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O Construtivismo

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Por:   •  4/11/2014  •  1.509 Palavras (7 Páginas)  •  335 Visualizações

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CONTRUTIVISMO

UM FENÔMENO DESTE SÉCULO (XX)

Esther Pillar Grossi

As teorias construtivistas sobre aprendizagem estão começando a remexer com o ensino em todos os países do mundo. É importante circunscrever adequadamente o que significa o construtivismo, para que se possa analisar o que está acontecendo também de forma adequada.

Indiscutivelmente, é possível vislumbrar-se uma tendência boa na direção de uma verdadeira revolução nas tarefas e nas instituições da educação. Isto se deve ao momento privilegiado de reestruturação conceitual que é propiciada pelos avanços significativos em todos os ramos científicos. Esta reconceituação, com efeito, se fará efetivamente se abranger de forma sistêmica todos os aspectos envolvidos no problema, dentro de uma síntese que os estruture.

Neste sentido, o construtivismo, sozinho, não revoluciona e não produz efeitos surpreendentes nos resultados escolares do alunado. Porque ele é apenas uma das muitas facetas deste campo amplo. O construtivismo diz respeito especialmente aos aspectos lógicos das aprendizagens. Mas cada aprendizagem comporta pelo menos mais três outros aspectos básicos. São eles: o aspecto desejante, o aspecto social e o aspecto das linguagens.

No tocante aos aspectos lógicos, o construtivismo surgiu neste século com pensadores tais como Baldwin, Piaget, Vigotsky e Wallon, contrapondo-se ao inatismo e ao empirismo, que dominaram a cena das explicações cognitivas desde mais de 2.000 anos.

O inatismo explica os conhecimentos através de sua existência já pré formada na mente humana, como lembrança de outras encarnações e/ou como carga genética. Toda a compreensão da realidade já estaria inscrita no ser humano ao nascer. Ao inatismo se vinculam as ideias de desenvolvimento e maturação. Também o inatismo se alinha na corrente racionalista das explicações da realidade.

O empirismo, ao contrário, é caracterizado por Aristóteles como tendo na experiência a modalidade e o veiculo de toda aquisição de conhecimentos. É dele a afirmação de que “nada está na inteligência que não tenha passado pelos sentidos”.

Ao empirismo se vinculou o associacionismo, que é a teoria segundo a qual as impressões se fixarão na inteligência se estiverem associadas umas às outras especialmente e se fixarão mais e melhor se estiverem associadas temporalmente pela sua repetição reiterada.

Nem no inatismo nem no empirismo há lugar para o papel da ação do sujeito no conhecimento do mundo.

Justamente o construtivismo inaugura a valorização do agir de quem aprende como elemento crucial para se compreender algo. O sentido deste agir vem se burilando gradualmente e hoje sabe-se que a ação que produz conhecimento é a ação de resolver problemas. Sabe-se, portanto, que para aprender se necessita possibilitar que a inteligência do aprendente aja sobre o que se quer explicar, isto é, a aprendizagem resulta da interação entre as estruturas do pensamento e o meio que necessita ser compreendido. Neste contexto, se vê que a falta representa um ingrediente fundamental para a aprendizagem, uma vez que esta se realiza na resolução de um problema e que problema está associado intrinsecamente a uma ausência.

Estes termos definem a dimensão lógica da aprendizagem, mas esta jamais se efetiva no âmbito desta dimensão. Toda aprendizagem tem seu habitat no convívio com os outros. As aprendizagens repousam sobre um tripé: quem aprende, o que se aprende e o outro. Em outras palavras, repousa sobre o sujeito, o objeto e o social.

Porém um construtivista pode considerar ou ignorar o “outro”, ou seja, pode incluir a dimensão social no ensino aprendizagem e teremos já aqui duas modalidades de construtivismo: um individualista e outro socializado. Um construtivismo socializado pode por outro lado, ter alcance e profundidade variados. Uma socialização pode restringir-se ao âmbito das relações próximas em alguns grupos restritos ou pode chegar até a cidadania, que a pessoa em consciência de sua inserção na grande comunidade da cidade dos homens, com direitos e deveres, com responsabilidade e ressonâncias grupais amplas.

Um terceiro ângulo de uma verdadeira teoria da aprendizagem é o da esfera desejante. Esta esfera comporta a problemática dos significados, dos valores, do sentido da vida, que condicionem posturas éticas e estéticas. Estes valores e significados não são constituídos individualmente, mas o são no âmbito da cultura dos grupos aos quais pertencemos.

Do ponto de vista desta esfera desejante, pelo menos dois enfoques didáticos podem ser adotados: respeitar e levar em conta as vivências e experiências significativas da população a quem se ensina ou ignorá-las e desprezá-las. O primeiro enfoque é definido por Paulo Freire, na sua visão antropológica do que deve ser o ensino, associada, como ele tão bem o fez, à preocupação com a socialização até o nível da politização.

O lugar, o peso e a integração que se dá as diversas linguagens no aprender é um novo divisor de águas nas teorias que embasam

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