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Análise Literária Memórias Póstumas de Brás Cubas

Por:   •  9/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.923 Palavras (12 Páginas)  •  174 Visualizações

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Instituto Federal de Educação, Ciência e                      Tecnologia de Santa Catarina

Curso Técnico Integrado em Alimentos - 2°ano

Unidade Curricular de Língua Portuguesa

Docente: Maristella Letícia Selli Mallmann

Discente: Clara Cristina Ansolin

Análise Literária: Memórias Póstumas de Brás Cubas

A grotesca flor da moita

Machado de Assim inaugura em 1881, com “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o Realismo no Brasil. A história fora publicada como folhetim entre março e dezembro de 1880 na Revista Brasileira, vindo no ano seguinte a ser lançada como livro.

Machado tem sua obra focada na análise interior dos personagens, seu comportamento e suas individualidades. Neste ponto, o escritor diferencia-se de outros romancistas de seu tempo, que preferem retratar o espaço externo e a sociedade vinculada a um determinado ambiente. “Memórias Póstumas” foi lançado em um período histórico do Brasil, marcado por debates político-sociais de grande magnitude, pelos movimentos republicanos contrários à Monarquia e por campanhas abolicionistas em prol do fim do regime escravocrata. 

Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908.

Memórias Póstumas de Brás Cubas chama menos atenção pelo enredo do que pela forma narrativa. Quem conduz o romance é um defunto autor, filho abastado da elite brasileira do século XIX, que depois da sua morte, causada por pneumonia, decide narrar em livro a história de sua vida. É uma obra transtemporal, ou seja, não há preocupação com a sequência cronológica. Começa pela sua morte, descreve a cena do enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância. Os episódios sucedem-se em idas e vindas, de acordo com as lembranças no narrador. Machado de Assis nessa obra combina ironia, pessimismo e uma dose de humor em sua observação crítica do comportamento do ser humano.

A obra analisada é do ano de 2005, edição 3 da Avenida Gráfica e Editora Ltda, a qual conta com 209 páginas e 160 capítulos. Quem conduz o romance é um defunto autor, como o mesmo confirma no capítulo 1 “É que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço” (ASSIS, 2005, p.12), que depois de sua morte decide narrar a história de sua vida. O livro é narrado em primeira pessoa e como o autor já está morto, ele narra os fatos da forma que melhor lhe convém, não importando-se com a opinião do leitor, como demonstrado neste trecho “A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.” (ASSIS, 2005, p.11).

 O narrador é narrador observador e protagonista, conduzindo o leitor pela sua visão de mundo, como mostrado neste trecho do capítulo 2, “Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo” (ASSIS, 2005, p.14). Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas dão acesso aos bastidores da sociedade carioca do século XIX. Neste trecho do capítulo 13, no qual o defunto conta da sua infância é possível confirmar o lugar que a história se passa “Um pajem que nos deixava gazear a escola, ir caçar ninhos de pássaros, ou perseguir lagartixas no morro do Livramento e da Conceição” (ASSIS, 2005, p.39).

O tempo em que passa o romance é o século XIX, como o próprio título do capítulo 12 enfatiza “Um Episódio de 1814” (ASSIS, 2005, p. 33). Neste trecho do mesmo capítulo há mais uma confirmação da época retratada no livro “Mas eu não quero passar adiante, sem contar sumariamente um galante episódio de 1814; tinha nove anos.” (ASSIS, 2005, p. 33).

Machado de Assis transmite humor irônico por meio da linguagem do narrador Brás Cubas. Não há excessos de adjetivação nem idolatria cega a personagens ou cenários. A narração é crua e direta. Além de contar episódios marcantes de sua vida, Brás troca com frequência, palavras com o leitor, recurso chamado de metalinguagem, como mostrado neste trecho do capítulo 4 “A minha ideia, depois de tantas cabriolas, constituíra-se ideia fixa. Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa; antes um argueiro, antes uma trave no olho.” (ASSIS, 2005, p. 16). Outra figura de linguagem utilizada pelo autor é a metáfora, como presente no capítulo 11 “Dessa terra e desse estrume é que nasceu esta flor.” (ASSIS, 2005, p.33). A ironia também fora um recurso muito empregado nesta obra, estando presente logo na dedicatória do livro “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.” (ASSIS, 2005, p.7). A figura de linguagem comparação também foi muito utilizada por Machado, pode-se observar um exemplo neste trecho do capítulo 4 “Mal comparando, é como a arraia-miúda, que se acolhia à sombra do castelo-feudal.” (ASSIS, 2005, p.16).

O discurso empregado pelo autor é tanto direto quanto indireto. Um exemplo de discurso direto pode ser observado neste trecho do capítulo 104 “- Que é isto? exclamou Virgília. Você por aqui? - Ia passando, vi Dona Plácida à janela, e vim cumprimentá-la.” (ASSIS, 2005, p.157). E para o discurso indireto pode-se usar um trecho presente no capítulo 14 “Três dias depois perguntou-me meu tio, em segredo, se queria ir a uma ceia de moças, nos Cajueiros” (ASSIS, 2005, p.41).

O livro como já citado é sobre a vida de Brás Cubas, que é uma pessoa sem objetivos e não alcança qualquer realização marcante. Possui personalidade leviana e mesquinha e tira proveito e vantagem das situações, sempre que pode. Bom observador da vida e da sociedade sobre as quais faz reflexões inteligentes. Diferentemente do que se esperaria de um narrador protagonista, ele revela os piores traços de sua personalidade, liberado das consequências por sua cômoda posição de defunto autor, que não tem mais nada a perder. No capítulo 14, Brás narra um pouco sobre a sua juventude, como neste trecho. (ASSIS, 2005, p.39)

Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino.

Como personagem secundária do romance aparece Virgília, que é filha do conselheiro Dutra. Depois casada com Lobo Neves, torna-se amante de Brás Cubas durante longos anos. É uma mulher bonita, de razoável sensualidade, interesseira e de pouca responsabilidade, traços que lhe confere certa leviandade.

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