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Sociologia Politica

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Por:   •  9/5/2013  •  3.195 Palavras (13 Páginas)  •  407 Visualizações

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Política?

Nelson Rosário de Souza

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Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP). Mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo bv(USP). Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Filosofia Política, Ciência Política e Sociologia da Política

Um bom ponto de partida para introdução à Sociologia Política é pensar a sua distinção frente a outras disciplinas próximas, como a Filosofia Política, a Ciência Política e, especialmente, a Sociologia da Política.

As disciplinas científicas se distinguem uma das outras na justa medida em que reivindicam para si o poder explicativo de algum aspecto da realidade. Sendo assim, a Economia, por exemplo, procura demonstrar, pela combinação entre teoria e dados empíricos coletados com rigor metodológico, que certos fenômenos econômicos são determinados por outros fatos econômicos. Significa que o atestado

de validade da Ciência Econômica está associado à sua capacidade de estabelecer relações causais plausíveis entre acontecimentos do mundo econômico. É o que se passa quando um economista demonstra

os efeitos que o aumento dos juros pode ter sobre o declínio da inflação em determinados contextos.

Ao proceder dessa maneira, o economista contribui para a efetivação da autonomia da sua ciência em relação às demais.

Mas a importância dessa ciência será ainda mais nítida se ficar demonstrado com rigor lógico e metodológico que certos processos econômicos geram efeitos, até mesmo, para além do mundo dos negócios, ou seja, na política, cultura e sociedade. Assim, um economista pode estabelecer relações causais entre o nível de desenvolvimento econômico de um país e o grau de adesão da sua população

às instituições democráticas. Fica evidente que, para ele, os fatores e processos econômicos são entendidos como variáveis independentes, ou seja, como causas explicativas de outros fenômenos. Nesse exemplo, o desenvolvimento econômico seria o causador de variações na área da política, ou seja, os fenômenos políticos são tomados como variáveis dependentes dos fatos econômicos que, por sua vez, são elevados à categoria de variáveis independentes.

Poderíamos multiplicar os exemplos de modo a demonstrar como cada ciência, pelas mãos dos cientistas que as constroem, procura demonstrar logicamente a capacidade explicativa dos fatos circunscritos a uma determinada dimensão da realidade. Para o cientista político são os fenômenos as sociados ao poder e ao Estado que têm força explicativa, ou seja, eles podem e devem ser tomados como variáveis independentes. Já para um antropólogo são os fatos do mundo cultural que têm essa capacidade explicativa e assim por diante. Mas, o que acontece quando uma ciência reivindica para seus estudos uma dimensão da realidade já recortada por outro saber? É o caso, por exemplo, da Ciência Política em relação à Filosofia Política. O que se passa quando duas disciplinas se aproximam para formar uma terceira e circunscrevem como objeto de estudo o universo de fatos já trabalhados por outras abordagens? Isso ocorre com a Sociologia Política diante da Filosofia Política ou da Ciência Política.

É preciso uma análise mais cuidadosa para distinguir essas formas de produção de conhecimento sobre o universo político.

A Filosofia Política

É correto afirmar que a Filosofia é a matriz a partir da qual os saberes científicos se organizam, especialmente, no caso da área denominada ”humanística”. A construção do conhecimento científico se faz, também, como um percurso de autonomização diante da Filosofia. Essa separação, é importante frisar, não significa uma ruptura radical, pois o saber filosófico, além de fornecer as bases conceituais do saber científico, dialoga com a ciência apontando seus limites e possibilidades.

Ainda que ocorram variações na forma de pensar filosófica, uma caracterização pertinente do saber filosófico é aquela que o associa ao procedimento dedutivo

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. O pensar filosófico é, fundamentalmente, abstrato, ou seja, trata-se de um raciocínio lógico e rigoroso que parte de conhecimentos anteriores e chega a novos saberes sem passar pela observação dos dados concretos coletados com rigor metodológico. Ao contrário, as ciências são experimentais, “não nascem da dedução lógica, mas sim da indução, da observação e da experiência” (SARTORI, 1981, p. 164).

1 Raciocínio dedutivo é aquele que parte de saberes e teorias anteriores para chegar a novos conhecimentos; trata-se de um procedimento abstrato. O raciocínio indutivo, ao contrário, é aquele que, partindo dos dados da experiência, dos fatos empíricos, empreende um processo lógico e chega a explicações causais plausíveis, ou seja, teorias. É o raciocínio que vai do particular para o geral.

Os filósofos políticos clássicos exemplificam a abordagem peculiar da Filosofia Política. Hobbes,

Locke e Rousseau, cada qual ao seu modo, lançaram uma pergunta sobre a essência do poder, ou seja, sobre o seu fundamento lógico. Não estavam interessados em observar as diferentes conformações históricas do Estado para analisar os limites e possibilidades do exercício concreto do poder. O que esses pensadores fizeram foi imaginar, com rigor lógico, a origem do Estado e, a partir dessa construção abstrata, tiraram conseqüências sobre o exercício do poder numa sociedade que se quer livre e igual.

O olhar desses filósofos estava voltado para um ”Estado” ideal. Construir uma abordagem abstrata, entretanto, não significa distanciar-se da realidade, e sim, estabelecer com ela um diálogo fundado não na experiência, mas no raciocínio lógico dedutivo.

A Filosofia Política se caracteriza também pela avaliação das condições de produção da Ciência

Política. A partir de questões como: Quais critérios legitimam um saber no campo da Ciência Política?

O que faz um pensador ser catalogado como cientista político? Quais valores servem de substrato para essas determinações? O filósofo político estabelece o grau de confiabilidade dos saberes científicos, enfim, os seus limites.

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