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Uma abordagem Transdisciplinar

Por:   •  11/4/2015  •  Artigo  •  6.308 Palavras (26 Páginas)  •  170 Visualizações

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Criança- Uma abordagem Transdisciplinar

CAMILA SILVA SALGADO[1]

Artigo apresentado ao Curso de Graduação da Faculdade Evangélica, como requisito para obtenção do Título de Bacharel em Teologia.

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RESUMO

O uso da abordagem transdisciplinar da criança, possui grande relevância tanto para a sociedade quanto para a comunidade eclesiástica. Esta pesquisa objetivou estabelecer conexões de como a criança é vista nos aspectos científico, psicológico e teológico. Essa área interdisciplinar se baseia em contribuições desses campos específicos do conhecimento. E tal interação, busca uma compreensão e ação interventiva no processo de desenvolvimento e crescimento global da criança (corpo, alma e espírito).  Assim, recorrendo a fontes bibliográficas secundárias, à luz da argumentação de Guimarães (2009) e Fassoni (2010), identificou-se que a criança não pode passar despercebida, seja em nossa reflexão social e teológica, seja em nossa vivência familiar e comunitária. É necessário olhar com mais atenção e evidenciar a criança como cidadã e modelo do reino de Deus. É surpreendente refletir sobre o maior evento da história da humanidade a partir da figura de uma criança. Pensar o valor e a importância da criança para a teologia continua sendo um desafio inadiável para o cristianismo.

Palavras-chave: Criança. Desenvolvimento. Transdisciplinar.

1  INTRODUÇÃO

Este trabalho busca discutir as concepções de infância, estabelecendo conexões entre sua estrutura biológica e psíquica e a influência que esta estrutura exerce na formação de sua personalidade e comportamento, estabelecendo uma mediação de interpretação com a Teologia, e de como estes aspectos são percebidos na atualidade.

Na comunidade eclesiástica predomina o argumento de que as crianças são o futuro, e não o presente da igreja. Na realidade, elas são o presente e possuem necessidades e percepções que devem ser consideradas em sua formação para um desenvolvimento saudável; no que tange a importância, ocorre na verdade uma exclusão proposital e não há preocupação com elas, em se realizar um trabalho voltado ao seu desenvolvimento cognitivo ou ao seu psicológico. “É muito triste ver um tempo tão precioso, chamado pelos especialistas de idade de ouro para o desenvolvimento intelectual (0 a 3 anos), ser tão negligenciado dentro da igreja”. Guimarães (2009) têm observado pelo Brasil que apesar de ter espaço físico, muitas igrejas ainda não realizam um trabalho intencional de ensino – que vise o desenvolvimento espiritual, físico e emocional, de bebês ou crianças. Afirma ainda que “Os bebês podem e precisam ser estimulado físico, emocional e mentalmente. Podem ser ensinados espiritualmente”. Conforme Fassoni, Dias e Pereira[2] (2010), “o que se requer dos cristãos e das igrejas atuais é que tratem as crianças de maneira coerente com os valores do evangelho. E ainda que a Teologia da criança pretende revisar a teologia cristã como um todo, prestando atenção à criança colocada no meio por Jesus. A criança no meio do debate teológico, abre possibilidades para enxergar a tarefa teológica na perspectiva da simplicidade do reino e para resgatar o valor da criança e o que ela representa na sociedade e no reino”. As crianças fazem parte do corpo de Cristo, da igreja, do rebanho de Cristo Jesus, sendo imprescindíveis no caminhar da igreja. (FASSONI, DIAS e PEREIRA, 2010, Apud: MATOS, p.200; LANE, p. 167 e 182).  

Como objetivo geral e na perspectiva de pesquisadora, busquei construir artefatos baseados na ciência, psicologia, psicanálise e na Teologia, suporte teórico para nortear a busca de entendimento, ampliando assim formulações teóricas a esse respeito.

2 OS ESTUDOS TRANSDISCIPLINARES NA GESTAÇÃO

Na sociedade contemporânea, as cadeiras acadêmicas e as escolas teológicas, tem se discutido que a história da criança começa bem antes de seu nascimento. Desde o momento da concepção, as experiências vividas pela mulher (alegria, ansiedade, cansaço, desejos, expectativas, receios, dúvidas, sonhos) influenciam na gestação. Sendo a gravidez planejada ou inesperada, nessa fascinante viagem de nove meses, a gestante vivencia momentos e etapas diferentes. Guimarães (2009) destaca que “a criança no ventre materno não é um ser que está para vir a ser; ela já é um ser em pleno desenvolvimento.” (GUIMARÃES, 2009, p. 45).  

Aos quatro meses, há vários sentidos desenvolvidos, o feto já reage a sons e ao toque, criando assim um vínculo afetivo entre ambos. “É importante massagear a barriga, tocá-la sempre, fazer o feto sentir que recebe atenção”, diz Burgierman[3], (1998, p. 34 apud BERENSTEIN). Guimarães 2009, p. 53 apud PALMIERI, cita que a conversa com o bebê no útero é um rico estímulo que trará consequências benéficas ao desenvolvimento da criança, incluindo a aquisição da linguagem.

Conclui-se que, as conversas fora do útero podem ser ouvidas pelo feto.

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o bebê agitou-se em seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.” E Isabel comentou: “Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria”. (BÍBLIA DA VOVÓ[4] – Nova Versão Internacional, Lc. 1:41,44).

 “João Batista quando repousava tranquilo no ventre da mãe, sentiu outra criança na sala – o Messias que vinha de Deus – e saltou de alegria como resposta.” (Fassoni, Dias e Pereira, 2010, p. 129 apud Stafford).

         Observa-se que Guimarães (2009 apud SHICHIDA[5], p. 43), salienta que a partir do quinto mês gestacional, o bebê aprende a memorizar, seu cérebro é mais maleável e se constrói pelas conexões de estímulo e resposta que recebe, podendo ser como “esponjas”, sugando tudo em seu redor.

Observa (BURGIERMAN, 1998, p. 31-32 e 36, apud BERENSTEIN), que o bebê com seis meses de gestação, percebe o que acontece ao seu redor, tem noção de diferenças de claridade, seu sistema auditivo está completo, e estão desenvolvidos o tato, o paladar e o olfato. Os modernos aparelhos de ultrassom revelam que, o bebê começa a sorrir quando algo lhe agrada; demonstra quando sente aversão por alguma coisa, inclusive quando a mãe ingere um alimento com gosto diferente ou amargo. Contudo, nessa fase alguns acontecimentos traumáticos podem ficar inconscientemente em sua memória. E ainda, que “Não é só o corpo que se forma durante a gravidez; a personalidade, a inteligência e os traumas também estão em gestação.” O mesmo autor, destaca ainda que, desde o começo da gestação, os sentimentos e o humor materno afetam o filho, exposto que ele está aos mesmos hormônios. Se a experiência do feto for agradável, a criança será tranquila e sensível; caso contrário, desenvolverá o sentimento de rejeição e violência, e através das experiências e estímulos maléficos, poderão surgir distúrbios psicológicos graves e sérios distúrbios de comportamento, deixando marcas ruins por toda vida.

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