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Reescritura Textual

Trabalho Universitário: Reescritura Textual. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  12/5/2014  •  10.100 Palavras (41 Páginas)  •  311 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho versa sobre uma pesquisa realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Paulo Freire (Gravataí/RS), que teve como objetivo refletir sobre a prática da escrita e reescrita de textos de crianças e jovens em situação escolar e o seu impacto na qualidade das produções textuais. Tal pesquisa foi realizada ao longo do segundo trimestre do ano letivo de 2010, procurando verificar o desenvolvimento linguístico-textual dos alunos.

Este trabalho apresenta algumas considerações sobre a importância da reescrita como estratégia indispensável para o ensino/aprendizagem da língua materna; por textos escritos e reescritos por estudantes de 5ª (6º ano) a 8ª série (9º ano) do Ensino Fundamental; e por depoimentos de alunos, os quais vivenciaram a experiência de escrever e reescrever seus textos, e de professores que orientaram os trabalhos destes mesmos alunos.

O tema para as produções escritas foi “O lugar onde vivo”. A escolha deve-se ao fato de ser essa a proposta de redação das Olimpíadas de Língua Portuguesa, que é um projeto realizado pelo Ministério da Educação e pela Fundação Itaú Social, com coordenação técnica do Cenpec (Centro de Estudo e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária), e tem como objetivo contribuir para a ampliação do conhecimento e o aprimoramento do ensino da escrita, realizando um concurso de produção de textos elaborados por alunos de escolas públicas de todo o país.

Com o tema selecionado, procurou-se valorizar a interação dos alunos com o meio em que vivem, pois, ao desenvolverem seus textos, resgataram histórias, aprofundaram seus conhecimentos sobre sua realidade e estreitaram vínculos com a comunidade.

A escolha desse tema veio ao encontro do que os alunos estavam realmente precisando: unir seus conhecimentos de mundo com o aprendizado teórico, para que assim este faça sentido em suas vidas, pois, muitas vezes, a escola vem tratando o trabalho com a Língua Portuguesa de forma bastante artificial no que se refere ao ensino da leitura, produção e interpretação textual. Para Geraldi (1984, p. 78):

A prática de leitura que se faz na escola é artificial porque não se lê o texto com o objetivo de buscar informações, como acontece em outras disciplinas, quando o aluno lê o texto, por exemplo, para descobrir o funcionamento do aparelho circulatório, as razões da Revolução Francesa ou a especificidade do relevo na Região Centro Oeste.

Para o autor citado, os alunos não lêem os textos como deveriam, fazem apenas exercícios de interpretação, que, por vezes, de interpretação não têm nada, pelo menos da parte do aluno. Na maioria das vezes, o problema de fuga do tema proposto para redação se deve ao fato de os alunos não entenderem o que lhes foi solicitado e muitos sempre necessitam de uma explicação oral e individual para entender o que está escrito.

Geraldi (1984) também diz que há artificialidade na produção de textos. O principal argumento utilizado por ele é o fato de que o único leitor do texto do aluno é, normalmente, o professor. Sujeito este que, na verdade, não lê o texto, apenas o corrige, ou seja, não valoriza as idéias expressadas pelo aluno, muitas vezes o que é mais valorizado é a questão dos chamados “erros gramaticais”. Então, também nessa unidade básica do ensino de língua materna, o caráter dialógico da linguagem não é levado em consideração.

No contexto escolar, o aluno não pressupõe possíveis leitores para seu texto; portanto, não se esforça para criar estratégias discursivas para encantar o leitor. É possível que o aluno, nesse processo artificial, tenda a escrever nas redações exatamente o que acha que a escola, ou melhor, o professor, quer ouvir. No entanto, todas as redações desta pesquisa foram corrigidas e lidas para todos os alunos da turma, os quais puderam dar sugestões, elogios e críticas. E também foram expostas nos murais da escola para que alunos de outras turmas tomassem conhecimento dos textos realizados.

Todas as redações foram revisadas pela pesquisadora/professora e por mais três colegas (professoras da mesma escola) e reescritas pelos alunos, mas, para análise, foi selecionada duas redações, e suas respectivas reescrituras, por cada série/ano. Pretendeu-se, ao analisar os textos produzidos pelos alunos, comparar a primeira versão com a reescrita, considerando também a leitura e a interpretação que o aluno realizou sobre a proposta de redação.

É importante observar como a reescritura reflete na releitura não só do texto do aluno como também do texto da proposta, fazendo com que o aluno se questione se realmente havia entendido o que fora solicitado anteriormente na proposta de tema da redação.

No nível das microestruturas textuais, procurou-se verificar as zonas de fragilidade, nas quais se observaram desvios ortográficos, apoio na oralidade, omissão e acréscimo de grafemas, junção e separação de palavras, entre outras.

Já no nível das macroestruturas, foi analisado o conhecimento linguístico-textual do aluno e suas competências e habilidades para lidar com as especificidades da escrita em relação à oralidade. Destaca-se também que, através do texto produzido, o aluno expressa sua visão de mundo e, assim, pode-se entrar em contato com o seu imaginário.

Analisaram-se os textos com o objetivo de detectar pistas que permitam reconstruir os caminhos já percorridos por diferentes sujeitos e de aprofundar-se nos estudos sobre escrita e reescrita de textos. Espera-se com isso descobrir e descrever procedimentos que facilitem o ensino-aprendizagem da escrita/reescrita de textos em Língua Portuguesa de modo a auxiliar os professores em sua tarefa de tornar o aluno um sujeito capaz de escrever, e escrever bem.

2 REESCRITURA DE TEXTOS: ALGUNS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

“Escrever não é um dom nem um privilégio inato de gênios, mas um trabalho aturado e orgânico”.

(Figueiredo, 1994, p. 159)

Auxiliar os alunos a tornarem-se leitores autônomos e produtores competentes de textos é prioridade, ou pelo menos deveria ser, de um professor de Língua Portuguesa. Porém, sabe-se que esta não é uma tarefa fácil nos dias de hoje, já que a grande maioria dos alunos não gosta de

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