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Mercado Financeiro

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Por:   •  14/4/2014  •  9.626 Palavras (39 Páginas)  •  469 Visualizações

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Faculdade de Ciências Econômicas - FCE

Departamento de Ciências Econômicas

Disciplina de Economia Monetária I – ECO 02002

2008 - Textos Selecionados, Resumidos e Adaptados

5 O Sistema Financeiro Nacional

5.1 A Evoluçäo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até 1964/65

5.2 As Reformas de 1964-65 e a Evolução Posterior do SFN

5.3 Os Órgãos Normativos do SFN

5.4 As Entidades Supervisoras do SFN

5.5 Alguns Operadores do SFN

5.6 O Plano Real e o Ajuste do Sistema Financeiro Nacional

5.7 Os Bancos Comerciais no Rio Grande do Sul

5 O Sistema Financeiro Nacional

Sistemas financeiros são definidos pelo conjunto de mercados financeiros existentes numa dada economia, pelas instituições financeiras participantes e suas inter-relações e pelas regras de participação e intervenção do poder público nesta atividade. Uma conceituação mais abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituições dedicado ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro, onde se processam essas transações, permite que um agente econômico (um indivíduo ou uma empresa, por exempo), sem perspectivas de aplicação em algum empreendimento próprio, da poupança que é capaz de gerar (denominado agente econômico superavitário), seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superem as respectivas disponibilidades de poupança (denominado agente econômico deficitário).

Para que possamos entender por que sistemas financeiros são organizados de forma tão diferenciada nos diversos países, as qualidades e limitações de cada tipo de sistema financeiro, e sua evolução, é preciso conhecer as razões materiais que levaram à criação de cada tipo de sistema, mas também, e principalmente, sua história e a da sociedade em que se insere.

Com este propósito, seguem-se alguns tópicos sobre a formação do Sistema Financeiro Nacional, a sua evolução recente e a sua estrutura atual.

5.1 A Evoluçäo do Sistema Financeiro Nacional (SFN) até 1964/65

5.1.1 Do Império aos Primeiros Anos da República

O surgimento da intermediaçäo financeira no Brasil coincide com o término do período colonial, no decurso do qual prevaleceram idéias e procedimentos de política econômica mercantilista, que bloqueavam quaisquer iniciativas que promovessem o desenvolvimento da colônia, conforme os interesses da Coroa portuguesa. As grandes companhias de comércio dominavam o cenário econômico do Brasil colonial, exercendo grande influência, não só na distribuição como no próprio financiamento da produção interna.

Com a transferência da família real para o Brasil, em 1808, criaram-se as pré-condiçöes necessárias para o surgimento da intermediaçäo financeira no país, mediante a constituição de bancos comerciais. Com a abertura dos portos, com a celebração de novos acordos comerciais e com a articulação de relações econômicas e financeiras com a Europa, as colônias africanas e asiáticas e diversos países sul-americanos, tornou-se necessária a implantação de um mercado financeiro capaz de dar assistência às atividades de importação e exportação.

Estabelecidas estas pré-condições, foi então criada, em outubro de 1808, a primeira instituiçäo financeira do país, o Banco do Brasil, cujas operaçöes seriam iniciadas só um ano depois, em 1809, devido, principalmente, às dificuldades de subscrição do capital mínimo requerido para o início de suas atividades. As operaçöes permitidas abrangiam, privilegiadamente, o desconto de letras de câmbio, o depósito de metais preciosos, papel-moeda e diamantes, a emissäo de notas bancárias, a captaçäo de depósitos a prazo, o monopólio da venda de diamantes, pau-brasil e marfim e o direito exclusivo das operaçöes financeiras do governo.

Devido ao fraco desempenho da economia de exportação no início do Império e ainda ao fato do Banco do Brasil converter-se em fornecedor de recursos não lastreados para o governo, a continuidade de suas operaçöes tornou-se insustentável com a volta de Dom Joäo VI a Portugal em 1821. Esse monarca teria recambiado para Portugal boa parte do lastro metálico depositado no banco, com o que se enfraqueceu a já abalada confiança nessa primeira instituição financeira no país. Oito anos depois, em 1829, após insustentável período crítico, seria autorizada a liquidaçäo do primeiro Banco do Brasil, cujas operaçöes se encerraram definitivamente em 1835, a despeito das muitas tentativas empreendidas para evitar sua extinçäo.

Em vez de cumprir funções básicas de intermediação para o crescimento das atividades produtivas internas, este banco converteu-se em fornecedor de recursos para pagar as despesas governamentais, basicamente decorrentes das compensaçöes devidas a Portugal em funçäo do reconhecimento da independência do Brasil, das despesas militares com a guerra no sul do país (anexação da Província Cisplatina) e dos gastos com a criaçäo de um exército e de uma marinha de guerra (Lopes & Rossetti, p.308).

Em 1833, foi aprovada a criaçäo de um segundo Banco do Brasil. Mas, em virtude dos traumas decorrentes do insucesso da experiência pioneira, näo se conseguiu a subscriçäo do capital mínimo exigido para sua instalaçäo.

Em 1836 foi estabelecido o primeiro banco comercial privado do país, o Banco do Ceará, que, entretanto, encerrou suas atividades em 1839, basicamente em função da concessäo de créditos a longo prazo, sem que houvesse captaçöes de recursos também resgatáveis a longo prazo.

Havia, entretanto, condiçöes para que se implantassem no país atividades de intermediaçäo financeira, sobretudo se ligadas ao setor cafeeiro e aos projetos financeiramente viáveis no setor de infra-estrutura econômica. Assim, em 1838, um grupo privado criou e estabeleceu o Banco Comercial do Rio de Janeiro. A solidez e o crescimento dessa instituição ensejaram o surgimento, em outras praças, de outras instituições congêneres, como o Banco da Bahia (1845), o Banco do Maranhão (1847) e o Banco de Pernanbuco (1851).

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