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Língua E Poder: A Língua Como Instrumento Ou Estratégia Política Nos Países De Língua Portuguesa

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Por:   •  19/12/2013  •  5.385 Palavras (22 Páginas)  •  385 Visualizações

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Língua e Poder: A Língua como instrumento ou estratégia política nos Países de Língua Portuguesa

Tamara Grisolia Fernandes - tamaragrisolia@yahoo.com.br

Graduada em geografia pela UFF [1]

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma discussão direcionada pela geografia política a respeito da questão lingüística e seus conflitos nos países membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). Nesse contexto, são aferidas questões a respeito do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa, de 1990, levando em conta a repercussão que o mesmo causou perante a elite intelectual de Brasil e Portugal. Ao fim da discussão, os questionamentos levantados na conclusão são colocados, de modo a representar uma conclusão não pontual.

Palavras-chave: Língua portuguesa, geografia política, poder

ABSTRACT

This paper presents a discussion based on political geography, about the language issue and its conflicts, placed in the member countries of the “Community of Portuguese Language Countries” (CPLP). In this context, questions are surveyed about the Portuguese Language Orthographic Agreement of 1990, bringing to light the effect that it caused on the intelligence of Brazil and Portugal. In the end of the discussion, the questions raised in the conclusion are placed so as to represent a non-point agreement about the mentioned issues.

Key-words: Portuguese language, politic geography, power.

1. Introdução

O trabalho aqui realizado visa expor conceitos relacionados à língua, linguagem, Estado, nação e poder, de modo a relacionar tais conceitos no campo da geografia política. Com isso, pretende-se demonstrar as formas de poder presentes na língua, mais especificamente, na adoção de uma língua oficial, conceito este também explicado ao longo do trabalho.

O enfoque dado para se tratar das relações de língua e poder será dado aos países que fazem parte da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa): Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. No trabalho são realizados apanhados com características importantes do país estudado, bem como, se existir o detalhamento de seus conflitos lingüísticos internos.

Este trabalho será dividido em três eixos. O primeiro, introdutório, contará com as já propostas definições de conceitos relacionados ao tema “língua e poder”. O segundo discursará a respeito dos países constituintes da CPLP e seus conflitos lingüísticos internos. Já o terceiro será a respeito do acordo ortográfico e sua repercussão nos países de língua portuguesa.

Como este último eixo apresenta-se como uma proposta mais à parte dos demais, conclusões a esse respeito serão realizadas através de questionamentos. Seria o acordo ortográfico mais uma forma de exercício de poder? Seria ele apenas uma tentativa de unidade entre povos de mesma língua? Até que ponto esses dois questionamentos podem ser separados?

É importante colocar que o objetivo do trabalho não é resolver tais questões, é só colocá-las, contando com a opinião de teóricos da geografia, da sociologia e da lingüística. De forma que, obviamente, a pretensão do estudo não é de alcançar novas resoluções a esse respeito, sendo apenas uma espécie de documentação de algumas teorias e colocação, ao longo de seu desenvolvimento de questões importantes.

2. A Língua e Suas Definições

A língua é um organismo vivo que compreende diversos estudos e, portanto, diversas definições. Para uma melhor compreensão de seu conceito, será colocada a definição de Ferdinand Saussure, um importante lingüista do início do século XX, cujas pesquisas revolucionaram o campo da lingüística no mundo.

Segundo Saussure, em seu livro Cours de Linguistique Générale, a língua é um conjunto de signos que serve de meio de compreensão entre os membros de uma mesma comunidade lingüística. É também uma instituição social, um sistema de valores. A esta segunda afirmação, está ligada uma visão mais sociológica e corrobora a versão mais política dada ao entendimento da língua.

Por outro lado, a primeira afirmação condiz com a explicação linguística e social (não sociológica) da mesma. De maneira que este conjunto de signos a que Saussure se refere tem duas expressões nas concepções de gramática atuais. E é a partir disso que é colocada a diferença de língua e fala (Langue x Parole).

A língua é um sistema de signos compartilhados, um sistema de combinações possíveis presentes na mente humana. É, portanto, um conceito abstrato. Já a fala é a concretização desse sistema; é quando escolhemos dentre as possibilidades de combinação de sons (fones), sílabas, e assim, falamos. É, portanto, um conceito concreto.

É importante ressaltar que ao longo deste trabalho será utilizado tanto um conceito quanto o outro, respeitando suas respectivas diferenças. Assim como serão tratados com diferença os termos língua escrita e língua falada. Estes termos representam conceitos totalmente diferentes; a língua escrita está sujeita à norma padrão, a uma gramática normativa, que rege o “bem escrever”. A língua falada, por outro lado, é um organismo vivo, e pode apresentar inúmeras variações, dentro mesmo de um sistema lingüístico comum.

Ou seja, a língua falada não é estática e deve ser estudada de acordo com suas variações naturais, de acordo com sua evolução. Não deve ser, portanto, ser passível de julgamentos de certo ou errado, apenas

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