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ANÁLISE DO TEXTO- A TEORIA DE CONHECIMENTO: A IDEIA DE VERDADE

Por:   •  29/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.692 Palavras (7 Páginas)  •  445 Visualizações

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ANÁLISE DO TEXTO- A TEORIA DE CONHECIMENTO: A IDEIA DE VERDADE

Huisman e Vergez iniciam o décimo quinto capitulo de sua obra com o A Teoria do Conhecimento: A Idéia de Verdade?, p.272. O capítulo tem como objetivo discutir sobre a existência da verdade, abordando a diferença entre verdade e realidade, e também o ceticismo ao longo do capítulo. Para tal discussão, os autores estruturam o texto em duas partes com alguns subtópicos presentes, sendo a introdução – SERÁ POSSÍVEL UM CONHECIMENTO METAFÍSICO, p.272, a parte I – A NATUREZA DA REALIDADE, p.274, e a parte II – EXISTÊNCIA DA VERDADE. O CETICISMO, p.280.

Em sua introdução, os autores demonstram que primeiramente afirmamos as coisas, sem ter consciência do que estamos fazendo, ou seja, que o “primeiro passo do espírito é ontológico” p.272, desta forma, estamos sujeitos ao erro, que fica visível após afirmarmos algo. A frase “a consciência ingênua só conhece coisas e se ignora como consciência”, p. 272, presente na introdução, demonstra que não pensamos no ato do espírito em primeiro lugar, e sim no pensamento que se esquece diante das afirmações. O segundo passo é o crítico, onde após afirmarmos algo, voltamos à afirmação de modo a colocá-la em questão. A partir deste segundo ponto, será iniciada a elaboração do texto ao redor da questão do que é a verdade, e se é possível, após reconhecê-la, obter algum conhecimento metafísico.

A primeira parte – A NATUREZA DA REALIDADE, que se inicia na página 274, é dividida em quatro tópicos e no decorrer desses tópicos os autores têm como objetivo evidenciar a distinção entre verdade e realidade. Antes de entrar nos tópicos, é feita a diferenciação das mesmas, onde o real é atribuído a um objeto ou ser, demonstrando a sua existência, enquanto a verdade “é um valor concernente a um juízo” p.274. É então mostrado que é possível atribuir a um objeto o título de “verdade” ou “falsidade”, mas que este está ligado apenas ao valor da nossa afirmação, e não ao objeto em si. Um exemplo disso são os dentes postiços, que consistem em uma verdadeira dentadura e que, portanto, existe, mas não são dentes de verdade. Logo, a falsidade está atribuindo à dentadura um valor, ou nesse caso, a ausência de um valor.

No primeiro tópico da parte I, se discute sobre a evidência como critério de verdade.  Busca-se um meio para reconhecer, caracterizar e definir o que seria um juízo verdadeiro. Um “juízo verdadeiro é reconhecido por seus caracteres intrínsecos, se revela verdadeiro em si mesmo, manifesta-se por sua evidência.”, p. 274. Além disso, “uma ideia clara e distinta que aparece evidente, é uma ideia verdadeira e nada mais há que procurar além dela. [...] jamais pode ser falsa” p. 274-275. Utilizando-se dessas duas afirmações, os autores apresentam uma negação ao conceito de verdade-evidência, demonstrando porquê do perigo dessa concepção de verdade, pois mesmo tendo certeza absoluta de que algo é verdade, podemos estar enganados. Logo, a evidência de algo, por si só, não necessariamente remete a verdade, justamente por ter sido fundamentada em paixões, preconceitos, tradições estabelecidas e firmadas e pensamentos costumeiros, que podem acabar nos fornecendo falsas evidências.

Com isso, o primeiro tópico define que "ideias muito claras, demasiado claras, são, frequentemente, 'ideias mortas' " p. 275, justamente pelo fato de serem consideradas como verdades absolutas e certas, não abrirem espaço para questionamento. Em contrapartida, "ideias novas e revolucionárias encontram resistência para serem aceitas por conformistas" (BAYET apud HUISMAN; VERGEZ, 1978, p. 275), já que essas ideias que fogem ao padrão acabam contradizendo evidências tão estabelecidas que são para muitos irrefutáveis. Essas afirmações de Bayet reforçam as ideias de Spinoza, de que justamente a impressão que temos de que algo é certo, já que há evidência para comprovar a veracidade do fato, é algo de meramente subjetivo e psicológico, não se devendo, portanto, objetivar de maneira absoluta o que é, ou não, a verdade.

No segundo tópico – Será a Verdade Cópia da Realidade? p.276,  os autores afirmam que uma ideia não é qualificada como verdadeira ou falsa por suas características intrínsecas, mas por sua (não) conformidade com a realidade, como no trecho “A ideia verdadeira é a ideia fiel à realidade”, p. 276). Huisman e Vergez já logo demonstram a conclusão feita no tópico anterior, e nos dizem que essa definição ainda é imprecisa, visto que para tal, a verdade nada mais seria do que uma cópia da realidade.

Diz-se também, que todo juízo verdadeiro é uma reconstrução do real e não um mero reflexo passivo, os autores definem juízo verdadeiro como “uma construção inteligível do real, supõe um trabalho do espírito e não é um mero reflexo passivo” p.276. Essa “teoria” se aplica para a verdade artística, assim como para a verdade científica e filosófica.

A verdade no sentido artístico não passa de uma reprodução, para o senso comum. Apresentam o exemplo da fotografia, dizendo que uma imagem pode ser mentirosa apesar de demonstrar dado cenário “fielmente”, por exemplo, um caro andando a 125 km/h e numa fotografia ele parece estático. No caso de uma pintura, o verdadeiro não é uma realidade bruta, pois é apenas uma interpretação do artista, sendo assim, uma verdade para ele e não necessariamente uma verdade real.

A verdade científica supõe uma reconstrução da experiência pelos conceitos. Podemos dizer que “não só os fatos estão ligados entre si por leis necessárias, como também o juízo verdadeiro só atinge o fato através de técnicas experimentais”, p. 277.

De acordo com Bachelard “um instrumento é apenas uma teoria materializada”, como no caso do termômetro, a qual através da sua reação física e química indica a temperatura, demonstrando uma realidade ou “verdade operacional”.

No terceiro tópico, coloca-se frente a verdade os pragmáticos. Para estes, o sucesso é o único critério da verdade e, então, o pensamento está a serviço da ação. Ou seja, o critério da verdade é fruto do sucesso prático de uma ação. Em palavras dos autores: “a ideia verdadeira é aquela que paga melhor, que tem mais rendimento, que é eficaz” (HUISMAN; VERGEZ, p. 277, 1978). O pragmatismo tiraria da verdade sua essência, afinal, qualquer erro que aconteça e a torne menos “útil” poderia torná-la “menos verdade”.

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