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O NOSSO CAMINHO PARA DEUS

Por:   •  13/9/2018  •  Artigo  •  3.100 Palavras (13 Páginas)  •  157 Visualizações

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uitos de nós em nossos momentos de contemplação, de oração, nos deparamos com o mistério, a beleza da encarnação do Filho de Deus, e muitas vezes nos questionamos por que será que é tão difícil às pessoas, à nós cristãos vivermos em paz uns com os outros? Porque é tão difícil as pessoas desejarem só o melhor, só o bem do irmão? Ao contrário, buscamos julgar, condenar, aprisionar. Porque nos comportamos de maneira tão diversa do projeto de Cristo e tão ocupados em destruir nossa própria casa, preocupados em nos matarmos uns aos outros?

Para respondermos estas questões, muitas vezes faz-se necessário olharmos à distância, do alto, devemos olhar para nós mesmos de cima, com os olhos de Deus. Jesus olhou sempre para nós, em nossa condição humana limitada e pecadora, de cima, e Ele próprio nos afirma: “Eu venho do alto!”, e também: “gostaria que todos vocês renascessem do alto, para serem capazes de ver com olhos novos.”. Esta é a teologia que devemos compreender, que devemos buscar fervorosamente, insistentemente viver, olhar para todos e cada um, para tudo ao nosso redor, com o olhar do Pai. O Pai da Misericórdia, que olha para nossas fraquezas, fragilidades, limitações, doenças, fracassos com a profunda e infinita misericórdia, com amor Rahamim - significa assim, um amor profundo e entranhado da mãe para com seu filhinho; e amor Hesed -A palavra hebraica mais utilizada no Antigo Testamento para significar misericórdia. Assim nos ensina Jesus, nos oferecendo um caminho seguro para trilharmos no mundo, que é o de abrir mão de todo e qualquer poder, que nos leve a opressão e que, invariavelmente, destrói. Ele que abriu mão da maneira mais inesperada possível, fazendo sua Kenosis - Filipenses 2,7: “Antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana”; despojando-se de Sua divindade, se tornando dependente dos homens, na debilidade de um bebê, na humilhação de um crucificado. Jesus chora, e se compadece, ao ver nossa agonia, a angustia que causamos a nós mesmos, todas as vezes que decidimos tomar em nossas mãos nosso próprio destino, como o filho pródigo, todas as vezes que pedimos nossa herança e partimos para lugares distantes do amor do Pai.[pic 4]

Precisamos olhar para dentro de nós mesmos e precisamos tomar consciência do nosso desejo de poder, de nossa cobiça, que são frutos de querermos ser donos do nosso destino. Devemos perceber que constantemente, nos preocupamos com situações ou pessoas que não nos levam a lugar algum, simplesmente para sermos percebidos, para vermos se somos tidos em consideração ou não, se seremos premiados ou não. Constantemente perguntamos a nós mesmos se somos melhores ou piores, mais fortes ou mais fracos, mais inteligentes ou não, e então, tratamos aos irmãos como rivais na corrida pelo sucesso, pela influência, pela popularidade, enfim, pelo poder.

