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A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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Por:   •  19/3/2014  •  9.457 Palavras (38 Páginas)  •  663 Visualizações

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A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Katyane Lima Sousa

Pedagoga formada pela Universidade de Franca

Pós graduada em Práticas de Letramento e Alfabetização - Universidade Federal São João del-Rei

Orientadora: Marília Carvalho Caetano Oliveira (Doutora em Linguística e Língua Portuguesa)

Resumo: O presente artigo visa discutir a importância dos contos de fadas nos anos iniciais do ensino fundamental. Para tanto, serão apresentadas sua origem, sua importância literária, a influência deste gênero como formação da identidade e personalidade da criança e sua percepção como eixo desencadeador para um trabalho sistemático dentro da sala de aula, que contribua no desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita. Para a execução deste trabalho, cuja natureza é bibliográfica, foram consultados autores como Bruno Bettelheim, que possui um estudo amplo em psicanálise sobre os contos de fada, além de outros nomes de nossa literatura, como Ana Maria Machado, e também documentos oficiais organizados pelo Ministério da Educação que orientam o trabalho em sala de aula.

Palavras chaves: Conto de fadas. Narrativas orais. Formação da identidade. Leitura e escrita.

1. INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade, os contos são narrativas populares que perpassaram inicialmente pela tradição oral. São narrativas simples, porém de grande complexidade, pois abordam assuntos de conflitos cotidianos até filosóficos e psicológicos, geralmente abordados através da formação moral e dos pólos opostos como, por exemplo, a bondade e a maldade, a beleza e a feiúra entre outros. Segundo Bettelheim (2007):

Estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré- conscientes e inconscientes [...] começam onde a criança realmente se encontra no seu ser psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente compreende. (BETTELHEIM, 2007, p.72)

A escrita foi a responsável pela difusão e aprimoramento literário dos contos tais como conhecemos atualmente. Para que as histórias populares adentrassem as cortes, os contadores faziam adaptações, acrescentavam detalhes descritivos e, assim, as narrativas passaram a ser melhor elaboradas, com maior refinamento da linguagem. Rego (1995) esclarece tal perspectiva:

Quando escrevemos, dispomos de maior tempo para refletir sobre a forma da mensagem que queremos transmitir. O produto final de uma produção escrita não contém, portanto, as hesitações, as sentenças incompletas que normalmente ocorrem quando as pessoas falam. Poderíamos dizer que a língua escrita é um produto linguístico mais depurado. (REGO, 1995, p.11).

No plano da escrita, não existe o apoio contextual como cenário, por isso é necessário explicitá-lo, há a necessidade de precisão, seleção das palavras, a fim de que mensagem não fique obscura, pois o interlocutor não estará lá para dar mais esclarecimentos caso falte alguma informação. Rego (1995, p.10) salienta que as “palavras funcionam como matéria–prima da criação artística” na literatura e que a língua escrita é uma fonte criativa em que “o uso da linguagem caracteriza-se, portanto, por ser mais sistemático e por estar imbuído de senso estético que efetivamente temos quando conversamos”.

Dentro desta lógica de ouvir narrativas orais e organizá-las na linguagem escrita, que desenvolveu este gênero literário, percebemos um simulacro deste contexto em sala de aula. As crianças, desde a educação infantil, são introduzidas ao mundo das narrativas dos contos de fadas. A partir dos conceitos referenciados por tais estórias, vão criando modos de inferência no meio social e assimilando questões específicas da linguagem escrita. Quando ingressam no ensino fundamental, todos os parâmetros de sistematização da aprendizagem podem ser permeados através desta base literária.

Assim sendo, o presente trabalho visa discorrer acerca dessa funcionalidade dos contos de fada como forma de mostrar o quão positivo pode ser esta abordagem para o desenvolvimento integral da criança e como a escola pode utilizar este gênero literário para que possa construir meios de desenvolver o letramento nos anos iniciais do ensino fundamental.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A origem dos contos de fadas

Desde os primórdios, os homens lançaram-se em narrativas no objetivo de transcender conhecimentos e valores. Nesta busca, tentavam vencer os anseios e os mistérios através da magia, sempre acima e em auxilio às deficiências humanas, conforme relata Alencar (2000):

Na Grécia Antiga, poemas épicos e festivais de teatros emprestavam corpo e alma a criaturas místicas. Na Idade Média, camponeses miseráveis sentavam-se à beira da fogueira para ouvir enredos maravilhosos sobre reis, rainhas, palácios e tesouros. E por breves momentos apossavam-se dos papéis principais - aqueles que jamais desempenhariam na vida real. Em sua catarse, derrotavam gigantes, desafiavam bruxas, descobriam a galinha dos ovos de ouro e conquistavam a felicidade eterna. Essas histórias chegaram aos ouvidos da corte, onde foram repetidas por menestréis para deleite das damas de fino trato e dos cavaleiros galanteadores. (ALENCAR, 2000, p. 44).

Dessa forma é que se desenvolveram a maior parte dos contos como conhecemos hoje. Como podemos perceber, eram contos narrados a partir e para toda a sociedade. Naquele momento não havia distinção entre faixas etárias e o conceito de criança era inexistente: viviam e eram tratadas como miniaturas de adultos. A esse respeito, Lajolo (2008, p. 23) alerta que “a noção de criança está condicionada à construção histórica de cada época, consequentemente, quando assumimos um conceito, por exemplo, de ‘literatura infantil’, é necessário retomar o que era infância naquele determinado momento”. Os enredos destas histórias eram envolvidos em cenas de violência, erotismo, seres animalescos, entre outras muitas fantasias, mas que mantinham um paralelo bem próximo do mundo real.

Dentro deste parâmetro literário, temos também como destaque o

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