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LITERATURA E ENSINO

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Por:   •  13/4/2014  •  7.287 Palavras (30 Páginas)  •  399 Visualizações

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Atividades

1)-Tendo em vista a proposta apresentada para o estudo de uma narrativa no Ensino Médio no capítulo “Literatura na escola: propostas metodológicas”, elabore unidade de ensino que contemple o gênero lírico, organizando os diferentes blocos de trabalho em uma sequência. Você decide como começar e que relações estabelecer entre os blocos.

O ensino da literatura nesse nível é focado na questão histórica e, nesse sentido, é transpassado por um dilema: os alunos reagem com indiferença às informações sobre história da literatura e relutam quanto à leitura de textos literários em si, quando não rejeitam simplesmente as duas alternativas. Na melhor das hipóteses, podem até apresentar um relativo interesse pelas obras ou pelo discurso histórico, mas, nesse caso, dificilmente tentam correlacionar às duas experiências. Ensinar história da literatura, portanto, significa, para o professor, conquistar os alunos tanto para a obra quanto para a narrativa de sua historicidade, num contexto em que a leitura ocupa um lugar exíguo no tempo dos jovens, e a história parece desnecessária para que alguém se sinta parte de um mundo tão intensamente presente quanto o de hoje, em que as referências se constroem, sobretudo, pela via dos meios de comunicação de massa digitais.

Ensinar literatura, pois, é nosso modo de resistência à reificação desumanizante operada pela vida cotidiana. Mas não se reduz a ler aquilo que os estudantes, sem nenhum pano de fundo histórico, podem compreender e apreciar. Daí a importância do passado literário: quanto mais recuada a obra no tempo, mais ela atesta a variabilidade humana e mais requer o conhecimento de seu cenário histórico. Por isso, história literária e leitura pura e simples de literatura devem seguir de mãos dadas, num projeto de educação com caráter pluralista como saída para a massificação implosiva da sociedade atual.

A escola, porém, não consegue nem levar os alunos a reconhecerem o legado literário com o qual convivem no dia-a-dia, nem os coloca em contato com o conhecimento histórico que pode dar sentido ao presente. O tipo de historicidade literária que os estudantes constroem a partir das aulas e estímulos culturais com os quais se relacionam não passa de um dever de buscar correspondência entre textos literários, muitas vezes não lidos e, assim, desconhecidos enquanto estética, e períodos da história da literatura, com certos fatos sociopolíticos postos em destaque, e listas de características estilísticas e temáticas a eles referidas, de modo empírico e arbitrário. Diante desse tipo de estudo, que importa aos alunos saberem que Machado de Assis pintou o retrato crítico da sociedade carioca do fim do século passado, na qual o tráfico de influências era uma das dominantes econômico-políticas e a hipocrisia moral era a tônica nos relacionamentos pessoais? Se eles não conseguem aproximar esses traços às condições sociais contemporâneas e não são capazes de avaliar como Machado criticou, dentro de seus romances, o seu tempo, a partir de procedimentos estéticos, não parece improvável que esses alunos se desinteressem pelos estudos e também por Machado.

O que estaria na raiz, portanto, dos problemas do ensino da história literária seriam, grosso modo, os modelos através dos quais os acontecimentos literários são agrupados e interpretados. Esses modelos remontam à era moderna, que se estende até a primeira metade do século XX. Não se aplicam aos dias de hoje, regidos por novas normas de conduta, voltadas ao momento presente, submetidos à pressão de informações fragmentadas e imediatas. O descompasso entre os modelos do passado e os jovens atuais poderia ser entendido como o núcleo da deshistoricização que observamos entre os adolescentes e jovens adultos de agora.

A noção de história como a passagem do tempo impregnada de projetos humanos para a transformação do estado presente, rumo a um futuro sempre melhor é o centro do pensamento moderno gestado durante o Romantismo alemão. É Herder que se encarrega, então, de conceber o curso da história como constituído de unidades discretas (períodos), dispostas pela ordem cronológica, em que o historiador literário descobre o espírito de época ou espírito nacional, o qual dá conta das manifestações culturais de um povo em determinado tempo. Hegel, por sua vez, introduz, nesse esquema periodológico, a noção dialética de que a história evolui por contradições, sendo uma época o contrário da precendente e a próxima a conciliação das contradições anteriores. Vemos, pois, que o Romantismo alemão fornece os parâmetros principais para as histórias literárias que se encontram nos livros didáticos de nível superior ou médio que empregam a periodologia (Barroco, Arcadismo, Romantismo Realismo...).

O modelo historicista é substituído, ainda no século XIX, pelo do positivismo, representado na história literária por Taine. Inspirado pelo empirismo e pelo determinismo biológico evolucionista, esse crítico francês substitui a noção dialética de evolução espiritual autônoma de Hegel por uma causação real, experimentável: a da raça, do meio e do momento histórico. A escrita da história literária uniformiza-se a partir de então: delimita a época por datas-limites mais ou menos arbitrárias; reúne, dentro dos períodos, ensaios monográficos sobre os grandes escritores, com capítulos dedicados aos escritores menores, conforme o gênero. Tudo é apresentado em sequência, sem ligação, salvo a cronológica. À maneira da biologia, são apresentados o espécime, a espécie e o gênero, sendo as características de cada ordem explicadas pela sua relação com o meio ambiente, relação essa que se responsabiliza pela sobrevivência ou declínio das obras. Esse modelo de história informa a maioria dos livros didáticos de literatura brasileira do Ensino Médio, que se limita a expor listas de obras e vidas de autores, ao lado de esboços de história geral e do Brasil, sem tentativas de interpretação do relacionamento dessas categorias.

Embora haja por esses tempos outras concepções de história (como a marxista e a formalista), são os modelos citados os que mais sustentam as histórias da literatura em nossos currículos e livros didáticos. O que os aproxima é a ideia de um contínuo temporal que sofre rupturas determinadas pela prática humana. O homem é sujeito da história, é seu agente e legislador. Ele aciona a história e também a regula por seus projetos. Cabe ao historiador narrar essa história, dando-lhe algum tipo de inteligibilidade, para que os projetos possam continuar a ser concebidos. Nessa visão de história, não há espaço para a convivência de dessemelhantes. Todo o universo é explicado por alguma ordem hierarquicamente

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