RESULTADOS DOS COMISSÁRIOS DE VOO

7- RESULTADOS DOS COMISSÁRIOS DE VOO

Abaixo segue os resultados da presente pesquisa a respeito dos comissários de voo. Inicia-se com a descrição dos perfis dos psicólogos participantes e posteriormente categorias verbais obtidas através das respostas dos psicólogos às entrevistas.

Caracterização dos psicólogos participantes

Os 02 psicólogos participantes que atendem à demanda de comissários de voo, são do sexo feminino e masculino, com idade variando entre 30 e 60 anos, especializações diversas na profissão e experiência em psicologia das organizações e atendimento clínico.

Categorias analisadas:

Conforme os objetivos gerais e específicos propostos na pesquisa, apresentam-se os resultados abaixo em forma de categorias de análise:

I – Especialização dos psicólogos

De acordo com a fala dos psicólogos participantes ainda não existe uma especialização específica para a demanda de comissários de voo, mas somente cursos de Psicologia da Aviação, onde ambos os psicólogos se formaram, como verifica-se abaixo:

O primeiro psicólogo relatou que não existe uma especialização específica na área da aviação, mas também ressaltou que para atuar nessa área, não é necessário uma especialização na mesma, embora tenha realizado um curso de Psicologia da aviação recentemente, como segue:

“Pra atuar nessa área não é necessário especialização, por isso não tem muitos cursos, nem tem pós-graduação. Porém, tive um curso recente que foi a Introdução da Psicologia na Aviação. Foi o primeiro curso que teve aqui em São Paulo” (Psicólogo I).

O segundo psicólogo entrevistado também declarou não existir uma especialização específica, embora tenha cursado Psicologia da Aviação. O mesmo disse ter procurado se capacitar para o atendimento da demanda, mesmo que não o tenha feito de forma específica, como segue abaixo:

“Não existe uma especialização específica que nós psicólogos podemos fazer, porém fiz esse curso de aviação. Estudei bastante, uma das minhas especializações é dependência na Unifesp, assim como nas áreas hospitalar, clínica, jurídica” (Psicólogo II). 

II – Perfil dos Comissários de Voo

De acordo com as informações oferecidas pelos psicólogos participantes, os comissários de voo apresentam um perfil sedutor, que sente atração pela falta de rotina oferecida pela profissão, adora conhecer lugares e pessoas novas, entre outros, como verifica-se na figura abaixo e exemplos de relatos:

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Figura 1 – Perfil dos comissários de voo

Exemplos de relatos:

“No primeiro momento acho que o que atrai os comissários são as vantagens, de se sentirem independentes, libertos, não ter uma rotina, não ter horários fixos, conhecer muitas pessoas, ter a oportunidade de conhecer muitos lugares. Você sente que é uma profissão glamorosa, porém depois que ele está lá, percebe que não é bem desse jeito, é difícil entrar e também é difícil se manter” (Psicólogo I).

“Os comissários são mais sedutores, tentam seduzir e barganhar mais” (Psicólogo II).

III – As principais queixas dos Comissários de Voo 

De acordo com a fala dos psicólogos entrevistados, as queixas trazidas pelos comissários de voo são relacionadas a sua vida profissional e na maioria das vezes, estão ligadas ao longo tempo que passam fora de casa, a alta carga horária e as pressões advindas das responsabilidades no trabalho. Essas queixas, afetam não só os comissários, mas principalmente seus familiares.  Entre as queixas mais comuns, estão o estresse, a ansiedade, os sintomas depressivos e o abuso de substâncias psicoativas, como segue a figura e demais exemplos abaixo:

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Figura 2 – Queixas dos comissários de voo

O primeiro psicólogo relatou como queixa o abuso de substâncias psicoativas, em razão da maioria dos comissários que chegam até seu consultório, o fazerem em decorrência exames toxicológicos positivos.

“É um projeto da ANAC e já tem mais de 30 anos. As empresas aéreas foram obrigadas a implantar esse serviço dentro das empresas individuais. Tem o toxicológicos (…), tem dois tipos: o aleatório ou o da denúncia. O da denúncia é sigiloso, aí dando positivo, o comissário sai de escala e vem para mim” (Psicólogo I).

Já o segundo psicólogo destacou como queixa principal a pressão profissional e disse que a exposição constante a ela pode causar os sintomas de ansiedade e estresse.

“A maior queixa dos comissários é o estresse, porque eles vivem o tempo inteiro sob pressão, eles têm que oferecer segurança, eles têm que oferecer conforto, eles precisam transparecer isso para as pessoas. Então, eles estão sempre sob pressão. Eles apresentam ansiedade e depressão. A depressão não como patologia, mas os sintomas depressivos. Esses sintomas, às vezes se estendem durante um período, de repente acaba aumentando e eclodindo, e a pessoa precisa se afastar” (Psicólogo II).

IV – As principais causas de afastamentos dos Comissários de Voo

As causas de afastamentos mais comuns dos comissários de voo, são:  ansiedade, transtornos depressivos e o uso de substâncias psicoativas, como segue a figura abaixo e exemplos de relato:

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Figura 3 - Causas de afastamento

Exemplos de relatos:

“No caso das mães, já teve muitos casos de afastamento por depressão pós-parto. Algumas comissárias que se tornam mães e ficam afastadas durante o período de licença maternidade, não querem voltar depois, pois têm medo e sentem culpa por não estarem perto de seus filhos” (Psicólogo I).

“Comigo, a principal causa de afastamento é o uso de substâncias, né?!  Uso de maconha, de cocaína e de ecstasy” (Psicólogo II).

V – As relações interpessoais e os vínculos dos Comissários de Voo

O primeiro psicólogo entrevistado não possuía informações acerca das relações interpessoais e dos vínculos dos comissários de voo, por atuar em um ambiente de trabalho que tem pouco contato com queixas relacionadas à questões de foro íntimo.

Já na fala do segundo psicólogo, foi possível verificar que as relações interpessoais e os vínculos dos comissários de voo são afetados em razão do horário de trabalho ser estabelecido por escalas, o que faz com que enfrentem distância do núcleo familiar e amigos, assim como também, dificuldade em reencontrar os colegas de trabalho, como segue o exemplo de relato abaixo:

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