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Revelação

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Por:   •  4/3/2015  •  2.909 Palavras (12 Páginas)  •  95 Visualizações

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Levantei para tomar meu café, do meu apartamento escutava buzinas na rua, mais um dia de caos, algum time ganhou algum campeonato local, não sei, nunca fui muito fã de esportes. Esperava a cafeteira esquentar, aquele barulho inconfundível da máquina borbulhando a água e os pombos na janela do meu apartamento, tinha que lembrar de espantá-los, mas a preguiça sempre foi maior e eles permaneciam naquele lugar.

Dia vinte e dois de junho, quarta-feira, um dia comum, sem feriados próximos, mais um dia em que o trabalho será entediante e pesado. Ligo a televisão, deixo no canal que estava no momento em que cochilei no sofá na noite anterior, está passando o jornal da manhã, algo sobre o oriente médio, provavelmente mais algum atentado a bomba por causa de um conflito religioso ou territorial. Desligo o noticiário a tempo de perceber que estou atrasado para o trabalho, saio as pressas de casa com o pão em minha boca e pegando meu casaco. Chego no estacionamento e lembro das chaves, sempre esqueço onde estão as malditas chaves do carro, subo correndo e as pego na calça que deixei no chão do quarto.

Quando saio é aquela mesma rotina, trânsito cheio, pessoas estressadas tentando chegar aos seus destinos para uma jornada de oito horas de trabalho e então retornar aos seus lares para sua vidinha medíocre, não que a minha seja diferente, mas pelo menos reconheço isso. Ótimo, um acidente a frente, o cara de trás bateu no da frente no sinaleiro, provavelmente estava falando no celular e não viu quando o sinal fechou. Mais estresse para a cidade, mais uma pessoa que provavelmente não vai dormir pensando na conta do estrago que terá que arcar. A polícia no local já está fazendo suas perguntas habituais, teste do bafômetro, fichando os dois motoristas, para isso eles são mais ágeis que um foguete, porém quando é uma chamada de assalto, roubo ou assassinato demoram meio século. Ligo o rádio do carro e novamente notícias sobre o Oriente Médio, creio que o tal do atentado gerou mais repercussão do que eu imaginava, desligo o rádio, não quero saber de tragédias, de tragédia já basta a minha vida.

Quando chego ao trabalho, o mesmo de sempre. Pessoas correndo de um lado para o outro, querendo resultados, sempre resultados. Sento em minha mesa e começo a ligar para meus clientes, por incrível que pareça hoje estão mais receptíveis à minha abordagem, bom se todo dia fosse assim, conseguiria atingir minha meta mensal em uma semana. Na hora do almoço vou ao fast-food mais próximo, além de ter pouco tempo para lanchar, estou empolgado com o trabalho, fato raro. No almoço ouço várias pessoas comentando sobre o ocorrido naquelas regiões árabes, esse povo não tem mesmo o que fazer, ficar discutindo fatos que não influenciam suas vidas de forma alguma, pelo simples prazer de ter algum desastre para comentar. De lamentar sobre a vida alheia, culpar alguém e se sentir confortável com a sua segurança.

Volto ao trabalho e meu chefe vem a minha mesa, que é a mais próxima do escritório dele, ele nunca sai da sala dele a não ser para dar bronca em alguém, já repasso em minha mente as dezenas de contratos que fechei nessa semana tentando lembrar se fiz alguma coisa de errado. Quando ele vem falar comigo é para me dizer para ir para a casa, todos estão dispensados, ninguém mais precisa vir trabalhar até a semana que vem. Ele vai de mesa em mesa falando com os funcionários do nosso setor, o motivo que nos dá é que está acontecendo algo grande no mundo e que todos devem estar com suas famílias, claramente ele está abalado, mas com uma expressão feliz em seu rosto, sei que ele é um religioso fervoroso e algo que a igreja disse deve ter deixado ele assim, eu rio por dentro lembrando do fim do mundo que passou a alguns anos atrás, onde o calendário maia acabava em um dia e o tal dia passou sem mais eventos, ainda tem babacas que colocam nas redes sociais que sobreviveram ao tal dia. Que eu saiba não tem nenhum fim do mundo no dia de hoje, as pessoas se levantam e vão embora. Eu que não vou ficar por aqui se eu estou recebendo para ficar em casa.

No caminho para o meu carro, que fica em um estacionamento pago, vejo muitas pessoas nas ruas cantando, gritando aleluia, muitas chorando de emoção, eu me pergunto que diabos está acontecendo. Nas rádios apenas música, pelo menos nesse horário o trânsito é mais tranqüilo, chego em casa em vinte minutos. Subo e ligo a televisão para tentar saber o que está acontecendo. O espanto me assombra quando vejo todas falando do mesmo assunto, ao ligar o computador confirmo que todos os portais de notícias também estão com a mesma notícia de capa. Jesus Cristo, Maomé e Buda conversando com o povo em praça pública.

A primeira coisa que me vem a cabeça é o ceticismo, como assim, como podem acreditar nisso? Lendo mais acesso vídeos onde eles mostram ser eles mesmos, realizando milagres e feitos sobrenaturais. Quer dizer que meu chefe mandou a gente para casa por causa desses boatos, desse tipo de charlatanismo? A indignação toma conta de mim por um tempo, até surgirem mais notícias, na Polônia em meio a uma feira local surgiram Thor, Hércules e Osíris.

Agora é que virou bagunça, fico sabendo que na praça principal de nossa cidade estão montando um telão para passar essas notícias e para o povo acompanhar de perto os acontecidos. Eu ainda estou confuso, sempre fui cético, dizem que a palavra é “agnóstico” para o que eu sou, era, não sei mais em que acreditar. Vou a pé para a praça, não estou com vontade de acompanhar tudo de dentro de casa, se tantas pessoas estão se mobilizando não parece ser banal. Chego na praça e várias pessoas estão conversando, chorando, dando graças, porém muitas estão ferozes, praguejando, dizendo que é o fim do mundo, essas mais exaltadas a polícia faz questão de manter fora do cercado de segurança onde ficamos para assistir os eventos no telão.

Quem sabe pode ser o fim do mundo, um dia tão normal, em que ninguém esperava que nada fosse acontecer, assim simples, rápido, de forma inesperada, sempre achei que fosse assim que acabaria o mundo e não com todos aguardando ansiosamente o dia. Quando as transmissões voltam a notícia é de que muitos outros messias e divindades de outras religiões surgem em vários cantos do mundo, que eventos sobrenaturais estão ocorrendo a nossa visão em todos os templos religiosos, o espírito santo pode ser visto nas igrejas católicas, espíritos materializados em casas espíritas, demônios sendo banidos de corpos em igrejas evangélicas.

Assim, tudo está aparecendo para nós sem sutileza alguma, quando deixo meu lado cético de lado vou para a igreja mais próxima e confirmo com meus próprios olhos a experiência. Uma aura branca em toda a área interna e a mesma energia circundando

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