Com tudo isso, só o que conseguimos é continuar inseguros, sem nenhum controle, não nos conhecemos e não nos abrimos para o que realmente deveria importar, o infinito amor de Deus. Que devemos encontrar dentro de nós, e distribuir aos irmãos. Quando nos dispormos a esse olhar, o olhar de Deus, imediatamente perceberemos que somos todos um só, que nossas fraquezas são as fraquezas do irmão, veremos que o que se passa na vida do irmão é exatamente o mesmo que se passa em nós. Veremos que somos capazes das mesmas coisas para garantirmos nossa segurança, e, na primeira necessidade, buscaremos o primeiro pedaço de pau que estiver ao nosso alcance ou outra arma qualquer para fazer valer o nosso “direito”, mesmo que ninguém esteja, de fato, nos ameaçando. E essas armas se apresentam de várias formas, um amigo influente, o dinheiro, uma formação superior, até mesmo os nossos dons, que outros não tenham, podem se apresentar ainda na forma de um conhecimento a mais, um segredo, ou uma autoridade sobre alguém. Sim, somos capazes de nos agarrarmos a tudo para mantermos nosso status. Mas, a pior arma que podemos utilizar é na realidade, o poder religioso, o poder que nos leva ou nos afasta do Reino de Deus. E vemos muitos que rezam, louvam e dizem: “Senhor, Senhor!” e se deixam corromper pelo poder efêmero, que rapidamente se acaba. Deus, em Sua Santa indignação, responde: (Mateus 15, 8-9) 8Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. 9Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são mandamentos humanos." (e Isaías 29, 13) 13O Senhor disse: Visto que este povo se chega junto a mim com palavras e me glorifica com os lábios, mas o seu coração está longe de mim e a sua reverência para comigo não passa de mandamento humano, de coisa aprendida por rotina. Esse é o poder divisório, mais ofensivo que todos os outros, e hoje encontramos milhares de milhares de filhos de Deus, que se afastam dEle por terem sido ofendidos, roubados, pela religião, por seus responsáveis; pessoas ofendidas desde a forma mais tola, como uma crítica ou uma ausência na doença ou na morte, até da forma mais bruta, como um abuso sexual. Essas ações diabólicas, marcam profundamente, ficam mais fortes na memória, até mais do que as ofensas mundanas.[pic 5]

“Milhares de pessoas, homens e mulheres separados e divorciados, muitos homossexuais e todas as pessoas sem casa, sentindo-se rejeitadas nas casas de culto dos seus irmãos e irmãs da família humana, afastam-se de Deus por experimentarem o abuso do poder quando, em vez disso, esperavam apenas uma expressão de amor” O Caminho do Poder – Henri J. M. Nouwen (1998)

O poder pode ser devastador no coração dos mais frágeis, e hoje podemos comprovar o quanto é devastador pelos inúmeros escândalos que lemos na mídia hodierna, que não se limita em espalhar esse tipo de notícia, são homens que para não perderem o poder ou a riqueza são capazes de tudo, trair, mentir, enganar, manipular, até mesmo inseridos no meio mais Santo que o próprio Cristo nos deixou, sua Esposa a Igreja, inserem-se homens ávidos por poder e riqueza, e que conforme sabemos por recentes escândalos, agem diabolicamente contra o Santo Padre, tentam de todas as formas enfraquece-lo em sua “cruzada” contra as ações malignas na terra, inclusive inseridas na Cúria.[pic 6]

Assim, nestes tempos de grandes combates, percebemos que uma das maiores tentações é o do uso da fé, da esperança, para se sobrepor aos irmãos, e como consequência, ferir os mandamentos de Deus, especialmente os principais, amar a Deus sobre todas as coisas e aos irmãos como a si mesmo. Porém, para Sua glória, e para ser sempre fiel a Si mesmo, o Senhor não nos olha com tristeza, ou com indignação, Seu olhar é de pura misericórdia, que supera infinitamente tudo que se apresenta como tristeza e dor. E num grande abraço de misericórdia, desarma todo poder do mal, limitando-o ao Cronos, fragilizando-se ao encarnar-se e vir montar Sua tenda entre nós. Jesus de Nazaré, o nosso Deus frágil, esvaziado de todo poder, se faz parte da história da salvação em completa fragilidade, demonstrando Sua misericórdia divina, Sua glória e beleza, a verdade, a paz, a alegria, e acima de tudo Seu amor de entranhas, em completa aniquilação de poder. Para nós, humanos e limitados ao extremo, só vislumbramos tão grande mistério, só o vemos em parte, rezamos e nos dirigimos ao mistério, mas estamos longe de o entendermos, pois se conseguíssemos entender, o buscaríamos avidamente, nos esvaziaríamos também nós de todo poder, por menor que fosse, e voltaríamos nosso olhar exclusivamente a Jesus, cuja vida foi revestida da fragilidade humana.

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