Resumo do Livro A Interpretação Bíblica

ESCOLA DE TEOLOGIA DAS ASSEMBLÉIAS DE DEUS NO BRASIL

ESTEADEB – TORREÃO

CURSO LIVRE BACHAREL EM TEOLOGIA

AUGUSTO CASSIMIRO DA SILVEIRA NETO

HERMENÊUTICA BÍBLICA:

Resumo do livro “A Interpretação Bíblica”

RECIFE

2017

AUGUSTO CASSIMIRO DA SILVEIRA NETO

HERMENÊUTICA BÍBLICA:

Resumo do livro “A Interpretação Bíblica”

Trabalho apresentado como exigência final para obtenção de crédito na matéria de Hermenêutica Bíblica no Curso Livre Bacharel em Teologia pela Escola de Teologia das Assembléias de Deus no Brasil – ESTEADEB / TORREÃO.

PROF. NADJACKSON SARAIVA

RECIFE

2017

A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

CAPÍTULO I

A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA – O QUE É E PORQUE FAZÊ-LA

O autor desta importante obra inicia sua argumentação usando At 8.26-31 para nos mostrar o valor da interpretação correta das Escrituras Sagradas, uma vez que a mesma gera entendimento claro, que por sua vez conduz à salvação. Tal episódio acentua para nós que nem sempre o verdadeiro significado do texto é obtido mediante uma mera leitura do mesmo, como também que uma orientação adequada ajuda a esclarecer o que ainda não foi entendido.

A interpretação é uma ferramenta importante da hermenêutica bíblica, possibilitando correta compreensão e ensinamento bíblico. Ela faz de parte de um conjunto de três etapas necessárias para todo aquele que deseja entender melhor as Escrituras. A primeira é a observação (Que diz o texto?), a segunda é a interpretação (Que quer dizer o texto?) e a terceira é a aplicação (Como se aplica a mim o texto?). É uma etapa que não pode ser ignorada no estudo do texto sagrado, pois caso isso aconteça, erros graves serão provocados, como também difamações insanas ou distorções deliberadas e ignorantes.

A observação é uma averiguação, exploração ou sondagem do texto. Significa descobrir e consiste em descrever, gerando questionamentos pertinentes ao conteúdo a ser explorado. Já a interpretação é uma reflexão ou explicação. Significa descrever e consiste em determinar o sentido do texto. Ela é fundamental à aplicação. A aplicação é o fim de um caminho apontado pela interpretação, que por sua vez se apoia na observação. A interpretação é um meio que visa a um fim, isto é, a aplicação daquilo que se lê. Desprezar a aplicação é não só uma forma de encurtar o processo, mas também uma negligência ao propósito divino, que consiste em nosso crescimento espiritual (I Pe 2.2).

A interpretação da Bíblia nos apresenta desafios (em razão de seu vasto conteúdo), e dificuldades, principalmente pelo fato de ser um livro antigo, contendo alguns livros escritos há mais de 3400 anos. Portanto, alguns abismos precisam ser transpostos, tais como o cronológico (lacuna temporal entre nós e os autores e primeiros leitores da Bíblia), geográfico (distância entre nós e os locais onde se deram os fatos bíblicos), cultural (diferença entre nossos costumes e os dos povos dos tempos bíblicos), linguístico (diferença entre nossa forma de falar e escrever e a dos povos bíblicos), literário (diferença entre nosso estilo literário e o dos escritores bíblicos) e espiritual (diferença entre a nossa maneira de agir e a de Deus, autor da Bíblia Sagrada).

A ciência (princípios) e a arte (tarefa) de interpretar a Bíblia, ou seja, apurar o seu sentido, são chamadas de hermenêutica, palavra que vem do grego hermêneuõ e se relaciona a Hermes, o deus-mensageiro dos pés alados na mitologia grega, intérprete dos deuses, principalmente do pai, Zeus. Afirma-se que ele transformava o inteligível em compreensível aos homens. Assim, o verbo hermêneuõ passou a significar o ato de levar alguém a compreender algo em seu próprio idioma (“explicar”) ou em outra língua (“traduzir”).

A prática da hermenêutica bíblica se desenvolve e evidencia por meio de quatro vertentes. A primeira delas é a exegese, que é a interpretação propriamente dita da Bíblia, ou seja, a verificação do seu sentido dentro de seus contextos histórico e literário. Em segundo lugar temos a exposição, que é a transmissão do seu significado e de sua aplicabilidade ao ouvinte atual. A exegese precede a exposição. Ela é a procura por compreender o texto de forma individual, enquanto que a exposição preocupa-se em transmitir o sentido do texto ao público. Todo expositor é antes um bom exegeta. Temos também a homilética, que é a ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o seu significado e importância sob a forma de pregação. E por fim, a pedagogia, que é a ciência (princípios) e arte (tarefa) de transmitir o seu significado e aplicação sob a forma de ensino.

Interpretar a Bíblia só é possível ao regenerado (visto que o não regenerado não tem a capacidade de entender, receber e assimilar as verdades espirituais) (I Co 2.14), que demonstra reverência (II Tm 3.15), interesse por Deus e sua Palavra, humildade, espírito de oração, disposição para obedecer e colocar em prática o que ela diz, e dependência do Espírito Santo. Esta dependência não significa dizer que as interpretações de alguém serão infalíveis, diferentes do significado normal e literal da passagem, como se fosse uma revelação de algo “oculto”, ou que haja uma atuação sobrenatural misteriosa, imediatista e elitista. Além de tais pré-requisitos espirituais (que não são garantias), é importante que haja vontade de aprender mais e de estudar a Bíblia, aproximando-se dela cada vez mais com bom senso, equilíbrio e objetividade. Vale ressaltar também que não podemos ignorar a direção do Espírito Santo por meio daqueles que ensinam a Palavra de Deus e nos instruem acerca dela. Não podemos acreditar que o fato de portarmos as Escrituras Sagradas é suficiente, e que não precisamos de ninguém mais para melhor compreendê-la. Se assim fosse os apóstolos não as teriam ensinado a outros irmãos no Novo Testamento (At 2.42; 5.21,25,42; 11.26; 18.11; 20.20; 21.28; 28.31).

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