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Economia Comportalmental

Por:   •  21/8/2017  •  Ensaio  •  6.670 Palavras (27 Páginas)  •  313 Visualizações

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Economia Comportamental: O processo de tomada de decisão limitadamente racional

Como visto anteriormente, quando se trata de tomar decisões, acredita-se que os agentes econômicos estão no comando e assim fazem escolhas racionais. Mas, nem sempre isso pode ser a realidade.

Mas nada que é humano é tão simples. Podemos achar que nosso comportamento é puramente racional, mas raramente é o caso. Vinte anos de estudo de duas disciplinas muito distintas neurociência e Economia Comportamental deixaram bem claro que tomamos decisões com base numa mistura complicada de emoção e razão. Aliás, estudos recentes sugerem que a emoção pode desempenhar um papel maior do que a analise (ARIELY, 2008b, p. 8).

Segundo Bernstein (1997, p. 271), são duas as principais deficiências humanas:

Primeira, a emoção muitas vezes destrói o autocontrole que é essencial à tomada racional de decisões. Segunda, as pessoas muitas vezes não conseguem entender plenamente com que estão lidando. Elas experimentam o que os psicólogos denominam dificuldades cognitivas.

Para Ferreira (2008, p. 66) “a Economia Comportamental tem origem na insatisfação de economistas com as explicações oferecidas por sua própria disciplina para os comportamentos econômicos observados na pratica”.

O campo da Economia Comportamental é devotado ao estudo de como os consumidores realmente fazem suas escolhas. Nesse campo, empregam-se alguns insights[1] psicológicos para desenvolver previsões sobre as escolhas que serão feitas. Muitas dessas previsões contradizem as do modelo econômico convencional dos consumidores racionais (VARIAN 2006).

Diante disso, aspectos emocionais e simplificações durante a tomada de decisão acarretam na racionalidade limitada dos agentes, logo, distorções no mercado.

Assim, de acordo com Ariely (2008a) a capacidade de raciocínio humana tem defeitos provocados por forças invisíveis – emoções, relatividade, expectativas, apego, normas sociais – que induzem a fazer escolhas irracionais.   Forças estas que os economistas tradicionais desconsideraram em seus estudos e que os economistas comportamentais chamam de anomalias.

Ao contrário dos economistas neoclássicos, que desprezam estas anomalias, os comportamentais fazem delas seu objeto de estudo privilegiado.

3.1 Conceito de economia comportamental

A economia comportamental estuda o comportamento e processo de tomada de decisão dos agente de forma mais realista.

Os agentes econômicos decidem com base em hábitos, experiência pessoal e regras práticas simplificadas. Aceitam soluções apenas satisfatórias, buscam rapidez no processo decisório, tem dificuldade em equilibrar interesses de curto e longo prazo e são fortemente influenciadas por fatores emocionais e pelo comportamentos dos outros. Os economistas comportamentais buscam entender e modelar as decisões individuais e dos mercados a partir dessa visão alternativa a respeito das pessoas. Influências psicológicas, emocionais, conscientes e inconscientes que afetam o ser humano em suas escolhas, são tentativamente incorporadas aos modelos (THALER E SUNSTEIN, 2009).

Dessa forma, Thaler e Sunstein (2009), observaram que os economistas erravam ao prever as suas escolhas, pois não consideravam adequadamente o comportamento dos consumidores no mercado.

Para Camerer e Loewenstein (2004) a economia comportamental não tem o intuito de negar a teoria Neoclássica, mas sim, complementar sua teoria tentando demonstrar a existência de anomalias, entendidas como pressupostos não condizentes com a realidade, assim podem produzir resultados mais satisfatórios para a análise econômica.

A Economia Comportamental é entendida como uma tentativa de modificar determinados pressupostos da teoria econômica neoclássica, tornando as predições do modelo construídos mais adequadas e condizentes com a realidade que oberva no ambiente estudado (FERREIRA, 2012).

Conforme Simon (1955), a economia comportamental foi disseminada como um compromisso de testar empiricamente os pressupostos neoclássicos do comportamento humano e de complementar a teoria econômica com base no que fosse descoberto nesses experimentos.

Então, de acordo com Ferreira (2012, p. 20 e 21):

A proposta é que, a partir do momento em que se afasta um pressuposto da teoria neoclássica por representar uma anomalia, o modelo construído por meio da Economia Comportamental possa ser aplicado como padrão. Em suma, a Economia Comportamental é fruto da junção de conhecimentos da Psicologia e da Economia, a fim de conferir aos modelos econômicos uma maior conformidade com a realidade, sem abandonar os critérios de generalidade e de tratabilidade, que são fundamentais a qualquer teoria econômica.

Para Ferreira (2012, p. 24) “a economia comportamental surge como resposta à constatação de que a teoria econômica muitas vezes falha na previsão adequada do comportamento humano”.

Dessa forma, segundo Ferreira (2008) a economia comportamental se propõem a estudar as anomalias da teoria neoclássica, reunindo o maior número de dados a fim de verificar as teorias elaboradas ou construir novas e assim controlar e prever o comportamento econômico, não através de modelos, mas, sim, a partir do conhecimento sobre os fenômenos conforme identificados na realidade.

3.2 A Racionalidade limitada e a ideia de satisficing de Herbert Simon

Em 1955, Hebert Simon desenvolveu em sua obra A behavioral model of rational choice[2], o conceito de racionalidade limitada e aplicou-o em seus estudos acerca do comportamento humano.

Segundo Fiori (2005) o conceito de racionalidade limitada de Simon denota toda a classe de limites do conhecimento e da capacidade computacional ilimitada dos homens que impedem que os agentes no mundo real ajam de acordo com o que a teoria neoclássica postulou.

Assim, Simon (1955, p.99) descreve o homem econômico postulado pela teoria neoclássica:

Supõe-se que esse homem econômico tenha conhecimento dos aspectos relevantes ao seu ambiente, não sendo absolutamente completo, é ao menos notavelmente claro e volumoso.  Supõe-se ainda que ele tenha um sistema bem organizado e estável de preferências e uma habilidade computacional que lhe permita calcular, para os cursos de ação alternativos disponíveis, qual deles lhe permita atingir o ponto mais alto em sua escala de preferência.

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