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A Importancia Entre A Relaçao Da Construçao De Textos Do Genero Do Narrar E A Linguagem Corporal

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Por:   •  9/10/2013  •  1.186 Palavras (5 Páginas)  •  697 Visualizações

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nuel Bandeira, em seu Itinerário de Pasárgada, comenta: “homem nenhum pode ser inatual, por mais força que o faça. O vocabulário, a sintaxe podem ser inatuais; as formas de sentir e de pensar, não. Somos duplamente prisioneiros: de nós mesmos e do tempo em que vivemos" (1983, p. 91). As palavras do poeta pernambucano, escritas em 1954, podem nos servir para pensar nosso próprio tempo e, com ele, as narrativas que o querem representar. Para falar de representação, entretanto, é necessário demarcar a fronteira em que esse termo se insinua. Não queremos afirmar que tais narrativas ajam como reprodutoras da realidade externa a elas, mas que, mais amplamente, atuam num processo sígnico em que é possível traçar um paralelo metonímico entre o representante e o representado.

O pressuposto de Bandeira de que o homem não foge a seu próprio tempo está em sintonia com o romance Budapeste, de Chico Buarque, o qual elegemos para pensar as questões da chamada pós-modernidade, cujas interrogações constantes se repetem em grande parte das publicações que enfrentam o problema de circundar o tema.

Precisamos, de início, voltar nossos olhares para uma possível compreensão desse período de tempo, que, já batizado, ainda não mereceu um nome próprio, mas uma categorização de posterior a algo, no caso, posterior à modernidade. Ana Lúcia Almeida Gazolla (1994), ao comentar a contribuição de Fredric Jameson afirma: “a base de toda polêmica é, evidentemente, o tipo de relação que se postula entre a modernidade e a pós-modernidade” (p. 8). Cremos estar nesse ponto-chave a origem da desavença quanto ao termo. Ao passo que um pensador como Jürgen Habermas vê as mudanças como oposições sistemáticas à modernidade e seu ideário de propalada continuidade do projeto iluminista, J-F. Lyotard (1998), por sua vez, encara o processo como uma fase da própria da modernidade, vista - ainda que valorizadas suas especificidades - muito mais como uma “condição pós-moderna”. É certo que os dois teóricos podem ser apontados como diametralmente opostos quando a questão é o estatuto da pós-modernidade. Para além de ambos, nomes como o do polonês Zygmunt Bauman, oferecem à problemática uma nova via de acesso e leitura. Ao opor o período atual como “líquido” (2003), em contraposição à solidez da alta modernidade, Bauman recupera a idéia de Marx, também evocada por Berman (1986), de que “tudo que é sólido desmancha no ar”. Tal menção, parece, contudo, fazer eco à “lógica da dispersão” (Gazolla, 1994, p. 9) proposta por Lyotard, menos totalizante do que as idéias defendidas por Habermas.

É certo que, apesar de toda discussão em relação à valia do termo e sua identidade perante a modernidade, um ponto pode ser vislumbrado em todas as reflexões do assunto que se pretendam mais abrangentes. O elo da pós-modernidade com o capitalismo, sendo esta não mais do que “a lógica cultural do capitalismo tardio” (Jameson, 1997), vêm sendo reafirmado por quem se dedica ao assunto. Ainda segundo Gazolla,

Qualquer que seja a posição que se tome, e seja positiva ou negativa a avaliação do pós-moderno, o que está verdadeiramente em questão, mesmo que sob a fachada do estético, é uma visão de história e de práxis que carrega marcas de relações de poder e coloca em relevo o problema do político. (1994, p. 8)

Dessa maneira, vislumbramos para além dos territórios ocupados pela arte - da qual faz parte nosso corpus neste artigo - o alcance de uma condição pós-moderna, para usar o termo lyotardiano, que atinge (ou pode partir de) um universo político e econômico. Tal questão, por conta das ramificações que exige, não pode ser tratada a fundo no presente texto. É, entretanto, por meio de uma análise do citado romance buarqueano, que pretendemos discuti-la.

O carioca Chico Buarque publicou, no ano de 2003, seu terceiro romance, intitulado Budapeste. A obra, uma das mais intrigantes e férteis produções da literatura brasileira recente, recebeu, no mesmo ano de lançamento, o Prêmio Jabuti de Literatura. Antes de sua publicação, Buarque havia editado dois outros romances: Estorvo, em 1992, e Benjamim, em 1995. É curioso observar que apesar de ter escrito e apresentado diversas peças de teatro durante as décadas de setenta e oitenta, entre elas a premiada Ópera do Malando (1978), foi somente no último decênio do século XX que o autor se enveredou pelo gênero romance. Embora tenha conseguido progressivos sucessos com a publicação de seus livros, é devido a sua contribuição à Música

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