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Resumo do capítulo O grande medo - História da loucura

Por:   •  28/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.808 Palavras (8 Páginas)  •  1.547 Visualizações

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UFG Catalão

Disciplina: Psicopatologia na infância

Docente: Renata Wirthmann

Discentes: Efigenia de Fátima, Gabriella Martins, Laura Ramos e Luciana Gonçalves.

Resumo O Grande Medo (capítulo 10) de História da Loucura – Michel Foucault

 Introdução

“Eu era para eles o hospício todo”

   Foucault começa o capítulo, em sua introdução, citando Descartes, que diz que, se ele era capaz de duvidar “estarei louco?”, ele ainda está em capacidade racional. Se ele estivesse louco de fato, ele não seria capaz de ter consciência sobre. Esse seria um dos poderes de quem comete ou é desatino (fora do bom senso). Assim, naquele período, toda pessoa que agisse diferente do bom senso conhecido era louca.

   Para separar o desatino da loucura Foucault usa Neveu de Rameau (sobrinho de Rameau), um diálogo filosófico de Diderot escrito no inicio do século 18, que se baseia basicamente em um diálogo do filósofo consigo mesmo por dois personagens, um que ensina e outro "composto de bom senso e de desrazão".  Foucault resgata da idade média o bufão, palhaço, como um desatino superficial, que é aquele que vive às margens das formas de razão, por não ser como os outros, porém ainda integrado a ela. Ele é objeto daqueles que possuem a razão, pois ela alienada precisa da loucura para existir como razão, não se firmando pela sua própria identidade. A razão não pode firmar-se pela existência da loucura caso não possua a loucura em si própria. O desatino não suporta ser quem não é, ele se manifesta, ele usufrui da posição que o colocaram.

   Não é mais preciso passar pelas incertezas do delírio para interrogar a razão, mas pelo próprio fundo do desatino. Assim o delírio é ressignificado como algo que faz parte da razão e o desatino deixa de ser reconhecido como “o oposto” para ser visto como uma máscara familiar.

   Porém, o delírio continua preso em sua solidão e não considerado integrante do espaço da razão e do bom senso. Assim pessoas que passaram da linha do equilíbrio do desatino, como Van Gogh e Nietzsche, experimentaram a solidão dessa posição em que foram jogados, a posição da loucura, mesmo desfrutando de seu fascínio e sensibilidade.

   Assim ficam as perguntas: “Por que não é possível manter-se na diferença do desatino? Por que será sempre necessário que ele se separe de si mesmo, fascinado no delírio do sensível e encerrado no recuo da loucura? Como foi que ele se tornou a tal ponto privado de linguagem? Qual é, então, esse poder que petrifica os que uma vez encararam-no de frente, e que condena à loucura todos os que tentaram a provação do Desatino?” (pág.386)

  O Grande Medo

   O sentido de Le Neveu de Rameau não era passível de compreensão pelo século XVIII. O desatino que se encontrava longe, devido à distância do internamento e desligado gradativamente das formas naturais da loucura, volta com novos riscos. Todavia, o começo do século XVIII apenas compreende o desatino como um hábito social, deixando de lado seus questionamentos. “As roupas rasgadas, a arrogância em farrapos, a insolência que se suporta e cujos poderes inquietantes são calados através de uma indulgência divertida.” (Foucault, 1972, p.387).

   Desde o momento em que foi instaurado o Grande Internamento, foi a primeira vez que o louco foi visto como um ser social, o que, consequentemente, permite um diálogo com ele. O desatino reaparece e ganha espaço na sociedade. Em personagens como Mercier é possível encontrar características acerca do que o século XVIII considerava desatino.

      “Suas conversas, sua inquietação, esse vago delírio e, no fundo, essa angústia, foram vividos de maneira bastante comum e em existências reais cujos rastros ainda se podem perceber. “(Foucault, 1972, p.388)

   No momento em que se acreditava ter encoberto o desatino, ele ressurge. Todavia, o medo não era um sentimento que se encontrava longe das pessoas. Em períodos anteriores o medo era o de ser internado. De forma abrupta, eis que surge um medo. Esse medo que se postula em termos médico, na verdade, é baseado na moral. As casas de internamento, portanto, apresentam-se como detentoras do próprio mal, o que, consequentemente, provocará a difusão desse mal, contaminando corpos e almas. Teme-se que o ar contaminado corrompa todos os bairros da cidade. “A casa de internamento não é mais apenas o leprosário afastado das cidades: é a própria lepra diante da cidade.” (Foucault, 1972, p. 389).

   Aquele mal que vinha tentado ser excluído com as casas de Internação reaparece com caráter fantástico. As cidades, lentamente, serão contaminadas pelo vício e pela podridão. O desatino, que agora está presente mais uma vez, é assinalado por um indício de doença juntamente com seus poderes assustadores.

      “Bem antes de formular-se o problema de saber em que medida o desatino é patológico, tinha-se constituído, no espaço do internamento e por uma alquimia que lhe era própria, uma mistura entre o horror do desatino e as velhas assombrações da doença. “(Foucault, 1972, p.391)

    A medicina antes de ser convocada para distinguir o caráter patológico do desatino, isto é, separá-lo do que era crime ou algum mal, se relacionava com ele por meio do medo. A medicina vem para proteger a população de todo o perigo que a casa de internação poderia apresentar.

   A grande reforma da primeira metade do século XVIII tem origem no anseio de diminuir a contaminação do ar e impedir que esse mal atinja todos os locais da cidade. Qualquer local de internamento deveria ser isolado e rodeado por um ar puro. Posteriormente, haverá o sonho de um internamento esterilizado, uma maneira de se defender de todos os males.

Na época Clássica, a loucura ainda não havia se separado do desatino. Contudo, na segunda metade do século XVIII:

      “O medo da loucura cresce ao mesmo tempo que o pavor diante do desatino, e com isso as duas formas de assombro, apoiando-se uma na outra, não param de reforçar-se mutuamente. E no exato momento em que se assiste à libertação dos poderes imaginários que acompanham o desatino, multiplicam-se as queixas sobre as devastações da loucura.” (Foucault, 1972, p.396)

A classificação da loucura se situa numa moldura temporal, histórica e social. A consciência temporal dela precisou de uma elaboração de conceitos novos e reinterpretação de temas antigos, seguindo a mudança de acordo com a evolução da civilização. Fala-se sobre a relação da loucura com o mundo, crenças que falavam sobre a influência da natureza nos espíritos animais, sistema nervoso, imaginação e doenças da alma.

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