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ESPIRAL GRILLED

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Por:   •  8/6/2014  •  Tese  •  5.540 Palavras (23 Páginas)  •  325 Visualizações

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A ESPIRAL HERMENÊUTICA

A palavra “hermenêutica” deriva do vocábulo grego que significa “interpretar”. A definição tradicional da palavra é “ciência que define os princípios ou métodos para a interpretação do significado dado por um autor específico”. De preferência, hermenêutica é o termo geral, ao passo que exegese e “contextualização” (a comunicação transcultural do significado de um texto para hoje) são dois aspectos de uma tarefa mais ampla.

A hermenêutica é uma ciência, uma vez que faz uma classificação lógica e ordenada das leis da interpretação, procurando reformular as “leis” da interpretação sob a luz da enorme quantidade de dados de disciplinas correlatas, tais como a linguística ou a crítica literária. Contudo a mais importante perspectiva é a de que a hermenêutica, quando utilizada para interpretação das Escrituras, é um ato de caráter espiritual realizado na dependência da direção do Espírito Santo, considerando o aspecto sagrado quase um gênero literário.

É a interpretação bíblica gera uma “espiral” que vai do texto ao contexto, do significado original à contextualização ou significação para a igreja de hoje. O significado pretendido pelo autor sagrado é o ponto de partida fundamental, mas não um alvo em si mesmo. O exercício da hermenêutica deve iniciar com a exegese, mas não termina antes que se chegue à contextualização do significado para hoje. Além disso, pregadores ou professores devem anunciar a Palavra de Deus em vez de suas opiniões religiosas repletas de subjetividade. Só uma hermenêutica bem definida pode manter alguém atrelado ao texto

A Bíblia é inspirada por Deus, foi escrita em linguagem humana e dentro dos limites impostos por culturas igualmente humanas A Bíblia não ultrapassa barreiras culturais para comunicar seu significado. Acima de tudo, pelo próprio fato de que os estudiosos divergem tanto quando interpretam a mesma passagem, sabemos que Deus não revela por milagre o significado das passagens quando são lidas. As verdades do evangelho são simples, mas a tarefa de desvendar o significado original de textos específicos é complexa e exige trabalho árduo.

A HERMENÊUTICA E O SIGNIFICADO PRETENDIDO

Críticos modernos negam cada vez mais a verdadeira possibilidade de descobrir o significado original ou pretendido de um texto. O problema é que os autores originais tinham em mente um significado definido quando escreveram, significado que se perdeu para nós, pois os autores não estão mais aqui para esclarecer e explicar o que escreveram.

O leitor moderno não pode estudar o texto a partir da perspectiva do passado, mas sempre lê a passagem a partir de perspectivas modernas. Por esse motivo, afirmam os críticos, é impossível fazer uma interpretação objetiva, pois o significado pretendido pelo autor está perdido para sempre. São elas que produzem o significado. Entretanto, o próprio processo interpretativo fundamenta a descoberta do significado original pretendido pelo texto bíblico. Os apêndices discutem a resposta teórica, ao passo que o livro, como um todo, procura apresentar a solução prática para o dilema.

A INTERPRETAÇÃO E O PROBLEM A DA DISTÂ NCIA

A distância entre nossas culturas constitui uma enorme barreira à clareza na comunicação. Agora multiplique isso por dois mil anos e acrescente uma cultura que deixou de existir em 70 d.C., quando o judaísmo do segundo templo foi destruído e teve de se reerguer sozinho.

Paul Ricoeur fala sobre a distância abismal que existe entre as pessoas da Bíblia e nós. William Klein, Craig Blomberg e Robert Hubbard (1993:12-16) propõem quatro áreas de distância: o tempo (tanto no registro das histórias [os escritores dos evangelhos tiveram de usar muitas fontes, Lc 1.1 -4] quanto das palavras e expressões utilizadas); a cultura (usos e costumes enigmáticos para nós), a geografia (nações e cidades sobre as quais temos pouco ou nenhum conhecimento); e, finalmente, a língua (a língua hebraica passou por transformações no período do Antigo Testamento, e tanto Esdras como Daniel usaram o aramaico em partes de seus livros; o grego do Novo Testamento deu origem a diferentes traduções para as mesmas passagens). Mas esses obstáculos não são insuperáveis, o problema é que não temos condições de descobrir as respostas de forma indutiva, mas temos de usar as melhores fontes que temos para explicar esses aspectos.

Hoje, o grande problema do estudo da Bíblia é que achamos que isso deve ser mais simples do que outras coisas que fazemos. Achamos que a Bíblia é o único material que não precisamos estudar. A questão gira em tomo de quais são as nossas prioridade, qual importância as coisas devem ter para que sejam dignas de merecer nosso tempo e dinheiro?

INSPIRAÇÃO E AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

A Bíblia tem um inerente senso de autoridade que se vê no constante uso da expressão “diz o Senhor” , no Antigo Testamento, e na aura de uma autoridade apostólica divinamente conferida no Novo Testamento (cf. Grudem 1983:19-59). De acordo com o nível, a autoridade diminui à medida que passamos do texto para a interpretação e depois para a contextualização; portanto, precisamos fazer o caminho inverso e garantir que nossa contextualização se aproxime o tanto quanto possível de nossa interpretação, e que esta, por sua vez, possa ser coerente com o significado original pretendido pelo texto/autor. O único meio de conferir genuína autoridade à nossa pregação e à vida cristã diária é lançar mão da hermenêutica, para assim unir o máximo possível nossa aplicação à nossa interpretação e garantir que a interpretação, por sua vez, esteja em harmonia com a essência do texto.

O SIGNIFICADO DEPENDE DO GÊNERO DO TEXTO

O gênero ou tipo de literatura em que se encontra determinada passagem fornece “as regras dos jogos de linguagem” (Wittgenstein), ou seja, os princípios hermenêuticos pelos quais se interpreta o texto. É óbvio que não interpretamos ficção da mesma forma que interpretamos poesia. E ninguém procuraria nos textos de sabedoria da Bíblia a mesma estrutura dos trechos proféticos.

Todos os escritores expressam sua mensagem dentro de um determinado gênero, para que os leitores tenham regras suficientes pelas quais possam decodificá-la.

SIMPLICIDADE E CLAREZA DAS ESCRITURAS

Desde os últimos anos do período patrístico com sua regula fidei (“regra de fé”), a igreja tem lutado com a “perspicuidade

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