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ÉTICA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE

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Por:   •  28/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  2.289 Palavras (10 Páginas)  •  283 Visualizações

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ÉTICA, SAUDE E AMBIENTE

Roseclér Machado Gabardo

Thiago Rocha da Cunha

Cátedra UNESCO de Bioética – Universidade de Brasília – Faculdade de Ciências da Saúde.

Resumo

Em nome do desenvolvimento econômico muitas atrocidades vêm sendo cometidas contra o meio ambiente. Constata-se que este acelerado desenvolvimento tem enriquecido um pequeno grupo de privilegiados, enquanto milhares de pessoas são abandonados a condições precárias de sobrevivência. Este processo leva à diminuição da qualidade de vida e à fragilização da saúde das populações mais vulneráveis. Frente a isso, há uma integração entre os saberes das Ciências Humanas e dos setores da saúde, como a Saúde Coletiva, que protagoniza papel decisivo na luta para contemplar os determinantes subjetivos, sociais, culturais e ambientais no processo de saúde/doença. O modelo vigente de desenvolvimento econômico, o acelerado avanço científico e a depredação do meio ambiente, são fatores relevantes para o entendimento e garantia da qualidade de vida das pessoas da atual geração e das gerações futuras. Além disso, o crescente reconhecimento de novos graus de complexidade e incertezas dos riscos tecnológicos modernos vem agregando o princípio da prevenção ao princípio da precaução, que se posiciona defensivamente diante de riscos ainda não identificados. Entende-se, com isso, que a relação dialógica da tríade ética-saúde-ambiente pode proporcionar a prática de uma “cidadania ambiental”, levando à relações de harmonia e respeito entre os homens e a natureza..

Introdução

Sob a bandeira do desenvolvimento, muitas atrocidades vêm sendo cometidas contra o meio ambiente. A própria denominação países desenvolvidos e em desenvolvimento sugere que todos devem chegar ao mesmo nível de “desenvolvimento”, ocasionando uma corrida desenfreada para alcançá-lo. Além disso, os já denominados desenvolvidos buscam, cada vez mais, atingir um nível ainda maior de desenvolvimento. Em uma primeira análise isto parece positivo, pois remete ao melhoramento das condições de vida das pessoas, porém na realidade não é isto o que observamos. Constata-se que, ao mesmo tempo em que este acelerado desenvolvimento econômico enriquece um pequeno grupo, deixa pra traz milhares de pessoas em condições precárias de sobrevivência. Em relação ao Brasil, Prata (1994) analisa a desigualdade relacionando desenvolvimento e justiça social. Segundo o autor, a ênfase no crescimento econômico como o maior objetivo do desenvolvimento levando aos altos níveis de industrialização e urbanização teve como resultado uma sociedade profundamente desigual, com uma grande distância entre os que possuem e os despossuídos.

Em nome do desenvolvimento se dá o uso e abuso das reservas naturais. A fim de satisfazer suas “necessidades” o homem dominado pelo antropocentrismo se utilizou de forma predatória do meio ambiente, sem considerar possíveis prejuízos. Por muito tempo foi cultivada a idéia de que o ecossistema seria capaz de assimilar todos os processos de dominação do homem sobre a natureza.

A questão ambiental inicialmente se restringia aos movimentos ambientalistas, atualmente ela se estende aos mais diversos segmentos da sociedade. O principal motivo da preocupação com a preservação da natureza deve-se à crise sócio-ambiental sem

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precedentes que atinge o planeta (Waldman, 2003). Além disso, os riscos provenientes da depredação ambiental estão ficando cada vez mais evidentes como, por exemplo, os problemas de saúde decorrentes do desequilíbrio do ecossistema.

Saúde e ambiente

A atual discussão sobre o conceito de saúde remete ao tema da sustentabilidade ambiental. Conforme Minayo (2002), já na metade do século XIX o conceito de saúde era articulado com a questão social, com a problemática do saneamento básico e com a formulação de políticas, porém a chamada revolução bacteriana, que trouxe grandes benefícios para a humanidade, provocou um retrocesso no pensamento da medicina social. As descobertas das doenças e de meios de imunização levaram a pensar que todas as enfermidades poderiam ser erradicadas. A partir da Segunda Guerra Mundial retoma-se o pensamento social sobre a saúde. Neste sentido, afirma Sawaia (2003) as Ciências Humanas e setores da saúde como a Saúde Coletiva, têm papel decisivo na denúncia do sentido exclusivamente biológico e da necessidade de tirar a saúde de estado da natureza e inseri-la como uma questão subjetiva, social e cultural. Conforme o autor, atualmente ninguém discorda que pobreza, condições de trabalho, de higiene, de moradia, costumes e práticas de saúde, representação de doença, são fatores intervenientes no processo da saúde e da doença.

Para Freitas e Porto (2006) um dos grandes dilemas da questão ambiental está relacionado à forma de produção científica que tende a subdivisão do conhecimento em especialidades, isolando cada vez mais o objeto de estudo: “as várias disciplinas científicas foram se desenvolvendo por meios de paradigmas que recortam excessivamente a realidade e não se comunicam entre si, formando comunidades

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fechadas de especialistas em torno dos paradigmas hegemônicos, sendo esta a característica básica da ciência normal” (p. 30). Esta fragmentação do conhecimento dificulta a visão do todo e impede entender o processo saúde-doença como multicausal.

O desenvolvimento científico propicia que o homem se sinta onipotente e pense que conseguirá superar todos os problemas que vão surgindo, porém a realidade se mostra diferente, ou seja, apesar do avanço tecnológico doenças que já haviam sido controladas voltam a atacar (reemergentes) e ainda surgem novas doenças (emergentes), algumas delas ainda incuráveis. Trata-se do paradoxo mencionado por Garrafa (2003), “mantemos um pé no século XIX e o outro no século XXI”, ou seja, ao mesmo tempo em que somos detentores de um alto desenvolvimento tecnológico e científico ainda enfrentamos antigos problemas como a falta de saneamento básico e incapacidade de acabar com doenças como a malária, por exemplo. No subtítulo Desafios do conhecimento: aprendendo a aprender a complexidade ambiental Freitas e Porto (2006) salientam que:

“...na matriz de indicadores de saúde e ambiente que vem sendo proposta pela OMS, os problemas de saúde devem ser compreendidos a partir de uma visão global ou sinóptica: desde as forças motrizes relacionadas ao modelo de desenvolvimento econômico,

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