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Problema de Deus em Jean Paul Sartre

Por:   •  25/9/2019  •  Resenha  •  981 Palavras (4 Páginas)  •  386 Visualizações

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O problema de Deus em Jean Paul Sartre

A filosofia de Sartre consiste em colocar o homem como responsável por todos os seus atos. Lançado num mundo sem justificativa, o indivíduo projeta-se no futuro, escolhe um sentido para sua vida, já que ela não possui um sentido a priori. Desta forma, o existencialismo de Sartre está inteiramente estruturado no fato de que a existência humana precede sua essência, e esta é construída através da liberdade responsável que o homem manifesta ao escolher sua própria vida. Nada, nem mesmo Deus, pode justificar o homem ou retirá-lo de sua liberdade total e absoluta, ou ainda salvá-lo de si mesmo.

O autor usa o exemplo da produção de um corta papel. Para ele, a fabricação de um corta papel por um artífice implica que o produtor já possuía uma ideia previa do objeto e a função a qual ele atenderia, logo a essência dele precede a essência. No caso do homem ele afirma o contrário. Dizer que a existência precede a essência é colocar o homem como um nada lançado no mundo, desprovido de uma definição. O homem surge no mundo e, "de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo"

Assim, ele traz um viés ateístico para seu existencialismo, na medida que para a figura de Deus como criador de todas as coisas existir, a essência do homem precisaria preceder sua existência, Deus já teria uma ideia de sua funcionalidade no mundo.

O existencialismo ateu de Sartre busca manter sua coerência atribuindo ao homem o compromisso de construir a sua própria essência. Lançado no mundo sem perspectivas, o homem determina sua vida ao longo do tempo, e descobre-se como liberdade, ou seja, como escolha de seu próprio ser no mundo. Ao falar da condição do homem, Sartre relaciona-o com a angústia, o desamparo e o desespero.

Angústia aparece quando o homem descobre que suas ações são constantes escolhas de seu destino e, assim, ele passa a determinar um valor para suas escolhas.

Desamparo significa que o homem não possui nada a que possa se segurar, nem dentro nem fora dele; não existem bases para direcionar suas ações, a não ser sua liberdade e responsabilidade, isso porque Deus não existe. O homem está só: "o desamparo implica que somos nós mesmos que escolhemos o nosso ser. Desamparo e angústia caminham juntos". Não obstante, o desespero está ligado ao fato de que o existencialista não espera nada de um mundo transcendente. Se o desamparo é ausência de Deus, o desespero é não esperar por ele. Dito isso, o homem é um conjunto de seus atos, uma constante interação entre liberdade e responsabilidade.

A família católica de Sartre contribuiu para seus pensamentos na medida em que Em seu ambiente familiar, Sartre descobriu um cristianismo que não se baseava na fé, mas na questão social. Os fiéis alimentavam tradições que não tomavam a cargo, nem refutavam: eram cristãos que nunca haviam se tornado cristãos. Desta forma, Sartre reconheceu na família uma religião pouco convicta, confundida com os valores espirituais e morais, e ainda, com a pureza da arte encontrada nas igrejas: "Não sabiam, imagino, se era a música que as influenciava, por ser religiosa, ou se era a religião, por ser harmoniosa"

O existencialismo ateu de Sartre também encontra seu fundamento e sua consistência no fato de que o homem só é realmente livre quando ele contesta Deus e recusa a alienação religiosa. Em As moscas, podemos observar como o pensamento sartreano atribui à religião e à superstição um caráter anulatório da prática da

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