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Os Atos De Fala Nos Textos Instrucionais - Introdução Da Tese De Hilma Ribeiro De Mendonça Ferreira

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Por:   •  6/3/2014  •  1.857 Palavras (8 Páginas)  •  452 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Os textos instrucionais constituem enunciados que permeiam o cotidiano dos indivíduos. Os seus conteúdos informativos prestam-se à realização de tarefas singulares, importantes e constitutivas da tradição humana. Contudo, a leitura dos enunciados de natureza instrucional pode representar uma dificuldade para quem precisa conviver com eles, posto que não se mostram de forma clara, em termos dos procedimentos expostos textualmente, para serem entendidos em seu propósito comunicativo.

O desejo de investigar os processos de leitura dos textos instrucionais deve-se, portanto, à necessidade de entender como os sentidos serão assumidos pelos sujeitos leitores, de modo a realizar os objetivos de uso desses enunciados, que têm na injunção, o seu principal tipo de estruturação textual.

Partindo de um procedimento inferencial sobre a dificuldade da leitura e da importância do entendimento do gênero textual instrucional, o presente trabalho congrega, como parâmetro para investigação, quatro desses gêneros, a saber: a receita culinária, o manual técnico, a bula de medicamentos e o contrato jurídico. De acordo com as características de emprego desses enunciados e dos seus conteúdos informativos, procurou-se desvelar algumas questões importantes quanto ao tipo injuntivo de estruturação textual.

Nesse caso, embora esses textos tenham em comum o fato de estipularem procedimentos com vistas a instruir os indivíduos nas tarefas por eles mediadas, discrepam na predisposição textual dessas instruções. Isso acontece porque a forma como as instruções estarão neles predispostas estará coadunada aos objetivos acarretados pelos gêneros.

Procuramos nos pautar por questões dos referentes inferenciais à leitura e à percepção dos sentidos, de acordo com o aspecto interlocutivo da linguagem pertinente nesse gênero, traçando, a partir desse componente discursivo, reflexões sobre essa modalidade.

No decorrer desta tese, procuramos verificar, prioritariamente, se existem marcas linguísticas que possam evidenciar os modos de instruir requeridos pelas situações mediadas pelos quatro gêneros supracitados. A partir de tais evidências, buscamos mensurar as posturas do locutor, ao estipular os procedimentos instrucionais marcados no gênero textual, e a do interlocutor, quanto à forma de acatamento das instruções, de modo a elucidar, a partir dos interagentes, aspectos referentes à leitura de tais enunciados, em seus contextos de uso.

Chamaram-nos a atenção as finalidades de uso dos textos, que se assemelham por serem essencialmente instrucionais, mas que discrepam nos modos de tornar melhor evidente a percepção dos sentidos supratextuais. Por conta dessas evidências discursivas, procuramos alcançar, ao longo da demonstração argumentativa da nossa tese, alguns objetivos que serão detalhados na sequência.

Quanto ao objetivo geral da pesquisa, procuramos evidenciar os aspectos enunciativos, geradores de possíveis discrepâncias quanto ao desenvolvimento das tarefas mediadas pelos gêneros instrucionais, considerando aspectos interlocutivos, centralizados no locutor e no interlocutor.

Por seu turno, os objetivos específicos estão aqui mensurados para dar cabo de uma série de argumentos que corroboram com o proposto para a nossa tese fundamentalmente. Assim, buscamos, prioritariamente,

a) verificar como as instruções linguísticas são organizadas no gênero instrucional e transmitidas para estipular o desempenho de tarefas, pelos interlocutores;

b) mostrar quais ações os sujeitos são orientados a desenvolver pelo uso dos gêneros instrucionais, assim como as tomadas de atitude do locutor e do interlocutor, de acordo com os procedimentos expostos nesses enunciados.

Essas duas questões iniciais estarão vinculadas à macroestrutura discursiva dos gêneros instrucionais, sendo necessário verificar como tal arcabouço textual se apresenta, de modo a salientar os objetivos de cada um dos textos escolhidos.

Por seu turno e, considerando as finalidades de uso dos enunciados como ordenados nos gêneros, torna-se relevante,

c) discriminar o papel dos interagentes envolvidos nos processos abarcados pelos gêneros, a fim de delinear as funções a serem exercidas por ambos os participantes das situações interlocutivas mediadas pelos textos;

d) contribuir com a análise dos fatores discursivos oriundos de tais recortes analíticos, de modo a avançar no estudo relativo à linguagem, vista pelo seu plano interlocutivo.

Tais pressuposições se prestam a indicar se o modo como as instruções são transmitidas é propício, isto é, adequado ao nível dos interlocutores para os quais os enunciados são dirigidos. Os objetivos supracitados têm como função evidenciar a hipótese maior da tese que pressupõe a existência de formas linguísticas diferentes para informar, que refletirão diferenças quanto à assimilação dos sentidos a partir das estruturas textuais dos gêneros, que serão diferenciadas segundo as tarefas por eles preconizadas. A hipótese da pesquisa também conjectura a discrepância entre a correspondência da natureza desses enunciados e dos modos como os sentidos devem ser assumidos pelos leitores.

Todos objetivos citados estão vinculados, ainda, à hipótese da existência de enunciados que se propõem a estipular procedimentos possuidores de níveis impositivos diferenciados. Esses gêneros indicam posicionamentos diferenciados, pelos locutores, de acordo com as formas como as informações necessárias aos procedimentos são transmitidas.

Dadas tais peculiaridades, conjecturamos sobre as aplicações dos textos às situações comunicativas por eles mediadas e, verificamos que as instruções são estipuladas de um modo mais ou menos taxativo, a partir da natureza de uso dos gêneros.

Esses fatores hipotéticos têm como ponto fulcral o fato de, embora havendo um caráter essencialmente instrucional nos enunciados escolhidos, o modo como as instruções são informadas acarreta em atitudes diferentes a partir do estabelecimento de procedimentos, com respeito à sua execução por parte dos interlocutores.

Sobre essas perspectivas analíticas, inferimos que a forma de estipulação das instruções pode indicar ações que se prestam a sugerir, prescrever, avisar, ordenar, coagir, entre outras ações de caráter impositivo. Por outro lado, todas essas formas de instruir também forçam posicionamentos diferenciados, pelos interlocutores, quanto ao modo de executar o que é instruído.

A fim de compreender os fenômenos discursivos abarcados pelos textos, e pelo desejo de pautar a análise na questão da interlocução,

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