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Doença De Chagas

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Por:   •  21/9/2013  •  5.679 Palavras (23 Páginas)  •  434 Visualizações

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CARLOS CHAGAS

Representa uma tarefa das mais difíceis sin­tetizar em poucas paginas, a vida e a obra de Carlos Chagas.

Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas, primei­ro filho do casal José Justiniano das Chagas e Mariana Cândida das Chagas, nasceu a 9 de julho de 1879, na fazenda do Bom Retiro, município de Oliveira, Es­tado de Minas Gerais. Os seus primeiros anos de vida decorreram no ambiente rural de duas proprie­dades agrícolas, onde a principal atividade consistia no plantio do café. Deriva daí, possivelmente, o seu amor à natureza e a sua identificação com os proble­mas do homem do campo nos anos posteriores.

Órfão de pai aos 4 anos, já aos 7 era enviado como interno ao Colégio dos Jesuítas em Itu, no Estado de São Paulo. Um ano depois era dali transferido pa­ra S. João del Rei, onde se educou no Colégio Santo Antônio, tendo como principal mentor o Padre João Sacramento, considerado na época grande educador, humanista e poeta.

Era desejo de sua mãe que o filho primogê­nito fosse engenheiro e por isso foi Carlos Chagas es­tudar na famosa Escola de Minas de Ouro Preto.

Aos 16 anos de idade, achando-se em Olivei­ra, encontrou seu tio Carlos Ribeiro de Castro, médico recém-chegado do Rio, que exerceu sobre ele decisiva influência, aconselhando-o a deixar a engenharia pe­la medicina.

Em 1896 matriculou-se na Faculdade de Me­dicina do Rio de Janeiro.

Destacou-se durante o curso médico como um dos mais brilhantes e esforçados alunos, tornando-se querido de seus mestres, dentre os quais se achavam Aloysio de Castro, Miguel Couto, Francisco Fajardo e outros.

Iniciou sua vida profissional como clínico, mas dificuldades financeiras levaram-no a aceitar em 1905, o oferecimento para trabalhar na Cia. Docas de Santos. Ali, aos 26 anos de idade, realizou com êxito, a primei­ra campanha antipalúdica no Brasil.

De volta ao Rio, outras tarefas semelhantes o aguardavem. Primeiramente na baixada flu­minense e, a seguir, no vale do Rio das Velhas, onde os operários da Estrada de Ferro Central do Brasil eram dizimados pela malária.

Na localidade de Lassance, em pleno sertão mineiro, realizou Carlos Chagas em 1909 a sua genial descoberta, revelando ao mundo a Tripanosomíase americana.

Dedicou-se daí por diante com devoção ao Instituto Oswaldo Cruz, do qual foi diretor após a mor­te se seu fundador. Ocupou ainda, até a sua morte, a cátedra de Clínica de Doenças Tropicais e Infectuo­sas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e realizou um extenso trabalho à frente do Departamen­to Nacional de Saúde Pública.

Faleceu subitamente, aos 8 de novembro de 1934, com 55 anos de idade.

Para melhor compreender Carlos Chagas, a­nalisaremos separadamente as diversas faces de sua multifária personalidade, valendo-nos de estudos bio­gráficos já publicados e de trabalhos originais do nosso biografado. Carlos Chagas viveu, na realidade, diversas vidas paralelas, tal a vivacidade de sua in­teligência, a inquietude de seu espírito e o vigor de sua mente privilegiada.

O PESQUISADOR

Desde cedo revelou Carlos Chagas pendor para a pesquisa. Espírito atilado e observador, não lhe escapavam fatos e pormenores que a outros passariam despercebidos.

Sua tese inaugural, realizada no Instituto Os­waldo Cruz e dada a lume em 1903, versa sobre “Es­tudos hematológicos no Impaludismo”. De 1903 a 1908 realizou importantes e fundamentais descobertas em malariologia, logo reconhecidas pelo mundo científi­co. Em 1905 proclamou que “a malária é por excelên­cia uma infecção domiciliaria”, isto é, adquirida no interior das habitações, ficando assim destruída a “no­ção clássica que indicava como focos perigosos dessa parasitose as proximidades dos pântanos, as margens dos rios, córregos, riachos. Com essa descoberta a­bria caminho para a moderna profilaxia da malária.

Descreveu uma cepa do Plasmodium falcipa­rum, responsável pelas formas clínicas graves ou perniciosas. Verificou a existência de uma espécie de a­nofelino de hábitos diurnos, que denominou Celia brasiliensis, e ligou seu nome a diversas outras espécies de anofelínos.

Sua genial descoberta realizada aos 30 anos de idade merece ser contada por suas próprias pala­vras:

“A ocorrência de grande epidemia de malária em operários do governo nos trabalhos de construção da Estrada de Ferro Central do Brasil, no vale do Rio das Velhas, fez com que fossem solicitadas pelo Ministro Miguel Calmon, providencias a

Oswaldo Cruz. Este atendeu pressuroso à solicitação e, empenhado em prosseguir nas campanhas antipalúdicas, com êxi­to executadas em outras regiões do país, resolveu confiar-me o encargo das medidas sanitárias".

“Em companhia do Dr. Belisário Penna, por mim convidado para auxiliar da missão, segui para os sertões mineiros e lá nos instalamos nas margens do Rio Bicudo, onde permaneciam, retardados pela intensa epidemia, os trabalhos da via férrea. Iniciamos aí a profilaxia da malária e dela conseguimos resultados dos mais propícios, o que permitiu prosseguimento regular dos serviços de construção. Mais de um ano permanecemos naquela zona, sem que hou­véssemos sabido da existência, ali, nas choupanas dos regionais, de um inseto hematófago, denominado vulgarmente barbeiro, chupão ou chupança. Já nessa época tivemos oportunidade de realizar vasta obser­vação clínica, e de estudar numerosos casos mórbidos nos habitantes da região, tanto naqueles sujeitos a infecção palúdica, porque residiam em vales de gran­des e pequenos rios, quanto ainda em outros, que ha­bitando zonas mais ou menos elevadas ou montanho­sas, nenhum sinal apresentavam de malária. E desde então foi-nos penosa a absoluta impossibilidade de classificar, no quadro nosológico conhecido, muitos dos casos mórbidos que se ofereciam ao nosso estudo. Nem valiam, para elucidação do diagnostico, os re­cursos experimentais do laboratório, e nem decidiam os elementos da semiótica mais segura e meditada. Alguma coisa de novo, nos domínios da patologia, aí perdurava desconhecida e se impunha à nossa curio­sidade.

“Numa viagem a Pirapora, e quando pernoi­távamos, o Dr. Belisário Penna e eu, no acampamen­to de engenheiros, encarregados dos estudos da linha férrea. conhecemos

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