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Bioética e a energia nuclear: desafio ou oportunidade?

Por:   •  5/10/2015  •  Artigo  •  2.928 Palavras (12 Páginas)  •  683 Visualizações

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ENERGIA NUCLEAR E A BIOÉTICA: DESAFIO OU OPORTUNIDADE

                                                                           

Giulia Menegon Moura Loureiro*, Clarissa Bolten Lucion Loreto, Isabella de Freitas Kahl, Tiago Rosek Reinoso, Gabriel de Moraes Deolindo. Maria Inês S. Melecchi.

*giuliamenegon@yahoo.com.br 

Resumo

        O artigo em questão apresenta uma análise reflexiva acerca da bioética envolvida na utilização da energia nuclear e suas consequências em âmbito mundial, tais como a ocorrência de mutações gênicas causadas pela exposição aos raios ionizantes e as inovações na área da biotecnologia. Serão utilizados fatos históricos referentes ao contexto da Segunda Guerra Mundial e do Projeto Manhattan afim de trazer à luz os prós e contras do avanço tecnológico e científico a partir da descoberta da fissão nuclear e da construção das primeiras bombas atômicas.

Palavras-chave: Bioética. Projeto Manhattan. Avanço científico. Mutação gênica.

  1. Introdução

        O seguinte trabalho destina-se a realizar uma análise acerca das consequências causadas pela explosão das primeiras bombas atômicas e o avanço da ciência nuclear no cenário da Segunda Guerra Mundial, fazendo desta forma um paralelo com o Projeto Manhattan, e demonstrando os riscos e os benefícios da utilização destas novas tecnologias.

        Temos como objetivo inicial trazer à luz fatos e acontecimentos posteriores aos ataques as cidades de Hiroshima e Nagasaki, e aos acidentes nas usinas nucleares de Fukushima e Chernobyl, referentes as mutações de ordem gênica que se sucederam, visando a reflexão sobre a ética envolvida nos processos e utilização desta nova forma de energia, principalmente no que diz respeito aos fins bélicos e energéticos, bem como os riscos à saúde mundial.

        Posteriormente, colocaremos em pauta as inovações na área da biomedicina, que só foram possíveis através das descobertas alavancadas pelo Projeto Manhattan, configurando-se atualmente como uma nova perspectiva sobre os destinos da pesquisa e da biotecnologia.

        Ao mesmo tempo que novas possibilidades e esperanças vem sendo criadas em relação à aplicação do conhecimento adquirido, desde o final da Segunda Guerra Mundial, e ainda no contexto da Guerra Fria, o mundo sofre com uma ameaça invisível, que se esconde por trás dos arsenais e ogivas nucleares mantidas pelos países que detém o poder sócio-político e econômico. Temos o direito e o dever como cidadãos de buscar maiores informações sobre o tema e formarmos uma opinião própria com base nas conclusões obtidas.

       Diante do cenário em que vivemos, faz-se mister a necessidade de análise ao Princípio da Responsabilidade, presente no trabalho do filósofo alemão contemporâneo Hans Jonas, que faz uma reflexão crítica e rigorosa a respeito da ciência moderna e de seu braço armado, a tecnologia.

        É providencial termos em mente que a ciência não possui necessariamente a missão de salvar a humanidade ou destruí-la, porém, detém poderes ambivalentes sobre o seu desenvolvimento futuro e é nosso intuito, ao longo do desenvolvimento deste artigo, apresentar aspectos positivos e negativos da sua aplicação hodiernamente.

O desafio da futura bioética é que possuímos mais do que nunca conhecimento científico e capacidade tecnológica e não temos, entretanto, o menor sentido de como utilizar esse conhecimento e a tecnologia, sendo que a crise de nossa era é que adquirimos um poder inesperado e devemos usá-lo no caos de um mundo pós-tradicional, pós-cristão e pós-moderno.[1]

  1. Desenvolvimento científico e suas consequências

  1. Contexto histórico e Projeto Manhattan

        Desde o início da segunda grande guerra, por volta do ano de 1942, iniciou-se uma corrida mundial visando à construção de uma arma de destruição em massa utilizando os processos de fissão nuclear. Este seria o ponto chave para o desfecho do conflito. Os países envolvidos nas pesquisas fundaram o Projeto Manhattan, com liderança dos Estados Unidos. Tal fato possibilitou a vitória dos Aliados e a construção das primeiras bombas atômicas após árduos anos de pesquisa.

        Tendo em vista o tema a ser abordado, daremos início a pesquisa com uma explanação acerca do conceito de mutação gênica, bem como sua ocorrência devido ao contato com a radioatividade. Exemplificando e retratando desta forma os casos de exposição à energia radioativa após a explosão das bombas no ano de 1945 nas cidades de Hiroshima e Nagasaki.

  1.  Casos de mutação gênica por radiação ionizante

        Podemos dizer de uma forma geral que as mutações são mudanças nas sequências de nucleotídeos do DNA (ácido desoxirribonucleico) devido à substituição de uma ou mais bases nitrogenadas, que acabam ocasionando alterações nos seres vivos e podem levar a ocorrência das mais diversas patologias. Temos como exemplo principal deste tipo de modificação os sobreviventes dos ataques as cidades japonesas no desfecho da guerra.

        Além das milhares de mortes instantâneas causadas pela explosão, foram registrados ao longo dos últimos anos cerca de 70 mil mortos devido as doenças originadas pelo contato com a radioatividade. Além disso, devemos estar atentos à lembrança desta calamidade que não pode ser apagada, amenizada ou esquecida, pois se encontra na herança genética deixada por aqueles que vivenciaram o evento e seus descendentes, que herdaram e armazenaram as falhas em seu genoma na forma dos chamados eventos estocásticos[2].

       É nosso dever dissertar de forma mais técnica a respeito do contato com a radiação no tocante às reações ocasionadas pelas diferenças do comprimento da onda, da quantidade, duração e intensidade de exposição à energia, bem como a predisposição do indivíduo a desenvolver tais fenômenos.

        As radiações ionizantes são agentes mutagênicos que determinam a ocorrência de fenômenos físico-químicos que alteram o funcionamento do organismo em nível celular e até mesmo molecular, podendo dar origem às chamadas alterações morfológicas e funcionais de células e tecidos, ocasionando por exemplo o surgimento dos mais diversos tipos de câncer, bem como a alteração nas estruturas germinativas, que transmitirão à falha as gerações posteriores.

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