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O Que é Ciência Da Religião;

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Por:   •  4/6/2014  •  2.278 Palavras (10 Páginas)  •  704 Visualizações

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GRESCHAT, Hans - Jürgen. O que é Ciência da Religião;

(What is Science of Religion?). Tradução: Frank Usarski.

São Paulo: Ed. Paulinas, 2005, 168p.

TEIXEIRA, Faustino (org.). As Ciências das Religiões no Brasil;

Afirmação de uma área acadêmica. São Paulo,

Ed. Paulinas, 2001, ISBN: 85-356-0740-4;

A obra de Hans-Jürgen Greschat propõe se a esclarecer o que significa fazer Ciência da Religião. Com linguagem clara e argumentos bem fundamentados, o autor situa a experiência religiosa como fato primordial para o estudo científico da religião. Para Greschat, o trabalho do cientista da religião não se resume ao âmbito filológico; pelo contrário, existem certos aspectos da vida religiosa que nunca poderão ser captados apenas por meio da escrita.

O pesquisador deve, portanto, tentar aproximar ao máximo da compreensão que o fiel tem de sua religião, pois somente assim ele conseguirá oferecer uma visão crítica e totalizante do objeto estudado.

O livro em questão se divide em cinco capítulos. No primeiro, Ciências sobre o quê? O autor busca mapear o âmbito de estudo do cientista da religião, esclarecendo que os conceitos tratados nessa ciência não obedecem a um critério de exatidão como o que sede exatidão como o que se pretende nas ciências naturais. Assim, para que se obtenha uma compreensão holística da religião a ser perscrutada, há de se efetuar a investigação de acordo com quatro perspectivas: a) da comunidade religiosa; b) do sistema de atos, c) do conjunto de doutrinas alicerçado nas noções anteriores e d) da sedimentação de experiências.

Numa comunidade religiosa, existe uma hierarquização pré estabelecida, na qual se institui uma diferenciação entre iniciados e não iniciados. No momento em que o pesquisador transpõe essa primeira etapa, depara com os atos religiosos: os ritos. Nos ritos, alguns aspectos da doutrina são manifestos. Todavia, é na revelação dos deuses em forma de palavras que a doutrina se constitui. As palavras, entrementes, não oferecem uma explicação plena para a revelação divina celebrada nos ritos. Raras vezes são inequívocas. Ato contínuo, os fiéis procuram e constroem sentidos que as ultrapassam. Surgem, destarte, comentários que, com o tempo, merecem novos comentários. A quarta camada do objeto é a experiência religiosa, ou seja, é a força vital que impulsiona as religiões, “alimentando seus ensinamentos e os ritos transmitidos” (p. 26).

Quando se estudam religiões vivas, essa mudança vem a ser incessante – desmentindo a concepção de que as religiões são algo compacto e firme. No capítulo seguinte, Como produzir conhecimento? Greschat enumera sete passos para se desenvolver uma pesquisa séria e bem elaborada, ou seja: a identificação do problema a ser estudado; a escolha do problema a ser investigado; a coleta de material; a caracterização desse material; a solução do problema; a comprovação do problema; e, por fim, a forma como vai ser feita a comunicação dos resultados. A preocupação metodológica se faz presente nesta parte do livro. O autor evidencia a importância de identificar o problema, de analisar sua relevância e, finalmente, de perceber se o que está a desenvolver é ou não ciência.

Outro aspecto que se destaca neste capítulo é o cuidado que se deve ter para transmitir esse conhecimento, de modo que não se trate apenas de estudar profundamente uma dada religião. A importância da comunicação desse material, por meio de uma linguagem clara e acessível para o público comum, é uma das principais características desse método. No terceiro capítulo, História da religião: trabalho com o específico, o autor traça,sumariamente, a história da Ciência da Religião, dividindo-a em duas correntes primordiais: História da religião (Cap. 3) e Ciência sistemática da religião (Cap. 4). Num primeiro momento, o professor se ocupará da história comparada da religião. Logo, esclarecendo que no surgimento dessa ciência o foco de estudo era filológico, Hans-Jürgen Greschat atesta diversas dificuldades de traduções de textos sagrados, por existirem vários termos que, apesar de corretamente traduzidos, não encontram uma perfeita adequação de sentido.

O cientista da religião deve, portanto, procurar compreender a língua nativa, para assim desenvolver melhor o seu trabalho. Adiante, o autor explicita que, com o desenvolvimento técnico da sociedade, várias formas de captação da realidade foram desenvolvidas, proporcionando um extenso material documentado em vídeos, fotos e outras formas de registro – sem falar dos objetos levados pelos colonizadores e do imenso acervo de pinturas feitas no século XIX e XX – para o desenvolvimento do estudo nessa área. “Nos como cegos que falam de paisagens que lhes foram descritas, em palavras, por pessoas que podem ver” (p. 77). Uma vez mais, o autor corrobora o método experimental, que busca desenvolver uma maior acuidade na compreensão da vida religiosa de uma religião estudada. Insiste sempre em que a observação, método científico por excelência, não pode ser deixada de lado. O que se pretende é conciliar a observação com a participação da vida religiosa.

O pesquisador tem que ser capaz de perceber a circunstância propícia para lançar mão daquele ou deste método. No quarto capítulo, Ciência sistemática da religião: trabalho com o geral, o autor discorrerá sobre a fenomenologia da religião. Nesse segundo instante, o autor começa por explicar a teoria de Rudolf Otto, que se fundamenta no sagrado despido de seus aspectos racionais e morais, ou seja, o numinoso. Ao apresentar a teoria e o problema a ser solucionado por Otto, Greschat pondera sobre a metodologia comparativa, muito utilizada por estudiosos que trilharam o caminho percorrido pelo erudito teólogo protestante. Depois de citar vantagens e desvantagens do método comparativo, o autor formula três perguntas basilares relativas a esse tipo de investigação: como algo é constituído, como funciona? E o que significa esse objeto do ponto de vista dos próprios fiéis? (p. 128). Hans-Jürgen Greschat chega à conclusão de que o método comparativo é útil quando se busca compreender um traço comum em um objeto estudado.

Posteriormente, descreve as três abordagens clássicas da fenomenologia da religião: a primeira, construída por Gerardus Vander Leeuw; a segunda, por Friedrich Heiler; e a terceira, por Geo. Widengren. A fenomenologia, diferentemente do método comparativo usado por Otto, não pode se resumir a descobrir o que há de comum no objeto estudado, mas deve ter como

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