TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A Revolução Industrial na França

Por:   •  10/4/2020  •  Ensaio  •  4.364 Palavras (18 Páginas)  •  551 Visualizações

Página 1 de 18

Apresentação

O ensaio apresentado refere-se à segunda unidade do curso de História Econômica e das Organizações. Versará acerca do modelo industrial Francês com o objetivo de entender as circunstâncias que não possibilitaram a França de ser um país competitivo no cenário mundial ao final da segunda fase da revolução industrial.

Para atingir o objetivo é necessário examinar como a bibliografia específica aborda as singularidades do país estudado que podem influenciar no desenvolvimento econômico, como por exemplo, os valores da sociedade, características naturais do território, eventos históricos, papel do Estado, entre outros. Ainda é necessário comparar o desenvolvimento francês com o de seus concorrentes no cenário internacional, como a Inglaterra, a Alemanha e os Estados Unidos.

A bibliografia utilizada como principal referência teórica será: “A Origem das Corporações” de Baumol, Mokyr & Landes, principalmente o capítulo escrito por Michel Hau; “Structure and Change in Economic History” de Douglass North e o capítulo escrito por François Crouzet em “The Industrial Revolution in a National Context” de Teich & Porter.

1 Introdução

A criação do estado nacional francês se deu muito próxima à criação inglesa, ambos os países enfrentavam-se na guerra dos cem anos e a devastação causada pelo conflito facilitou a centralização do poder na mão de um único rei para cada país, Douglass North atribui à criação de estados nacionais a redução dos custos de transação. Essa redução possibilita instituições mais eficientes, o que é fundamental para o desenvolvimento econômico de uma nação.

North fundamenta sua teoria de desenvolvimento econômico naquilo que chamou de matriz institucional, que se refere tanto as instituições informais quanto formais. As instituições informais são os valores, crenças e a história da sociedade em questão. As instituições formais são as regras, as leis e as organizações dessa mesma sociedade. Instituições eficientes resultam em desenvolvimento econômico, para uma instituição ser eficiente, ela precisa ter regras claras e ter enforcement para aplicá-las, isto é, fazer suas regras valer para todos, só assim os custos de transação são reduzidos e o desenvolvimento é possível.

Em “Structure and Change in Economic History” o pioneirismo industrial inglês é explicado por North a partir de sua matriz institucional que através da mentalidade capitalista possibilitou a criação de regras e organizações que incentivassem a inovação e o desenvolvimento econômico de longo prazo.

Se a matriz institucional é uma ferramenta suficientemente crível para explicar o desempenho econômico de uma nação, assim como North explicou o sucesso britânico em seu pioneirismo industrial graças ao conjunto favorável de instituições, então é possível usar a mesma ferramenta para supor as razões que não possibilitaram a França de ser uma nação competitiva no cenário econômico internacional, ficando atrás de Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra.

Afirmar que a França não conseguiu ser competitiva perante essas nações não é algo audacioso, basta comparar alguns fatores. A Inglaterra, que se tornou uma nação quase que simultaneamente à França e possui território menor, conseguiu se industrializar antes e crescer mais rápido, de 1815 a 1850 a produção industrial francesa crescia a taxa de 2,5% ao ano, enquanto a inglesa crescia a 3,7% ano (CROUZET, 1996). “No começo do século XX, o PIB inglês superava o francês em 50%” (HAU, 2010, p. 350). A Alemanha e os Estados Unidos, que iniciaram sua industrialização muito depois, superaram a produção francesa ao final da década de 1860 (HAU, 2010). No mesmo período, a produção francesa correspondia a 40% da britânica (HAU, 2010).

Na corrida imperialista por mercados e matéria prima, há mais uma evidência da falta de competitividade francesa, apesar de Inglaterra e França dividirem a maior parte do continente africano, os territórios franceses eram menos produtivos, com grande parte dos territórios concentrados na região Saariana, região em geral mais pobre do continente até os dias atuais.

A história francesa é bastante conhecida, a concentração de poder levou o país a períodos conturbados, com conflitos internos e externos, espera-se que essa instabilidade politica e social tenha reflexos em suas instituições e em entraves ao seu desenvolvimento econômico devido aos altos custos de transação causados pela instabilidade. Para verificar a validade dessa hipótese, é necessário conhecer e entender o processo histórico francês.

2 Argumentação

2.1 Períodos de instabilidade: Da Revolução a Napoleão.

François Crouzet considera que a revolução industrial na França teve início em 1780, quando o país ainda estava sob domínio absolutista, com forte intervenção econômica do Estado, porém já em 1789, devido à uma forte crise econômica, a revolução francesa se iniciou e durou cerca de dez anos. A revolução além de causar um período de muita instabilidade interna e radicalismo na França, também causou mudanças profundas na politica, na sociedade e em seus valores.

Com a queda do absolutismo de Luís XVI, a França experimentou um período de muita instabilidade politica com a disputa de poder de diversos grupos até a chegada de Napoleão Bonaparte ao poder, não cabe neste momento aprofundar a revolução francesa dada a amplitude e complexidade do tema, porém algumas mudanças são fundamentais para o processo industrial francês.

Dentre as mudanças fundamentais ao empreendedorismo que ocorreram durante a revolução francesa estão: A elaboração do código do comércio (HAU, 2010), o fim das restrições às corporações de oficio (HAU, 2010), ascensão do iluminismo como corrente ideológica (HOBSBAWM, 2011), o fim dos tributos de vassalagem (HAU, 2010) e a ascensão da burguesia como classe social predominante após a saída da aristocracia (HAU, 2010).

O código de comércio e a abolição das restrições às corporações de oficio diminuíram os custos de transação e estimularam o empreendedorismo. A ascensão da corrente iluminista levou à ideologia econômica de Laissez faire que, como uma crítica ao modelo mercantilista, defendia a liberdade do mercado, isto é, defendia um Estado que não interferisse de maneira direta na economia.

A instabilidade politica interna só foi controlada quando Napoleão chegou ao poder (HOBSBAWM, 2011), foi em suas mãos que a França conseguiu ser um Império através de conquistas militares, na época a França era a segunda potência europeia, atrás apenas da Inglaterra. O período Napoleônico foi marcado pelos altos investimentos militares, instabilidade externa devido aos conflitos, intensificação da politica de Laissez faire (CROUZET, 1996), protecionismo contra a Inglaterra (CROUZET, 1996) e investimento em escolas de engenharia (CROUZET, 1996).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (29.4 Kb)   pdf (177.9 Kb)   docx (19.9 Kb)  
Continuar por mais 17 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com