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O Negocio

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Por:   •  24/3/2015  •  1.535 Palavras (7 Páginas)  •  195 Visualizações

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O negocio

Vários estudos já foram publicados sobre os motivos pelos quais as empresas não conseguem dar continuidade a suas operações e acabam por fechar as portas. A maioria desses estudos não só é inconclusiva, como também não consegue chegar a um denominador comum.

Para fazer uma análise mais detalhada sobre esse tema, que sempre desperta interesse em qualquer lugar do mundo, dadas as altas taxas de mortalidade de pequenas e médias empresas (eu mesmo já publiquei um estudo acadêmico com professores do Insper em 2011), vamos nos concentrar, em primeiro lugar, nas empresas nascentes, com menos de três anos de vida. Os motivos que levam empresas já estáveis ao fracasso são diferentes dos motivos das empresas nascentes. O grau de incerteza de empresas estabelecidas é bem menor, e os motivos giram em torno de mudanças que acontecem no ambiente externo e geram instabilidade nos mercados. Há também empresas que tomam a decisão de crescer sem estarem preparadas para isso e, como já disse, colocar uma empresa de pé exige competências diferentes das necessárias para fazer crescer um negócio já estabelecido.

Outra coisa que precisamos esclarecer é o que chamamos de fracasso. Uma empresa pode ser descontinuada por diversos motivos – nem digo fechar, porque vender uma empresa como forma de sair de um grande buraco é um fracasso do empreendedor, mas não necessariamente da empresa. Vamos considerar fracasso a necessidade de se desfazer do negócio (venda ou encerramento das operações) sem que esse seja o desejo do empreendedor. Ele pode ter decidido fechar o negócio porque queria fazer outras coisas na vida e não conseguiu comprador – ou seja, ele teria a opção de continuar e até ser bem-sucedido, mas não quis. Isso não é fracasso, embora seja uma descontinuidade do negócio.

Vamos agora ao ponto-chave dessa discussão. Muitos estudos perguntam ao ex-empreendedor por que ele fechou a empresa. Tirando o fato de que o orgulho pessoal pode ser um fator que distorce a espontaneidade e a transparência de sua resposta, muitas vezes nem ele próprio sabe o real motivo do fracasso. Veja bem: a maioria dos estudos indica a falta de capital de giro como causa. Claro que nenhuma empresa funciona sem dinheiro, mas essa é uma consequência de outra causa. Poucos vão a fundo para descobrir a causa verdadeira. Por que faltou dinheiro? Porque não conseguiu vender. E por que não conseguiu vender? Os clientes não vieram. Por que os clientes não vieram? Bem, agora sim, podemos vislumbrar algum motivo real. Por que a empresa perdeu mercado? Qual foi a causa genuína?

A entrada de um concorrente maior e mais forte é um dos motivos mais citados. Outros, como fatores macroeconômicos, mudanças nas taxas de juros, variações cambiais, mudanças na legislação, alterações no comportamento do consumidor etc., têm em comum serem fatores externos à empresa. Esses não são os verdadeiros motivos, porque, se assim fosse, outras empresas do mesmo setor quebrariam na mesma época. Embora isso possa acontecer de vez em quando, como fenômeno econômico típico e até necessário para que um setor se estabilize e se consolide, não justifica o fracasso de UMA empresa. Não caia na armadilha de jogar a culpa em elementos fora do seu controle. Se você caiu onde outros, sob as mesmas ameaças, sobreviveram, existia mais alguma coisa errada na sua empresa. Não tampe o sol com a peneira e procure os fatos reais.

Agora deixe-me esclarecer uma coisa muito importante. Empresas nascentes atuam em regime de alta incerteza. No primeiro ano, tudo é um grande aprendizado – o mercado, as operações, a legislação, as pessoas. Tudo, a rigor, é motivo para não dar certo. O fracasso nessa fase não só é comum como eu arriscaria dizer até que é esperado, e representa um importante aprendizado no processo de empreender. Na maior parte das vezes, os erros não são, ou não deveriam ser, tão grandes a ponto de afundar uma empresa. Quando o empreendedor quer reduzir o risco, e já que não consegue reduzir toda a incerteza, acaba preferindo frear o impacto, ou seja, o tamanho do investimento (financeiro ou não) numa determinada ação.

Isso posto, vamos nos ater a erros recorrentes – aqueles que o empreendedor já cometeu uma vez, mas, por diversos motivos, comete de novo. Alguns chamam de burrice, outros de teimosia – há até quem chame isso de perseverança, como se fosse uma qualidade e não um defeito. Bem, esses são os piores. Eu não vou citar os erros em si, pois não caberiam todos aqui. Em vez disso, prefiro descrever as cinco limitações que levam a eles:

Incapacidade de perceber. O empreendedor fica tão focado naquilo em que acredita ou em executar o plano traçado que se torna cego e surdo ao que acontece à sua volta, recusando-se a enxergar fatos e evidências que estão na frente do seu nariz e que podem dar outro rumo ao negócio. Se isso levasse apenas à perda de oportunidades, o problema seria menor, mas o empreendedor deixa de ver ameaças que vão comprometer a qualidade de suas decisões. Se ele não percebe, como corrigir? Na verdade, tem muita coisa que ele percebe, mas não quer incorporar, não quer acreditar, não aceita porque contraria seus paradigmas estabelecidos. Orgulho e amor próprio são as causas desse mal.

Incapacidade de admitir seus erros. Por ser visto como líder, por cultivar uma forte autoimagem e por acreditar que as pessoas o respeitam porque ele deve saber o que está fazendo, o empreendedor tem muita dificuldade em admitir quando tomou uma decisão errada. E ele faz isso o tempo todo, por causa dos pressupostos que assumiu em ambiente de incerteza. Isso é normal e faz parte do desenvolvimento do

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