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Resenha Literaria

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Por:   •  28/10/2014  •  986 Palavras (4 Páginas)  •  306 Visualizações

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“O Sequestro da América”, do pesquisador e cineasta Charles Ferguson, não poderia faltar. Primeiro por mostrar uma visão dos Estados Unidos a qual não estamos acostumados, segundo por explicitar algumas razões que causaram a crise econômica americana não somente pelo lado dos agentes do mercado financeiro, mas pelo da política e da academia. E, terceiro, por mostrar um quadro onde os Estados Unidos estão se tornando social e economicamente um país não muito diferente de muitos do terceiro mundo.

Ferguson, para quem não ligou o nome à pessoa, é autor do excelente documentário “Trabalho Interno” (Job Inside). No livro ele aprofunda questões debatidas e explica de forma mais detalhada como a “bolha” no mercado imobiliário se formou, cresceu e explodiu, causando uma crise não somente nos mercados financeiros como nas economias “reais”, não somente nos Estados Unidos.

Em muitos momentos até para mim que sou economista o texto se torna árido, pois os produtos financeiros criados pelas instituições eram por natureza intrincados. Títulos gerados por hipotecas reais, de baixa qualidade, foram seguidos por títulos “sintéticos”, baseados em apostas, muitas vezes contra o produto “real” que era vendido. Como as remunerações dos agentes eram em curtíssimo prazo, o que importavam eram lucros crescentes, ainda que comprometendo a continuidade futura das instituições.

Com isso, passou-se a fornecer financiamentos imobiliários de risco cada vez maior, muitas vezes para contratantes que não teriam financiamentos aprovados em um sistema racional de crédito. Utilizava-se muito o sistema de “renda declarada”, onde o contratante dizia a renda que tinha – e nada era averiguado. Entre outras transgressões.

Como os bancos em geral pegavam estes empréstimos (chamados de “subprime”), reembalavam em outros outros produtos financeiros e os revendiam, o risco da inadimplência se concentrava em quem comprava estes produtos financeiros. O livro deixa claro que os bancos de investimento sabiam que estes “produtos” eram lixo, com risco altíssimo, mas a própria estrutura organizacional os fazia cada vez mais ampliar este tipo de produto financeiro.

Outro aspecto chocante é ver como os operadores de mercado e os CEO destas instituições financeiras sabiam que havia uma bolha e que provavelmente estavam destruindo a instituição em que trabalhavam. O raciocínio era de que os ganhos pessoais de curto prazo eram tão elevados que permitiriam que tais agentes amealhassem uma fortuna considerável antes que a bolha estourasse, ou seja, poderiam sair incólumes financeiramente de doloroso processo – deixando a outros a conta a ser paga.

O leitor deve estar se perguntando: e o governo americano, não puniu ninguém? Não.

Talvez um dos momentos mais claros do exemplar é a descrição de como o mercado financeiro americano “se apropriou” dos órgãos de controle destas mesmas instituições, bem como dos dois partidos políticos dominantes na América. Nos dias de hoje, 0,01% da população americana, os mais ricos, controlam 24% das doações financeiras aos partidos Democrata e Republicano, que se comportam de forma cada vez mais parecida em termos econômicos e em especial nas políticas voltadas aos grandes trustes e ao mercado financeiro. Basta se ver que os principais ocupantes de cargos na área econômica do governo americano são oriundos destes agentes financeiros que fraudaram a economia – ou seja, não houve punições virtualmente a ninguém.

Também entra neste balaio o comportamento da academia americana, onde os principais especialistas das mais prestigiosas universidades foram cooptados a fim de defender os interesses destas corporações. Em português claro, muitos especialistas foram comprados por estes grandes bancos de investimento a fim de publicar trabalhos acadêmicos defendendo muitas vezes o indefensável. Por outro

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