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As Missões Na História Gaúcha

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Por:   •  7/10/2013  •  2.606 Palavras (11 Páginas)  •  281 Visualizações

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AS MISSÕES NA HISTÓRIA GAÚCHA

As planuras do poncho verde da soja, em pleno planalto rio-grandense, outrora foram terras cobertas por ervais, habitadas por índios guaranis, aculturados por padres jesuítas espanhóis, da Companhia de Jesus. Juntos construíram a história das missões.

Cerca de 2.000 (dois mil) anos atrás, chegaram, ao Sul, os índios guaranis, provenientes das matas quentes e úmidas da Amazônia. Queriam eles garantir caça, pesca, terra fértil junto aos rios Paraná, Uruguai e Jacuí.

Integrados à natureza, homens e mulheres dividiam as tarefas. Os homens faziam armas, protegiam o grupo, caçavam, pescavam, guerreavam e preparavam a terra para as plantações. As mulheres cuidavam do lar, da educação dos filhos pequenos, fabricavam utensílios de cerâmica, plantavam e colhiam.

Eram eles os donos das clareiras, vivendo em aldeias formadas por ocas, estruturas de madeira e cobertas de fibras vegetais, tipo benditos. O seu interior abrigava todos os parentes, era a "grande família". O mais forte e generoso entre os chefes da família era escolhido para ser o Tubichá, o cacique. O Tubichá era muito respeitado e democrático. Suas decisões eram embaseadas na opinião dos mais velhos e dos chefes de família reunidos num Conselho. As curas e magias eram ofícios de Caraí, que eram os sacerdotes feiticeiros dos guaranis.

No final do século XV, a ambição dos espanhóis levou-os a descobrirem a América, em 1492. Logo após, na tentativa de reduzir as disputas por terras, portugueses e espanhóis fizeram um acordo, concebido como se a terra fosse tábua de mesa. Foi o Tratado de Tordesilhas, que dividia a América em duas grandes porções. Nessa época, ninguém sabia da existência do Brasil, mas, em conseqüência, nossas terras ficaram divididas. Grande parte do Brasil atual pertencia à Espanha, inclusive as terras do Rio Grande do Sul, o que só foi confirmado anos após, com a chegada dos portugueses em 1500.

Na Europa, a Igreja Católica exercia grandes influências. A fim de combatê-la, surgiu então a REFORMA RELIGIOSA. A igreja reagiu e criou a CONTRA-REFORMA, promovendo mudanças, através da criação de novas congregações religiosas. Dentre elas, a Companhia de Jesus, em 1540, fundada por Inácio de Loyola. Com sua organização rígida, com disciplina quase militar, a Companhia forneceu catequizadores (padres jesuítas) para fortalecerem a presença da igreja Católica e contribuir na ampliação do Império Colonial.

As primeiras visitas para converterem os índios foram chamadas de Missões, um tipo de catequese, que não trouxe os resultados esperados pelos padres jesuítas, pois os índios voltavam logo aos costumes da vida guarani.

O governo espanhol precisava garantir a posse dos territórios conquistados e defender as fronteiras já estabelecidas, além de controlar a cobrança dos impostos. Foi por tais motivos que os espanhóis organizaram as reduções, em locais definidos para controle, defesa e catequização. A partir das reduções, os padres passaram a ter mais recursos para defender os índios da ameaça de serem escravizadas pelos bandeirantes paulistas e pelos encomendadores espanhóis.

Em 1607, foi criada a PROVÍNCIA JESUÍTICA do PARAGUAI, que se tornou a maior ação social e cultural de catequização de índios americanos. Os primeiros povoados missioneiros foram fundados pelo jesuíta Antônio Ruiz de Montoya, nas terras férteis do Guairá, território do atual estado do Paraná. Outros jesuítas chegaram ao Itatim, no atual Mato Grosso.

A docilidade dos índios guaranis atraiu a cobiça e a ganância dos aventureiros, que vinham em busca de escravos. Para se protegerem das bandeiras de apresamento de índios, auxiliados e acompanhados pelos jesuítas, os guaranis abandonaram estas regiões e foram se estabelecer no TAPE, terras do atual Rio Grande do Sul.

Em 1626, o Padre Roque Gonzalez fundou a redução de São Nicolau, às margens do rio Piratini. Nos dez anos seguintes, surgiram dezoito novas reduções, dentre elas Assunção do Ijuí, Candelária e Caaró, onde o Padre Roque foi morto, em 1628.

Tanto esforço e logo tudo é reduzido a nada. Os bandeirantes Raposo Tavares (1636), André Fernandes (1637), Fernão Dias Paes (1637/38) e Domingos Cordeiro (1638) chefiaram a agressão indomável dos índios tupis paulistas contra os guaranis, índios infelizes e impotentes no enfrentamento com armas de fogo.

Em 1640, dá-se a RESTAURAÇÃO em Portugal. Os missionários conseguiram autorização do governo espanhol para armarem os índios com arcabuzes para poder se defenderem dos ataques dos bandeirantes. Os índios treinados e comandados pelos irmãos jesuítas derrotaram a Bandeira de Jerônimo Pedroso de Barros, em 1641, na batalha fluvial de M’Bororé. Assim, terminou o ciclo de investidas escravagistas, pois os guerreiros guaranis derrotaram quase dois mil bandeirantes.

Mas as reduções do Tape ficaram arrasadas. Padres e índios mudaram-se para a margem direita do rio Uruguai, deixando o gado, que haviam trazido em 1634, graças a ação dos jesuítas Cristóvão de Mendonça auxiliada pelo Padre Romero. Nas pastagens naturais, o rebanho solto reproduziu-se livremente, dando origem à Vacaria do Mar, atual área da pecuária do RS e da República do Uruguai.

Com a autonomia de Portugal, em 1640, ingleses, franceses, holandeses também foram atraídos pelas riquezas da América. O tráfico de negros para o Brasil foi intensificado. O Rio Grande do Sul despovoado e sem riquezas minerais, não despertava mais ambição dos paulistas. Suas cobiças foram voltadas ao descobrimento de matas e pedras preciosas. Por tais motivos, não houve mais bandeiras a devastar nossa região.

Em 1682, os jesuítas e os índios começaram a retornar à margem esquerda do rio Uruguai, às terras do atual Rio Grande do Sul, fundando os Sete Povos das Missões. Foram eles:

São Francisco de Borja (1682); - pelo Padre Francisco Garcia

São Nicolau (1687);

São Luiz Gonzaga (1687);

São Miguel Arcanjo (1687) foi a capital;

São Lourenço Mártir (1690);

São João Batista (1697); foi fundada pelo músico e arquiteto Padre Antônio Sepp, que por ter sólida instrução de música vocal e instrumental, o que lhe deu grande destaque como

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