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ENSAIO PRA SEGUNDA PELO AMOR DE DEU

Por:   •  22/8/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.122 Palavras (9 Páginas)  •  135 Visualizações

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               Através desse ensaio literário venho apresentar minhas análises literárias, sociais e criticas observadas nas obras: “O nome da Rosa”, o primeiro best-seller da autoria de Umberto Eco.

Umberto Eco, filho de Giulio Eco e Giovanna Eco, nasceu em 1932, em Alexandria na Itália. Ficou famoso mundialmente por seus escritos sobre semiótica, estética medieval, comunicação de massa, linguística e filosofia, além de trilhar uma concreta trajetória como mestre de Semiótica na Universidade de Bolonha, e dirigir a Escola Superior de Ciências Humanas nesta mesma instituição. Na literatura ele iniciou em 1980, com uma obra que o consagrou e foi um dos maiores sucessos literários do século XX, O Nome da Rosa. Seguiram-se a este lançamento O Pêndulo de Foucault (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (2000).

Eco foi considerado um dos expoentes da nova narrativa italiana, iniciada por Ítalo Calvino (1923-1985). Exerceu grande influência sobre os meios intelectuais ao estudar os fenômenos de comunicação ligados à cultura de massas, como histórias em quadrinhos, telenovelas e cartazes publicitários.

Em 1980 publicou "O Nome da Rosa", seu primeiro romance, que o consagrou. Ambientado em um mosteiro na Idade Média, pleno de erudição e intrigas, que foi um sucesso de vendas. Foi adaptado para o cinema em 1986, por Jean-Jacques Annaud, no qual o protagonista, Baskerville, foi vivido por Sean Connery.

O Nome da Rosa poderia ser apenas um romance policial, mas como se trata de um livro de Umberto Eco, é muito mais que isso.

A obra é uma história de detetive que se passa no século XIV. O personagem principal é um monge franciscano medieval, ou seja, é de um tempo em que não a nada parecido com as histórias de detetives. A ambientação poderia ser um contraste e todas as teorias e reflexões filosóficas ao decorrer da trama poderiam cansar o leitor e quebrar todo o encanto da obra. Além disso, todas as passagens em diferentes línguas e sem nenhuma tradução a ser vista podem tornar a obra de Umberto Eco um desafio a leitura.  

 

A história se passa na Era Medieval no ano de 1327. No livro, se passam na verdade duas histórias que são totalmente separadas, porém ao mesmo tempo são totalmente ligadas. Os personagens principais, o noviço, Adso de Melk, e o frei, Guilherme de Baskerville, chegam juntos a uma abadia na Itália, a convite do Papa e do Imperador da Itália, para uma conferência com a ordem franciscana para debater sobre o voto de pobreza, e ao mesmo tempo para investigar o assassinato de um noviço, ocorrido no dia anterior, sendo a trama principal e a chave desse ensaio.

Guilherme é extremamente inteligente, super-racional e que possui capacidades de dedução, que lembram Sherlock Holmes a quem Eco, inclusive já falou sobre ter se inspirado. Em um período de sete dias, diversos outros assassinatos e crimes acontecem, e o detetive tem que investigar para descobrir quem é o responsável pelos acontecimentos. Baskerville conclui que os crimes estão relacionados ao edifico da biblioteca da abadia. Uma biblioteca homérica, construída há séculos e aparentemente repleta de segredos, a começar, por exemplo, pela sua estrutura: construída no formato de um labirinto, onde se corre o risco de se perder e não mais encontrar a saída. Além disso, é um edifico totalmente fechado e totalmente proibido onde apenas o bibliotecário, senhor Malaquias, tem acesso a ela e é por meio dele os monges e outros membros da abadia chegam aos livros. Por conta disso, o trabalho de investigação de Guilherme torna-se mais complicado, mas não o impede de conseguir entrar de forma clandestina no local ao decorrer da história.

A história é narrada em primeira pessoa. O narrador, Adso de Melk, narra já na velhice agora já sendo um monge maduro e relatando os acontecimentos que aconteceram naquela abadia. Sendo noviço na época, Adso era muito ingênuo e nos conta a história quase como se estivesse se confessando. O tom de sua narrativa é de extrema humildade, e tenho certeza de que Umberto Eco emula a escrita dos monges piedosos daquele tempo. Ele não recorreu à saída fácil de retratar um monge hipócrita e repleto de defeitos, sem o menor relance de qualquer qualidade que. Adso olha para seu passado, avalia com discernimento os erros cometidos por ele mesmo, quando jovem, os erros do seu mestre, mas mantém sempre o olhar para Deus, centro e razão da sua vida. Adso é, portanto, a primeira grande vitória de Eco no seu livro de estreia, um dos motivos para seu livro ser tão bom e um dos principais responsáveis por situar o leitor em sua época, e ver aquele mundo sem anacronismo, mas com os olhos de um monge da Idade Média. Como dizer algo diferente após ler esta reflexão de Adso?

(Eco, 1980) “Os homens de outrora eram grandes e belos (agora são crianças e anões), mas esse fato é apenas um dos muitos que testemunham a desventura de um mundo que vai envelhecendo. A juventude não quer aprender mais nada, a ciência está em decadência, o mundo inteiro caminha de cabeça para baixo, cegos conduzem outros cegos e os fazem precipitar-se nos abismos, os pássaros se lançam antes de alçar voo, o asno toca lira, os bois dançam. Maria não ama mais a vida contemplativa e Marta não ama mais a vida ativa. Léa é estéril, Raquel tem olhos lúbricos, Catão frequenta os lupanares, Lucrécio vira mulher. Tudo está desviado do próprio caminho. Sejam dadas graças a Deus por eu naqueles tempos ter adquirido de meu mestre a vontade de aprender e o sentido do caminho reto, que se conserva mesmo quando o atalho é tortuoso. ”

Um segundo acerto de Eco é o ritmo da narrativa. Os primeiros movimentos são muito lentos, talvez até desajeitados, e parece que aquele colosso não conseguirá correr, apenas mover-se muito devagar. Assim eu estava até perto do meio do livro, que é dividido por grandes seções, que representam cada dia na abadia. As seções, por sua vez, são divididas pelos momentos de oração na liturgia das horas: Laudes, terça, sexta, nona, vésperas e completas.

(Eco, Nota, 1980) Matinas  (que vezez

 Naquela época, considerando que não havia relógios, esta era a maneira de marcar a rotina – algo muito importante – dos mosteiros e das abadias. Eco não vai direto para um assassinato ou para uma “cena com ação”. Ele e Adso passam pela Igreja e Adso descreve, com profusão de detalhes, o que vê, encanta-se com os símbolos, com as esculturas; vão ao scriptorium, onde os monges copistas fazem seu trabalho – copiar volumes para enviar a outras bibliotecas, copiar volumes emprestados de outras bibliotecas, restaurar e fazer cópias de livros mais velhos, ler, copiar, ler, copiar… Neste lugar, Adso não perde a oportunidade de descrever como cada monge realiza seu trabalho, de que horas até que horas, por onde saem, para onde vão, de onde vieram etc. Assim, Eco vai forçando uma imersão no século XIV, para que quando as motivações aparecerem, não nos surpreendamos negativamente, achando que o livro não soou convincente. O ritmo lento, entretanto, é uma impressão falsa, como já falei. Na verdade, é um gigante que começa a correr, e quando ele finalmente está correndo, o ritmo é alucinante e eu mesmo não conseguia parar de ler até chegar à última página.

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