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Resenha: O Grande Salto para o Caos, Capítulo III

Por:   •  26/7/2015  •  Resenha  •  1.667 Palavras (7 Páginas)  •  937 Visualizações

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Resenha: O Grande Salto para o Caos, Capítulo III.

TAVARES, Maria da Conceição; ASSIS, José Carlos de. O grande salto para o caos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.

O presente texto é a resenha do terceiro capítulo do livro O Grande Salto para o Caos, de Maria da Conceição Tavares e José Carlos de Assis, publicado no ano de 1985. O capítulo se intitula: Do “Milagre” à megalomania. Nesse capítulo, os autores fazem uma análise da conjuntura econômica brasileira a partir da década de 1970, descrevendo de forma crítica e sob a ótica econômica o caminho tortuoso marcado por inflação, especulação financeira, descontentamento das massas e elites, profundo endividamento externo, crise do petróleo, além do próprio autoritarismo político característico do regime militar implantado na época da ditadura. O capítulo foi dividido em cinco partes, a primeira tem o título de O sonho da grande potência, a segunda A ortodoxia de compromissos, a terceira A exacerbação do endividamento, a quarta Do sonho a realidade e a quinta e última parte A transição para a economia da abertura, que descrevem de forma detalhada todo o período dito acima.

        Na primeira parte os autores falam sobre o período chamado de grande salto para frente do Governo Geisel, sucessor do “milagre” econômico. O projeto almejava a realização do sonho da grande potência, que pressupunha o reagrupamento das forças econômicas dispersas e sua subordinação ao comando unificador do Estado. A disciplina do Estado que controlava a sociedade e a política, se estendia agora ao capital. O projeto, assim como era de se esperar, não rompia o pacto fundamental centralizador e autoritário do Governo Militar, tranquilizando as classes dominantes ao assegurar o compromisso formal com a economia de mercado num ambiente não-conflitivo entre capital e trabalho.

        O eixo central de orientação do “plano salto” eram as ambiciosas metas econômicas do II PND. Que tinha como objetivo, de forma simultânea, a conclusão do ciclo de instalação da indústria pesada, finalizar o processo de internalização da indústria de bens de capital e completar o parque industrial de insumos básicos e de bens intermediários. Além de expandir os serviços de infraestrutura econômica das estatais, visando os setores de energia, transportes e telecomunicações. O Estado nesse contexto, além de fixar diretrizes e objetivos ao capital, pretendia garantir um perfeito equilíbrio entre suas três partes, 1- as estatais, 2- o capital privado nacional e o 3- o capital internacional. O capital industrial, considerado o elemento mais débil, se beneficiou com os setores mais dinâmicos, as indústrias de capital e parte das petroquímicas (como por exemplo, a Petroquisa subsidiária da Petrobrás).  O setor de bens de capital se beneficiou dos vultosos créditos subsidiados do BNDE, alavancados pelas grandes encomendas do setor público. As filiais das multinacionais entraram na onda devido a grande demanda do setor público por equipamentos rodoviários e hidrelétricos. Esse panorama favorável somado ao enorme financiamento externo criava um ambiente otimista com o pensamento de que “havia espaço para todos”.

As agências e bancos internacionais financiadores que se apresentavam como “liberais” e privatistas flexibilizaram seus critérios devido a forte recessão econômica decorrente do primeiro choque do petróleo. A reciclagem dos petrodólares apresentava-se como um problema considerável. Sendo assim, os credores internacionais consideravam o Brasil como um dos poucos mercados com potencial de expansão interna, construindo aqui uma gigantesca máquina de intermediação financeira que “dolarizou” o sistema de crédito interno e atou a política financeira doméstica aos destinos do mercado internacional.

Tavares & Assis falam sobre a dimensão a que chegou o problema, o montante de crédito e dólares tomado pelo país em boa parte não constituía poupança de nenhuma espécie, nem interna, muito menos externa. Esse influxo de capitais externos ajudou no processo de recrudescimento da inflação em meados de 1973, devido ao alinhamento dos preços internos aos externos que estavam em alta no mercado, situação inevitável numa economia internacionalizada. A ciranda da subida de preços afetou primeiro os preços agrícolas internos, desembocando no mecanismo de remarcação dos preços industriais para a manutenção das margens de lucros das empresas que ofertam para o consumo de massa. Essa fase se complicou ainda mais em 1974 quando houve uma forte elevação do preço do petróleo e demais matérias-primas estratégicas. No meio dessa ciranda, os mecanismos de realimentação da inflação são sobretudo financeiros, levando as empresas e as famílias a se endividarem para manter o mesmo nível de consumo. Que por sua vez criaram uma demanda adicional de crédito elevando acentuadamente as taxas de juros nos mercados de crédito corrente, resultando em compromissos financeiros cada vez maiores sobre a renda dos agentes econômicos.

A parte ortodoxia de compromissos se detém basicamente da conturbação financeira pós-74 sobre o comando do General Geisel e seu dueto, Mario Henrique Simonsen na Fazenda e João Paulo dos Reis Veloso no Ministério do Planejamento. Lembrando que é o no Ministério da Fazendo que se concentra o controle direto da condução da política econômica, sobretudo de curto prazo, que tende a superar restrições imediatas, como o problema das transações correntes na época.

Simonsen como um acadêmico de convicções ortodoxas, iniciou sua administração movendo-se no sentido de desmontar o aparato heterodoxo e casuístico construído por Delfin Neto. Suas primeiras medidas foram: relaxar o controle do CIP e anunciar a progressiva liberação de preços, repetiu de forma generalizada a inciativa de “verdade tarifária”. Desatou os controles das taxas de juros, com o intuito de acentuar a diferença entre as taxas internas e as internacionais, forçando a captação externa. Descongelou os empréstimos externos retidos no Banco Central, mexendo em quase tudo, menos na política restritiva dos salários. Sobre o sistema bancário, Simonsen fora um crítico convincente, condenava a estrutura permissiva do sistema financeiro brasileiro, onde o governo se tornava um bancador de última instância das aplicações do público em geral, independentemente da idoneidade dos intermediários e do caráter especulativo da aplicação.

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