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As Questões Estruturais Governo Lula

Por:   •  13/12/2023  •  Resenha  •  922 Palavras (4 Páginas)  •  48 Visualizações

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ECONOMIA BRASILEIRA

TEMA 7: A Era Lula: questões estruturais

Para Perry Anderson, Lula não pode ser considerado um populista clássico, ele é mais um pacificador do brasil, tentando integrar em um dado momento metade do país que está fora da produção, do consumo, do crédito.

André Singer: No Brasil sempre houve uma diferença histórica entre os trabalhadores CLT, carteira assinada, com certos direitos (mesmo que ganhassem pouco) e o “subproletariado”, que seria uma massa de um brasil excluído, baseado no trabalho informal e na subsistência (que é muita gente no país).

Florestam Fernades: A integração da sociedade é totalmente imperfeita no brasil. Proletariado organizado com direitos e um subproletariado não integrado que está fora.

André Singer: Quando o PT surge, ele não se apoia no brasil excluído (não é sua grande base de apoio). Sua base eleitoral é principalmente trabalhadores formais, sindicalizados, funcionários públicos, uma classe média intelectualizada. O que vai mudar na eleição de 2006 é justamente um amplo apoio dos “subproletariados” para a candidatura do Lula. Esse é o grande significado do fenômeno chamado lulismo que é uma coisa que vai além do que era e continuou sendo o PT.  O subproletariado ele tendia ao conservadorismo, pois as formas de vida dificultavam e impediam o acesso as formas de auto-organização coletiva e social, sempre fazendo com eles votassem na direita. Por isso, tradicionalmente no país, esse brasil excluído votava na direita, porque apoiavam as elites nacionais e locais. O subproletariado tendia a ser um pouco mais receoso em relação a inflação a greves, que foram uma marca do PT nos anos 80 e 90, por exemplo, já que sofriam mais com a inflação, e apoiaram o Fernando Henrique duas vezes (com medo da volta da inflação). Sendo assim, a novidade do lulismo é justamente a mudança de que os subproletariados passaram a votar num político da esquerda.

No texto de Perry Anderson, ele cita que o brasil na era Lula parecia estar se encaminhando para a ideia de um país de classe média, de certa forma, tentando replicar o sonho americano tal qual proposto pelo presidente Roosevelt, uma nação próspera de classe média.

Para Singer, o brasil do Lula é um país que não tem uma polarização social exacerbada. Não há mudanças estruturais muito profundas. Por exemplo, há melhorias na distribuição de renda, mas não muda a estrutura de propriedade; não há reforma agrária, os ricos continuam ganhando muito e tendo poder político econômico. Não há uma polarização social no sentido de transformações de ruptura. Mas existe um outro tipo de polarização social que não vem de grandes disputas econômicas, transformadoras, mas a tensão social surge em outras esferas da vida brasileira: a questão da identidade, do status, da posição do individuo na sociedade. A parcela mais pobre da população passa adquirir certos bens de consumo que antes era inacessíveis, viajar de avião. O subproletariado já não aceita mais ganhar tão pouco, há uma melhoria mesmo no trabalho informal. Isso tudo acaba gerando um confronto ideológico de identidade simbólico com a classe média tradicional no brasil. A classe média que já era mais rica antes, mais opulenta, passa a ver com estranhamento ou com repulsa a ascensão dos de baixo, como se eles estivessem questionando o monopólio dos privilégios ou aquilo que conhecido como ‘capital cultural’ que a classe média acreditava ter como a raiz de uma suposta superioridade social. É essa a tensão e o conflito trazido pelo lulismo: não são rupturas na ordem política, econômica ou social , mas elas são importantes como um tipo de revolução ou novidade na vida brasileira. A integração do país excluído e a tensionamento que isso vai gerar para a classe média alta já estabelecida no país há muito tempo. Como ela iria justificar a partir disso a posição supostamente superior, e em uma sociedade como a nossa do consumo massificado como forma de status.

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