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A Evolução da Economia de Macau

Por:   •  22/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.842 Palavras (16 Páginas)  •  292 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O presente artigo traça brevemente a história econômica de Macau, demonstrando seus momentos de crise e progresso. A região, anteriormente colonizada e administrada por Portugal durante mais de 400 anos, é considerada a última colônia européia no continente asiático. Esta colonização teve início em meados do século XVI, quando navegadores portugueses ocuparam gradualmente o território, gerando prosperidade e originando um importante entreposto comercial entre a China, o Japão e a Europa.

O auge desta antiga colônia ocorreu no final do século XVI e início do século XVII, antes mesmo do reconhecimento oficial chinês perante a soberania portuguesa de Macau, “Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português” em 1887. Entretanto, após inúmeras revoltas e motins por residentes chineses pró-comunistas no território, Portugal renuncia a ocupação perpétua de Macau em 3 de dezembro de 1966. Posteriormente, foi acordado e negociado entre Portugal e a República Popular da China, que Macau voltaria a ser de soberania chinesa no dia 20 de Dezembro de 1999.

Depois desta data, Macau passou a ser oficialmente denominada “Região Administrativa Especial de Macau” (RAEM). A partir de então, Macau atua de maneira subordinada aos princípios do governo da República Popular da China (RPC). Porém, de forma semelhante a Hong Kong, possui um elevado grau de autonomia, limitado no que se refere às suas relações exteriores e à defesa. Ademais, foi garantido a manutenção e preservação do seu sistema econômico-financeiro, até o ano de 2049.

1- A "IDADE DE OURO” DE MACAU E O DECLÍNIO DE PORTUGAL

Foi ao final do século XVI e início do século XVII, durante o período correspondente à dominação espanhola a Portugal, que Macau atingiu sua maior prosperidade econômica. Historiadores destacam o apogeu da “idade de ouro” da região, entre os anos de 1595 a 1602. Nesta época, Macau se tornou uma das maiores e mais movimentadas cidades comerciais do Extremo-Oriente, servindo de entreposto para muitas rotas comerciais portuguesas e espanholas, principalmente para o Japão.

Naquele momento, apesar dos portugueses se encontrarem gradativamente mais dependentes do capital dos grandes mercadores chineses e japoneses, e ao mesmo tempo sofrerem com a ascensão da concorrência holandesa, tinham exclusividade sobre a rota japonesa, uma vez que não era autorizada a entrada de outros navios estrangeiros. Essa rota, principalmente quando os holandeses iniciaram a competição por Goa e Malaca, tornou-se a maior fonte de riqueza para a metrópole. Durante este período de monopólio comercial português no território da China, que a Igreja de São Paulo e várias outras obras arquitetônicas foram construídas, dando um forte toque de esplendor e de grandiosidade para a região.

Porém, a partir dos meados do século XVII, a prosperidade macaense iniciou sua estagnação e consequentemente o declínio, causado por diversos fatores e acontecimentos. Mesmo assim, raramente pedia subsídios a Portugal, e inclusive algumas vezes ajudava financeiramente outras colônias portuguesas do Oriente. Quando Macau tinha problemas financeiros, o que ocorria com certa frequência, pedia empréstimos aos países vizinhos ou aos ricos comerciantes do Extremo-Oriente.

O sistema comercial português começou decrescer, devido à elevada concorrência entre este e os outros sistemas desenvolvidos por outras potências europeias, especialmente a Inglaterra e a Holanda. Estas possuíam grandes e poderosas frotas de navios mercantis e de guerra, atacavam o grande mas enfraquecido Império Português, não apenas ocupando e saqueando as suas colônias e bases comerciais, mas também interceptando muitas das suas rotas comerciais.

As potências emergentes criaram, à custa de Portugal, os seus próprios impérios e asseguraram muitos mercados e rotas comerciais que outrora eram dominados exclusivamente pelos portugueses. Os comerciantes de Macau, com o declínio do sistema comercial da metrópole, tiveram muitas vezes de cooperar com estas novas potências européias, mais concretamente com a Companhia Holandesa das Índias Orientais e com a Companhia Inglesa das Índias Orientais. Esta cooperação gerou por vezes uma certa dependência dos comerciantes macaenses a estes novos mercados ocidentais.

Em 1685, encerra o monopólio português no comércio com a China, o Imperador chinês autoriza o comércio com todos os países estrangeiros na feira anual de Cantão. Determinando o fim da posição privilegiada dos portugueses, como os únicos intermediários no comércio China-Europa. A partir deste ano, Macau deixou de ser o exclusivo entreposto no comércio chinês, alterando-se assim seu papel econômico. Entretanto, os mercadores europeus de outras nacionalidades, passaram também a frequentar temporariamente e a utilizar Macau como intermediário neste lucrativo comércio. Naquela época, os estrangeiros viam-se obrigados a passar grande parte do ano em território macaense, devido a serem proibidos de residir em Cantão.

2- A ASCENSÃO DO COMÉRCIO INTRA-ASIÁTICO

A perda do comércio com o Japão, Manila e outras localidades no fim do século XVII e início do século XVIII, além da supracitada, ascensão dos mercadores holandeses e posteriormente dos ingleses nos mares orientais, impôs que os comerciantes macaenses fizessem inúmeros ajustes nas suas rotas comerciais. Esses, tiveram que apostar muito no comércio intra-asiático, investindo em vários mercados regionais asiáticos, além dos anteriormente aproveitados de Goa e China. Os novos destinos encontrados foram: Macassar, Solor, Flores, Timor, Vietnã, Reino do Sião, Bengala, Calcutá, Banjarmasin e Batávia.

Com o passar do tempo, as diversas e constantes adaptações às mutáveis realidades político-econômicas dos diferentes mercados regionais trouxeram frutos. No século XVIII, o comércio intra-asiático germinou uma nova classe proto-capitalista de empresários em Macau. Esta classe aflorante incluía, essencialmente: os compradores chineses; e os principais comerciantes que se adaptaram as novas práticas, aceitando o elevado risco de navegar nos mares orientais.

Mesmo assim, este comércio intra-asiático nunca foi capaz de regressar a prosperidade anteriormente vivenciada em Macau e proporcionada pelo comércio com o Japão. Muitas vezes, principalmente devido às políticas das autoridades chinesas que eram desfavoráveis aos interesses dos portugueses de Macau, como por exemplo a abertura de certos portos chineses ao comércio internacional,

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