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A TEOLOGIA DO EVANGELHO DE JOÃO SOBRE A PESSOA E OBRA DE CRISTO

Por:   •  21/9/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.688 Palavras (7 Páginas)  •  970 Visualizações

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A TEOLOGIA DO EVANGELHO DE JOÃO

SOBRE A PESSOA E OBRA DE CRISTO

SUMÁRIO

1.        INTRODUÇÃO: João e os Sinóticos        

2.        O DUALISMO JOANINO        

3.        QUEM É JESUS        

4.        A OBRA DE JESUS        

5.        CONSIDERAÇÕES FINAIS        

BIBLIOGRAFIA        

  1. INTRODUÇÃO: João e os Sinóticos

O evangelho escrito por João possui notáveis diferenças em relação aos outros três (os Sinóticos). Não há palavras narrativas em João, tampouco relato da transfiguração, nem registro da instituição da Ceia. Nenhuma palavra de Jesus expulsando demônios, nem menciona a tentação do Senhor. Há menos declarações breves e vigorosas e mais discursos. Embora se pressuponha, indubitavelmente, o batismo de Jesus e o chamado dos doze, em João não são descritos. Há temas teológicos presentes nos Sinóticos que estão praticamente ausentes em João, como por exemplo: Arrependimento (não aparece nem o verbo e nem o substantivo em João) e Reino de Deus (aparece apenas três vezes em João - 3.3,5 e 18.36). Semelhantemente, há temas teológicos ausentes nos sinóticos, mas que se encontram em João, como a Vida eterna como uma bênção no presente (3.36) e a declaração de Jesus “Eu Sou” (“Ego eimi”) – 6.35; 8.12; 10.7,11; 11.25; 14.6; 15.1).

É evidente que a ênfase que o Espírito Santo quis trazer em João, sobre a pessoa e obra de Jesus, é diferente da ênfase dos Sinóticos. Enquanto os três primeiros Evangelhos concentram-se em descrever acontecimentos da vida de Cristo, João enfatiza o significado desses acontecimentos. Por exemplo, os quatro Evangelhos relatam a ocasião em que Jesus alimentou os cinco mil, mas somente João registra o sermão sobre “O Pão da Vida”, proferido logo depois do milagre e no qual Jesus interpretou ao povo o que havia feito.

Ao longo de todo o Evangelho de João pode-se ver um tema constante: Jesus Cristo é o Filho de Deus, e, se nos entregarmos a ele, receberemos dele a vida eterna (Jo 20.31). Pensando por essa ótica, pode-se começar a entender o fato de que nos sinóticos os discípulos parecem crescer em seu entendimento de quem é Jesus. No inicio conhecem muito pouco, mas alcançam vários pontos altos ao longo do caminho, como em Cesaréia de Filipe (Mc 8.27-30). Em João, porém, já no primeiro capítulo, vários indivíduos confessam Jesus não como rabi, mas como Messias, o filho de Deus, Filho do Homem, Cordeiro de Deus e Rei de Israel.

Assim, em João, a ideia no pano de fundo é a da revelação da pessoa, o objeto de revelação aparece explicitamente de maneira pessoal: é Deus, ou o Pai, a quem Jesus revela, em vez de uma coisa ligada a Deus. Nos sinóticos, no entanto, as coisas representadas objetivamente, como o Reino de Deus, justiça, etc., estão em mais evidência, apesar de que, é claro, elas nunca aparecem desconectadas de Deus.

  1. O DUALISMO JOANINO

João escreveu apresentando uma teologia de grande profundidade e foi escrito, principalmente para refutar o gnosticismo que invadia a igreja naqueles dias, conforme sugere a tradição da igreja cristã.

A teologia do evangelho de João é desenvolvida sob uma perspectiva de dualismo vertical. Nos sinópticos encontramos um dualismo horizontal: um contraste entre duas eras: a era presente e a era vindoura. Já João apresenta um contraste entre os dois mundos: o mundo superior de cima e o mundo inferior de baixo (Jo.8:23). Este está sempre em contraste com aquele.

O mundo de baixo é o reino das trevas, do poder satânico, do pecado e da morte. Ele é mal e tem o diabo como seu governante (16:11). O mundo de cima é o mundo do Espírito, da luz e da vida. O evangelista é claro em mostrar que a missão de Jesus e sua autoridade procedem do mundo de cima, de Deus (18.36). Ele veio para ser a luz deste mundo (11.9), o pão vivo (6.33, 41, 50, 51, 58) e quando sua missão estiver terminada ele voltará  para o Céu (6.38, 62 e 20.17). Com Jesus a luz e a vida invadiram a trevas para libertar os homens e lhes dar a vida do Espírito.  

Ainda sob a perspectiva desse dualismo vertical, João mostra o conflito entre Luz e Trevas e ainda entre a Carne e o Espírito. Ele apresenta Jesus como a luz que resplandece nas trevas (1.5; 8.12; 9.5; 11.9; 12.35,46). Os homens amaram mais as trevas do que a luz (3.19,20), mas o que recebem a luz tornam se filhos da luz (3.19,20; 12.36). Ele mostra ainda que a carne pertence ao reino inferior e é a expressão sinônima de humanidade caída que por si mesma não pode herdar a vida eterna (1.13; 3.6,12; 6.63).

  1. QUEM É JESUS

A apresentação de João sobre quem é Jesus baseia-se no cerne de tudo o que distintivo nesse evangelho. Não é apenas uma questão de títulos endereçados a Jesus que não são encontrados nos sinóticos (como “Cordeiro de Deus”, “Palavra”, “Eu sou”). Em vez disso, fundamental a tudo o mais que se diz dele, Jesus é peculiarmente o Filho de Deus, ou simplesmente o Filho.

Embora “Filho de Deus” possa servir de sinônimo grosseiro para “Messias”, ele é enriquecido pela maneira única na qual Jesus, como o Filho de Deus, relaciona-se com seu Pai. Ele está funcionalmente subordinado ao Pai e faz somente aquilo que o Pai lhe incumbe de dizer ou fazer, e faz tudo o que o Pai faz, pois o Pai lhe mostra tudo o que faz.

Embora “Filho de Deus” pudesse ser usado de maneiras diversas no mundo antigo, essa ênfase distintiva em João lança seu brilho sobre vários outros títulos cristológicos. “Messias” é um título que é tão poderosamente restringido pela relação entre o Pai e o Filho,que se torna não apenas uma categoria profética ligada à linhagem de Davi e à expectativa dos profetas, mas também um título que exprime a obra profundamente reveladora do servo prometido de Deus.

Similarmente, embora o “Filho do Homem” possa acomodar as nuanças que recebe nos sinóticos, onde suas características se encaixam em uma das três categorias (o Filho do homem ministrando na terra, sofrendo humilhação e morte, bem como vindo em glória apocalíptica para inaugurar o Reino consumado), em João, a configuração de pronunciamentos é bastante independente. Tipicamente, o Filho do homem é ‘elevado’ na morte, glorificado por intermédio da morte, de forma que aqueles que acreditam nele terão vida eterna. Mas esse título, também, tem implicações de revelação: só o Filho do homem esteve no paraíso e, portanto, pode falar o que nenhum outro homem conhece. Só ele é a ligação entre o céu e a terra (1.51;3.11-13).

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