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Crise Subprime E A Vulnerabilidade Dos BRICs

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Por:   •  29/11/2013  •  1.458 Palavras (6 Páginas)  •  492 Visualizações

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1 A CRISE SUBPRIME

Inicialmente, é conveniente entender o que é subprime. Subprime é uma categoria de classificação de tomadores de empréstimos em relação ao risco de recebimento dos mesmo, determinada pelos Estados Unidos. Refere-se a trabalhadores sem contrato efetivo de trabalho e, portanto, sem comprovação de renda e que não possuam valores que sirvam de garantia para os empréstimos.

Em linhas gerais pode-se afirmar que a Crise do Subprime Norte-Americana foi uma crise financeira relacionada ao processo de desaceleração do mercado imobiliário americano, bem como sua formação pode ser defina por Singer ao dizer que:

[...] a crise mundial de 2008 teve origem no estouro de uma bolha imobiliária nos Estados Unidos. A bolha foi provocada pela provisão competitiva de crédito a cada vez mais compradores de habitações, gerando uma demanda em contínuo aumento por imóveis, cujos preços não cessaram de subir durante cinco anos. A alta dos preços dos imóveis realimentava a bolha, fazendo que os seus efeitos afetassem o conjunto da economia. Os novos proprietários utilizavam a valorização dos seus patrimônios, que serviam como garantia, para tomar mais empréstimos, originando gastos adicionais que transmitiam a alta a outros setores econômicos. (SINGER, 2009)

1.1 Fundamentação teórica da crise – Keynes e Minsky

Com a frequência que ocorrem crises financeiras na economia mundial, vários estudos são feitos para tentar entender os fatos que desencadeiam tais fenômenos. Segundo Hyman Philip Minsky, economista americano conhecido por seus estudos sobre as crises financeiras e sua ligação com o ciclo econômico, as crises financeiras são eventos recorrentes na economia, e seus estudos sobre o comportamento das firmas, foi adaptado e ampliado para análises em economias abertas e integradas, em que o desestabilizador das mesmas são os balanços de pagamento e o comportamento do setor público.

A atual crise financeira mundial reflete as características do falho desenvolvimento do sistema financeiro internacional, regido por desencadeadas mudanças estruturais a partir da desregulamentação e falta de intermediação financeira ocorridos a partir de 2008; e a respeito de tais fatores argumenta-se sobre os fundamentos do trabalho de Minsky, sobre os alicerces da hipótese da instabilidade financeira – HIF.

Sabe-se que as crises financeiras surgem de causas complexas, e a experiência histórica nos indica que a liberalização dos mercados, especialmente, não acompanhada por uma regulação apropriada, é uma de suas principais causas (D’Arista & Griffith, 2009). Sendo característico do movimento pro-cíclico assinalado por Minksy a acumulação de dívidas, o principal mecanismo que empurra a economia para uma crise, pois possui tendências autodestrutivas.

Minsky faz uma distinção entre três tipos de tomadores de empréstimos, sendo eles os pilares da acumulação de dívidas. O primeiro tipo ele rotula de mutuários hedge, que são aqueles capazes de amortizar todas as parcelas de suas dívidas por meio de seu fluxo de caixa. O segundo tipo são os mutuários especulativos, que são aqueles que conseguem pagar os juros, mas que precisam rolar constantemente sua dívida para conseguir quitar o empréstimo original. Finalmente, o terceiro grupo de mutuários é rotulado por Minsky de mutuários Ponzi; esses não são capazes de pagar nem os juros e nem o principal. Tais mutuários dependem da apreciação do valor de seus ativos para poderem refinanciar suas dívidas. De acordo com o autor, a estrutura financeira de uma economia capitalista vai se tornando cada vez mais frágil durante o período de prosperidade. Ou seja, quanto maior o período de prosperidade, mais frágil torna-se o sistema. Minsky argumentou que em particular, durante um prolongado período de bons tempos, as economias capitalistas tendem a sair de uma estrutura dominada por unidades financeiras hedge e ir para uma estrutura na qual há uma grande predominância de unidades envolvidas em finanças Ponzi e especulativas. Minsky (1993) desenvolve sua principal teoria, a Hipótese da Instabilidade Financeira, baseada em alguns preceitos que resumem sua tese, onde ele afirma que “uma economia capitalista que opere sem restrições e que possua um sistema financeiro sofisticado, complexo e em contínua evolução apresente períodos de estabilidade e períodos de comportamento turbulento e até mesmo caótico”, assim condenada a economia capitalista à momentos de recessão periódicos, sendo esse processo cíclico próprio do sistema.

Dentre as situações de turbulência e períodos de crise, Minsky (1993) ainda afirma que há algumas formas para que esta se concretize no cenário econômico, podendo assumir “a forma de bolhas especulativas ou profundas deflações de débitos inter-relacionados ”, e segue-se ainda de uma segunda fase que devido às limitações nas margens de segurança e ao relaxamento quanto ao fluxo financeiro, as empresas passam a não cumprir os acordos com seus credores; gerando dívidas as quais não conseguem pagar.

A partir dos anos 1980, o fortalecimento do crédito bancário como fundamento para o sistema financeiro veio acompanhado de uma desenfreada desregulamentação do setor, e a acessibilidade individual de recursos via títulos tornou esta forma de financiamento frágil e instável devido ao poder ‘dado’ às instituições financeiras e aos próprios agentes de assumirem operações de tomada de juros mais hostis e os riscos intrínsecos ao desenvolvimento do sistema.

Tais turbulências são impulsionadas pela individualidade dos agentes financeiros, sejam eles operacionais (famílias e empresas) ou financeiras (bancos), que a longo prazo na busca incessante por lucros sobrevalorizam e especulam dívidas e títulos, assim como subestimam os riscos; tal instabilidade dos preços varia do mercado financeiro para o mercado real,

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