanos e chineses. Aqui podemos observar os efeitos que uma variação nos produtos

treadeables pode causar em produtos non-tradeables, como os serviços oferecidos por Marcos.

O entrevistado destaca que no ano de 1996 foi necessário buscar emprego em outras regiões,

já que a venda se seu serviço estava afetada pela queda no rendimento da cidade com as

demissões na indústria têxtil local. Podemos ver claramente os efeitos da política cambial em

variáveis como emprego e renda. Destacamos também o fator da desindustrialização,

discutida por muitos economistas, onde esta entrada maior de produtos estrangeiros ajudou a

gerar um “gargalo” na oferta nacional destes bens.

Daremos foco também à política monetária vinda em conjunto ao Plano Real. Política esta

baseada em altíssimas taxas de juros. Esta taxa seria utilizada para diversos fins, entre eles

estavam uma maior atração de capitais externos (mesmo em um momento delicado para isso),

controle da inflação de demanda e, como consequência, permitir a manutenção da política

cambial.

Destacaremos também as situações relacionadas ao contexto internacional. Este será abordado

mais detalhadamente a frente, porém deixamos exposto que este era desfavorável para países

em desenvolvimento na época. Esta característica foi destacada por um dos entrevistados, o

Prof. Dr. Elton Eustáquio Casagrande. O professor destaca a influência das crises no México

em 1995, na Rússia e nos países asiáticos em 1997, no cenário de confiança da época.

Outro ponto que destacaremos no artigo e que foi lembrado pelo professor é quanto ao acordo

com o FMI em 1998. O entrevistado destaca que esta ida foi crucial para “fechar a conta” do

balanço de pagamentos e poder manter os gastos necessários para continuidade das políticas

do Plano Real. O professor vê neste ponto também uma ótica monetária da crise (através dos

balanços de pagamentos e de capitais), diferindo de crises como a de 2008 onde vemos um

predomínio da ótica financeira.

1.1. O CONTEXTO POLÍTICO E O ACORDO COM O FMI

As eleições presidenciais de 1998 foram marcadas por diversos desafios políticos e

econômicos. No que tange aos aspectos econômicos, um quadro extremamente adverso nas

contas externas levou o país a negociar um acordo com o FMI (Fundo Monetário

Internacional).

Havia um forte esgotamento da postura ativa do resto do mundo em continuar a financiar

déficits em conta corrente da magnitude de US$ 30 bilhões. Além disso, tal situação estava

gerando uma fuga de capitais, pois surgia o temor de uma desvalorização que romperia com a

âncora cambial vigente desde o Plano Real. (GIAMBIAGI, 2011).

Um estímulo à troca de reais por dólares foi uma consequência das expectativas desfavoráveis

quanto à moeda nacional. O governo foi ficando sem alternativas, haja vista que havia

divergências quanto à desvalorização, bem como era nítida a rejeição de diversos setores em

relação às possíveis contrapartidas exigidas pelo FMI.

1.2. AS DIVERGÊNCIAS QUANTO AOS EFEITOS DAS POLÍTICAS

MACROECONÔMICAS

O novo modelo de política econômica, estruturado após a introdução do Plano Real, exigia

um grande esforço por parte da política monetária e cambial em garantir uma paridade Dólar-

Real, como caminho para combater um processo de inflação que perdurava na economia

Brasileira, principalmente após os anos 80.

A reforma monetária se sustentava em um cenário de abertura comercial e financeira e de uma

“herança positiva” do governo Collor, em relação aos índices econômicos,

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