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A HISTORIA DA LOUCURA

Por:   •  6/9/2015  •  Resenha  •  1.242 Palavras (5 Páginas)  •  223 Visualizações

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RESENHA- HISTORIA DA LOUCURA

Na primeira destas obras, a História da Loucura, publicada em 1961, Foucault percebe o nascimento do objeto “loucura” em meio a uma ampla gama de discursos, que historicamente permitem seu aparecimento. Foucault chama essa análise de “percepção”, onde a relação teórica e prática estabelecida com o louco é intrinsecamente ligada aos processos de exclusão institucional. Outro ponto da análise é o clareamento da noção de descontinuidade. Nada pressupõe, que haverá um princípio linear entre uma primeira percepção da loucura, e a posterior formulação “científico-conceitual” da mesma.

No seu livro posterior, O Nascimento da Clínica, de 1963, Foucault prossegue as análises arqueológicas, deslocando todavia seu objeto: não mais a doença mental, mas a própria doença; não mais a psiquiatria, mas a própria medicina moderna, a partir do século XIX. Em suma, é a mudança da forma de visibilidade, do olhar, e sua linguagem, em relação intrínseca com a experiência médica. É a partir das relações entre olhar e linguagem que o método foucaultiano procurará dar conta das rupturas que afetaram o conhecimento médico, procurando desvendar aquilo que mais profundamente caracteriza e possibilita tal forma de conhecimento.

Já no terceiro livro desta “série”, As Palavras e as Coisas , de 1966, o interesse de Foucault passa a ser as Ciências Humanas. Pretende demonstrar a operação de algumas mudanças: enquanto na época clássica a história natural, com suas análises sobre os seres vivos, as gramáticas, com os estudos das gramáticas gerais, e os fisiocratas, com os estudos das riquezas, fixavam suas análises ao nível das representações, as novas ciências empíricas que sucedem estes discursos vão produzir uma mudança radical. Estas chamadas “ciências empíricas”, a biologia, economia e filologia, modificam não apenas seus objetos específicos de conhecimento, mas a própria condição do homem como objeto do conhecimento. Este homem não é mais visto segundo a lógica das representações, mas como o próprio objeto a ser estudado e desvendado por estas ciências.

A tese de Foucault é de que as Ciências Humanas surgem exatamente na distância que separa os níveis empírico e transcendental, que para Foucault é o espaço da representação. Não a representação da época clássica, mas sim como um “fenômeno de ordem empírica que se produz no homem".

As ciências humanas estudam o homem enquanto ele se representa na vida na qual está inserida, sua existência corpórea, a sociedade em que se realiza o trabalho, a produção e a distribuição, e o sentido das palavras.

A Arqueologia do Saber:

Arqueologia do Saber não é apenas a formulação de um método destas pesquisas anteriormente realizadas, e muito menos apenas uma proposta para as próximas pesquisas. O interesse de Foucault centra-se no discurso real, pronunciado e existente como materialidade. A definição de todo seu método se construirá na definição dos principais objetos: o discurso, o enunciado e o saber.

Os sujeitos e objetos não existem a priori, são construídos discursivamente sobre o que se fala sobre eles.

A prática discursiva se define como um “conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço, é a relação do discurso com os níveis materiais de determinada realidade. Estabelecido como um regime de prática, os discursos são analisados a partir dos documentos, entendidos como monumentos. Todas as ciências se localizam em campos do saber.

Foucault define enunciado como uma função de existência, que cruza um domínio de estruturas e de unidades possíveis, e as faz aparecer com conteúdos concretos, no espaço e no tempo. Existe uma diferença entre enunciado e enunciação, só existindo enunciado quando o mesmo possui possibilidade de repetibilidade, diferente de uma frase proferida, que não poderá ser repetida. Desta forma, o enunciado depende de uma materialidade, que é sempre de ordem institucional.

A Formação Discursiva:

Para compreender como se efetuam as relações entre os enunciados nos campos de saber, Foucault lança mão de quatro hipóteses: 1) o conjunto se refere ao mesmo objeto; 2) as relações se definem pela forma e tipo de encadeamento, ou um “estilo”; 3) grupos de enunciados a partir de sistemas de conceitos permanentes; 4) encadeamentos por um eixo de temas. Foucault as lança, para logo após refutá-las. E as refuta pois nenhuma delas encerra na totalidade a construção dos grupos de enunciados, ou seja, dos discursos.

Ou seja, a proposta de Foucault vai na direção de buscar as regularidades que existem por trás da dispersão de elementos, regularidades estas que são resultado de um processo de formação discursiva.

A arqueologia procede não apenas sobre textos da ciência, mas também em textos jurídicos, na literatura, na filosofia, nas decisões políticas e na vida cotidiana. Uma determinada formação discursiva transita sob os mais variados campos e

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