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Resumo livro ÉTICA- Adolfo Sánchez Vázquez

Por:   •  1/5/2019  •  Resenha  •  2.366 Palavras (10 Páginas)  •  1.893 Visualizações

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CAPÍTULO I –  OBJETO DA ÉTICA

1.Problemas Morais e Problemas Éticos

 Nas situações efetivas e reais que ocorrem no dia a dia de todos os indivíduos, surgem problemas quando as decisões e ações deles são objeto de julgamento pelos demais membros do grupo social. Trata-se, por sua vez, de problemas cuja solução não concerne somente à pessoa que os propõe, mas também a outra ou outras pessoas que sofrerão as consequências da sua decisão e da sua ação.

Tais problemas podem afetar apenas um indivíduo (devo dizer a verdade ou devo mentir a X?), e em outros casos trata-se de ações que atingem vários indivíduos ou grupos sociais (os soldados nazistas deviam executar as ordens de extermínio emanadas de seus superiores?), podendo até mesmo afetar a comunidade como um todo (devo guardar silêncio em nome amizade, diante do procedimento de um traidor?).  

Em tais situações, as pessoas pautam seu comportamento por normas que julgam mais adequadas cumprir, e é quando se pode dizer que o homem age moralmente, ou seja, é o resultado de uma decisão refletida – e não espontânea ou natural. Destarte, de um lado temos os atos das pessoas, e do outro temos o juízo dos demais indivíduos sobre tais atos; ambos se pautam por certas normas de conduta.

Na vida real, defrontamo-nos com problema práticos, dos quais ninguém pode eximir-se. E para soluciona-los as pessoas recorrem as normas, cumprem determinados atos, formulam juízos e, às vezes, se servem determinados argumentos ou certezas para justificar a decisão adotada ou os passos dados.

O comportamento humano prático moral, mesmo que sujeito a mudanças de uma época para outra e de uma sociedade para outra, remonta até as próprias origens do homem como ser social.

Desse   plano   prático-moral   se   passa   à   reflexão   sobre   os   comportamentos   práticos, surgindo então a teoria moral – ou a passagem da moral vivida para a moral   reflexa.   Tal   passagem, que   coincide   com   o   início   do   pensamento   filosófico, marca a entrada na análise dos problemas éticos.

 Os problemas prático-morais cuidam das situações concretas, são caracterizados peça sua generalidade, enquanto os problemas éticos são de natureza genérica, de caráter teórico, de quem investiga a moral.

O problema da essência do ato moral remete a outro problema crucial:  o da responsabilidade; responsabilidade por ter tomado uma decisão de agir num sentido e não em outro.

  A liberdade da vontade de escolher sempre gera uma responsabilidade, que pode ser um fator limitador para a total “liberdade” de escolha entre dois comportamentos. A teoria da moral não se pode distanciar das questões prático-morais, posto que são sua própria razão de ser.

 2. O Campo da Ética

Os problemas éticos caracterizam-se pela generalidade e com isso os diferenciam dos problemas morais do dia a dia, que são apresentados nas situações mais concretas.  Desde que a solução dada aos primeiros influi na moral vivida, a ética auxilia para fundamentar ou justificar certa forma de comportamento moral.

Muitas éticas tradicionais partem da ideia de que a missão do teórico, neste campo, é dizer aos homens o que devem fazer, ditando-lhes as normas ou princípios pelos quais pautar seu comportamento. O ético transforma-se num modo de legislador do comportamento moral das pessoas ou da comunidade.

A ética, por ser disciplina teórica que estuda a moral, deve se limitar a explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, pois seu valor como teoria está naquilo que explica, e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas. Quando se ocupa de analisar a prática moral de uma sociedade de determinada época, a ética deve meramente esclarecer o fato de os membros daquele grupo social terem recorrido a práticas morais diferentes e até opostas.  

Por ser ciência que estuda a moral, a ética nem se identifica com princípios de moral em particular, nem fica indiferente a eles.

A ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real e efetivo do comportamento dos homens, pautados em fatos de valor. Mas isto não prejudica em nada as exigências de um estudo objetivo e racional. A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disso, obrigatório e inescapável. Nada disso altera minimamente a verdade de que a ética deve favorecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos homens.

 

3. Definição da Ética

A ética depara com uma experiência histórico social no terreno da moral, ou seja, com uma serie de práticas morais já em vigor e, partindo delas, procura determinar a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes da avaliação moral, a natureza e a função dos juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o princípio que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais.

A ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ciência de uma forma específica de comportamento humano.

 A ética procura determinar a essência da moral, e as condições objetivas e subjetivas do ato moral, as fontes de avaliação moral, a natureza e função dos juízos morais, os critérios de justificação desses juízos e o princípio que rege a mudança de diferentes sistemas morais. Seu caráter científico deve aspirar à racionalidade e objetividade mais completas, e proporcionar conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis.

E não somente não tem um caráter cientifico, mas a experiência histórica moral demonstra como muitas vezes são incompatíveis com os conhecimentos fornecidos pelas ciências naturais e sociais. Não existe uma moral cientifica, mas existe - ou pode existir - um conhecimento da moral que pode ser cientifico. Se, porém, não existe uma moral cientifica em si, pode existir uma moral compatível com os conhecimentos científicos sobre o homem, a sociedade e, em particular, sobre o comportamento humano moral. A moral não é ciência, mas objeto da ciência; e nesse sentido, é por ela estudada e investigada.

Na definição antes enunciada, ética e moral se relacionam, pois, como uma ciência especifica e seu objeto. Assim, portanto, originalmente, ethos e mos, “ caráter ” e “costume”, assentam - se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito. Vemos, pois, o significado etimológico de moral e de ética não nos fornecem o significado atual dos dois termos, mas nos situam no terreno especificamente humano no qual se torna possível e se funda o comportamento moral: o humano como adquirido ou conquistado pelo homem sofre o que há nele de pura natureza.

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