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O Enigma De Kaspar Hauser

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Por:   •  3/12/2014  •  635 Palavras (3 Páginas)  •  401 Visualizações

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Kaspar Hauser é a figura central de um dos grandes mistérios da trama que tem como cenário a Alemanha Medieval, onde a busca efervescente pela ciência encontra solo fértil, pois o contexto psicossocial daquele meio antropológico tem um distanciamento maior das ideias católicas que predominavam na Europa.

Por ter sido uma criança abandonada em um calabouço e durante a maior parte da sua vida foi privado do convívio social, sendo o seu “eu”, um território virgem e puro, sem influências advindas do convívio social. Ignorava a existência de seres humanos, pois até mesmo sua comida era levada durante a noite, para o mesmo não ter contato com ninguém, a única companhia que tinha era a de um cavalinho de madeira que o seu pai tinha lhe dado, e portanto, a única coisa que Kaspar conseguia relacionar entre seu universo individual e o meio coletivo era o dado objeto.

Certo dia é tirado do calabouço, levado e abandonado na cidade, em um meio onde ninguém sabia as condições de sua criação, portando uma carta que o identificava, já que Kaspar nunca tivera acesso a linguagem, nenhuma influência da cultura vigente e nenhuma herança antropológica, nem sequer socialização com qualquer mundo que não fosse o seu, não tinha conhecimento das noções de vida social e de suas consequentes convenções. Por não apresentar sinais de selvageria é “adotado” por uma família que tenta ensiná-lo tudo que não houvera aprendido a vida inteira. Kaspar assustava a todos porque realmente não tinha noção de nada, do que era o fogo, o perigo, a família, quando em das cenas do filme, segura uma criança nos braços, demonstra ter entendido que havia sido desprezado por todos, porém é notável a preocupação de todos mediante a fragilidade do infante, o episódio revela que apesar do convívio, ele não era socialmente aceito.

Com uma sociedade cheia de preceitos e normas arraigadas em sua cultura, não levavam em conta ter ele sido criado num ambiente antropologicamente asséptico, e nunca ter se comunicado com ninguém, isso não explicava seu comportamento, ao passo que ele só poderia ser explicado por algum defeito morfológico. Chega-se a um ponto que o pobre Kaspar vira atração de circo em sua cidade, virando motivo de curiosidade e objeto de suposições sobre seu passado.

É fato que o conhecimento é adquirido a longo prazo, através dos ensinamentos e das experiências adquiridas, e que a fase de maior proveito cognitivo é a infância, Kaspar no entanto, fez o caminho inverso, foi “obrigado” a aprender aquilo que lhe era imposto, como por exemplo, quando mandam ele admitir os mistérios da fé, sem a necessidade de algum entendimento. Numa amostra que o entendimento coletivo era incapaz de enxergar o “eu” que habitava Kaspar.

É sabido que o conceito de saúde e de doença das sociedades é uma definição antropológica, mais do que fisiológica ou morfológica, e para aquela sociedade era inconcebível que todas as deficiências e esquisitices do protagonista fossem advindas de causas sociais. O clímax do filme é a revelação no final de uma desproporção entre os hemi-cérebro direito e o esquerdo o que justificaria as ações desajustadas de Kaspar, evidenciando assim o conceito morfologista de saúde vigente.

A construção coletiva da ideia de normalidade é tão forte, que por não ter um comportamento igual ao grupo, ele é marginalizado,

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