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O Enigma De Kaspar Hauser

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Por:   •  23/8/2014  •  1.440 Palavras (6 Páginas)  •  603 Visualizações

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Através do filme podemos fazer uma breve reflexão sobre o papel da linguagem na vida de Kaspar Hauser.

Passou toda sua infância e adolescência preso numa cela pequena e amarrado como um animal. Ele não tinha contato com ninguém, a não ser com o homem que o aprisionou, mesmo assim este homem pouco aparecia na vida de Kaspar. Recebia alimentação somente no período em que estava dormindo e esta era vazia de nutrientes, apenas pão e água, uma forma bastante cruel e covarde de lidar com um ser humano. Kaspar ficou aprisionado até os 15 anos e a única coisa que permanecia ao lado dele como forma de linguagem e interação com o mundo era um pequeno cavalo de madeira e ele o chamava de cavalo simplesmente.

Para Kaspar as frases não trazem sentido algum, estão longe de produzirem significados porque ele não viveu a experiência da linguagem nas relações intersubjetivas.

Vimos no livro Analise do Discurso de Eni Orlandi que nos estudos discursivos, não se separam forma e conteúdo e procura-se compreender a língua não só como uma estrutura mas sobretudo como acontecimento do significante (língua) em um sujeito afetado pela história.

Kaspar que não passou por um processo de aprendizagem, não teve condições físicas, psicológicas nem de qualquer outra ordem para que pudesse utilizar da linguagem e pior Kaspar não tinha noção de sentidos, da vida! Teve muitos anos de sua vida anulada, sem saber o que estava acontecendo em sua volta, sem

saber o que acontecia fora daquele espaço onde o mantinham.

Destaca-se dentro deste contexto uma frase que diz assim:”A linguagem é linguagem porque faz sentido e a linguagem só faz sentido porque se inscreve na história”.

Deste modo vemos que Kaspar não fazia sentido dentro de um momento sócio-histórico, levando em consideração a forma desumana em que sobreviveu no cativeiro.

Kaspar Hauser como sujeito

Entramos agora numa discussão de sujeito onde para que haja sentido é necessário haver significação não se fala apenas em interpretação, trabalha seus limites, seus mecanismos.

Kaspar passou a ter sentido quando foi deixado por uma pessoa estranha, sozinho em praça publica. As pessoas olhavam e não entendiam o que estava acontecendo. Kaspar também ficou parado sem se mexer, até que alguém chegou e o levou para um órgão público onde pessoas interessadas em descobrir quem era o sujeito o examinaram e começaram a indagar de onde veio aquela aberração. Kaspar chegou sem dizer nada e não tinha uma pessoa para contar o que estava acontecendo. Não existia possibilidade de analisar a sua história, a única maneira de conhecer um pouco este personagem foi através da carta que fora escrita pela pessoa que o aprisionou e colocando Kaspar em situações desconhecidas para ele. Como por exemplo um dado momento que ele teve contato com uma vela, Kaspar passou o dedo na chama e se queimou, resultado chorou bastante. Sinal de nunca ter passado por nada assim antes,

outra experiência que marcou a história dele foi quando colocaram uma galinha na pequena sala em que ele ficou em observação. Resultado Kaspar aparentou medo e quase quebrou a janela do quarto para uma tentativa de fuga. Kaspar não fazia sentido. As pessoas não o entendiam, nem ele entendia os outros.

Kaspar foi introduzido a sociedade aos 15 anos e a partir de então sua historia começou. As pessoas começaram a se interessar pelo rapaz, usaram ele como animador de circo, um momento bastante interessante pois foi ali que Kaspar passou a ser visto pela sociedade, mesmo que de uma maneira estranha, onde mais uma vez ninguém entendia o que representava aquela criatura, neste dia Kaspar conseguiu um lugar para morar, com uma família que o ensinou muitas coisas e sua vida iniciou, mostrando sentido. Aprendeu a andar, a ler a escrever, começou a se relacionar com outros seres humanos, foi INTERPELADO como um sujeito de direitos e deveres, onde Kaspar deveria aprender bons modos, como por exemplo como se portar numa mesa para as refeições. Todos queriam que Kaspar aprende-se a se portar dentro de uma igreja e ter conhecimentos religiosos. Forma esta que corresponde ao sujeito do capitalismo ao mesmo tempo determinado por condições externas e autônomo (responsável pelo que diz).

O sujeito e sua forma Histórica

Kaspar foi assujeitado a viver preso por longo período e passando por todas as dificuldades possíveis foi aprendendo e ser uma pessoa de bem, com

emoções e alegrias, dentro de um quadro bastante primitivo desenvolveu habilidades de costurar, tinha curiosidades como por exemplo como uma torre tão grande havia sido construída. Levando em conta a relação da língua com a ideologia, podemos observar como, através da noção de determinação, o sujeito gramatical cria um ideal de completude, partindo do imaginário de um sujeito mestre de sua palavras: ele determina o que diz. Kaspar apesar das limitações no final de sua trajetória buscou se realizar-se passando a escrever sua própria biografia evoluído sistematicamente e criando assim possibilidades de se tornar uma pessoa de direitos e deveres como todo cidadão normal. No entanto, nem sempre ele se apresentou com essa característica que é própria ao que chamamos de sujeito de direito ou sujeito jurídico, que é o da modernidade.

CONDICOES DE PRODUCAO E INTERDISCURSO

Fazem parte da produção de discurso os sujeitos, a situação

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