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Leitura E Produção De Texto

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Por:   •  14/6/2013  •  1.468 Palavras (6 Páginas)  •  334 Visualizações

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Leitura na escola: livro, biblioteca, biblioteca de classe.

Lílian Lopes Martin da Silva.*

Resumo:

Esta reflexão foi originalmente apresentada a professores da rede escolar do município de Ponta Grossa/PR, por ocasião da II Feira Municipal do Livro. Procura desenvolver idéias acerca da biblioteca de classe como forma de trabalho eleita para formação de leitores na escola, no âmbito da disciplina Língua Portuguesa, situando-a brevemente na diversidade de modos que o ensino da leitura já assumiu na escola ao longo do tempo e nas circunstâncias que permitiram o seu surgimento.

Palavras-chave: leitura, biblioteca de classe, escola.

Abstract:

Key-words: reading; school;

1. Nós, professores, temos sido confrontados insistentemente com os desafios da formação dos leitores na escola. Como e quais competências em leitura desenvolver? Como desenvolver o gosto pela leitura? Como tornar interessante o livro? Prazerosa a ação de ler? Que livros indicar? Como transformar esta atividade em algo com mais sentido para os alunos? Onde buscar respostas para essas questões? Há respostas certas?

Atropelados por essas e muitas outras questões ligadas ao ler na escola, podemos pensar que se houver maior clareza quanto ao quê e ao como fazer, maiores são nossas chances de acertar. Em certo sentido isso é verdade. Quanto maiores forem os nossos recursos materiais e pessoais para organizar o trabalho com os textos escritos, maior a chance de tornar mais adequada, mais consistente e pulsante nossa prática docente como professores de português.

Esta apresentação procura argumentar em favor de uma aula destinada ao ensino de leitura, que é a aula de Biblioteca de Classe, no qual a prioridade não é o desenvolvimento de competências, da fluência na leitura, da intelecção dos textos, do apuro da crítica. Antes, um espaço/tempo curricular que admite a professor e alunos, percursos distintos pelos

• Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Coordenadora do Grupo de Pesquisa “Alfabetização, leitura e escrita” (ALLE); e-mail: lilian_lms@terra.com.br

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livros e pela leitura, potencializando a relação necessária do sujeito com um conjunto de aspectos que configuram a prática de ler, inclusive aqueles ligados à sua subjetividade.

Convém ressaltar, de início, que embora a leitura seja uma atividade tão universalmente reconhecida e compartilhada a ponto de a considerarmos um bem já natural e um valor absoluto, ela não é e não pode ser tomada como uma prática sempre igual para todos, em todos os tempos e lugares.

Assim, ler, aprender a ler, ou ainda, formar leitores não tiveram ao longo da história - e da história da educação escolar – um mesmo e único entendimento ou sentido, uma mesma e única finalidade ou forma de acontecer. Isso quer dizer que em diferentes momentos, perguntas como as que formulamos acima e possivelmente outras receberam respostas diferentes daquelas que imaginamos possíveis hoje.

Mesmo não sendo objetivo maior dessa apresentação a busca desse passado, vale a pena tentar visualizá-lo em suas linhas mais gerais, apenas para se ter a idéia de que esta forma de ensino da leitura surge em uma paisagem histórica que em certo momento admitiu a configuração da biblioteca de classe como uma maneira de realizar a formação do leitor na escola, em contraposição a outros modos.

Batista e Galvão (1998) num artigo da revista Presença Pedagógica, chamado A Leitura na Escola Primária Brasileira dedicam-se à elaboração de uma visão panorâmica para o ler nessa instituição. Em suas pesquisas perseguem realidades antigas, através das pistas que encontram em materiais didáticos, programas de disciplinas, regimentos escolares, a literatura, ou mesmo em depoimentos de velhos professores. Tais indícios, quando recolhidos, organizados, lidos e interpretados permitem uma visão das formas antigas de se ensinar a ler na escola brasileira: antigos entendimentos, práticas ou maneiras de fazer.

Dentre as muitas coisas que podem nos contar desse passado, Batista e Galvão destacam no artigo em questão dois modelos de leitura que entre os últimos anos do século XIX e as primeiras décadas do século XX competiam pela forma legítima de ensinar a leitura corrente. O primeiro modelo apoiava-se nos livros “enciclopédicos” - em que os textos para o aprendizado da leitura buscavam instruir os alunos nos mais diversos campos do currículo escolar, como as ciências, a história, a geografia, etc. O segundo modelo identificava o livro de leitura aos ensinamentos morais e cívicos. Nesse momento, de forma geral, o ensino pode ser descrito como uma realidade fortemente apoiada no professor, no livro

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texto, na memorização, num excessivo verbalismo e a prática mais usual e legítima no que diz respeito ao ensino da leitura era a leitura em voz alta, leitura para ser “tomada”. Uma prática temida, que se fazia acompanhar pelas proibições, censuras e punições a textos e condutas considerados transgressores.

Segundo os autores, é em 1921 que surge nesse panorama Narizinho Arrebitado, de Monteiro Lobato, como 2.o livro de leitura para as escolas primárias, trazendo um aspecto inovador e até então ignorado nesta instituição: provocar o prazer na leitura.

Os anos 20 e 30 do século XX vão trazer muitas reformas educacionais inspiradas no Movimento da Escola Nova e seus ideais de uma educação apoiada em métodos mais ativos, com maior participação do aluno, menos autoritária e uniformalizadora. Uma educação que se quer menos livresca, no sentido de considerar o livro como centro exclusivo do ensino. Mas uma educação moderna articulada ao livro como instrumento de consulta, pesquisa, e também recreação. Nessa educação, a Biblioteca Escolar é compreendida como sendo da mais

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