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VISÃO GERAL CRÍTICA SOARES, Magda. Alfabetização e alfabetização

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Por:   •  12/11/2014  •  Resenha  •  1.973 Palavras (8 Páginas)  •  652 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA

SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.

Magda Soares, professora da UFMG e pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE), autora de numerosos livros na área do ensino de língua materna, ao compilar alguns de seus mais importantes e referenciados artigos, nos convida a rememorar as discussões sobre alfabetização e letramento – através de um olhar atual e ressignificado. Nesse livro, traz experiência depois de alguns anos de intensa pesquisa e produção sobre o tema, enriquecida por outros estudiosos na área, os quais ela cita e referencia em sua obra. O convite nos instiga já a partir da capa: uma letra A sendo tecida por duas agulhas de tricô que se entrecruzam, logo abaixo do título Alfabetização e letramento. Isso nos remete à idéia de que esses dois processos, embora distintos, segundo a autora, são indissociados e podem ocorrer simultaneamente. De modo geral, podemos dizer que esta é uma das grandes contribuições às discussões que se centram nas questões que ela mesma discute em outros textos: Letrar alfabetizando? Ou alfabetizar letrando? (Soares, 20041). A obra constitui-se de textos já publicados, que agora se apresentam “recolocados” em duplo sentido: tanto em relação ao seu suporte – periódicos e situações de interação oral, palestras e seminários – como em relação à forma de serem vistos (ou melhor, lidos). Na apresentação do livro, Magda Soares informa que o mesmo “propõe releituras de artigos sobre os temas alfabetização e letramento publicados ao longo de um período de treze anos – de 1985 a 1998” (p. 7). A autora pretende, ao publicar novamente seus textos, acrescentar as contribuições de seus alunos, colegas do espaço acadêmico e professoras alfabetizadoras, a fim de rediscutir as temáticas em questão, a partir de outras vozes e em outros espaços e tempos. Em sua caminhada como autora e pesquisadora, Magda Soares observa que, após treze anos da publicação dos textos que compõem a obra, as problemáticas que envolvem a alfabetização continuam sendo discutidas e abordadas em diversas instâncias (congressos, seminários, conferências) bem como vêm sendo alvo de pesquisas e reportagens. Em virtude disso, a autora compreende que, embora tais textos tenham sido publicados inicialmente como artigos em periódicos, tendo um caráter efêmero e transitório, as temáticas neles abordadas se fazem atuais. Nesse sentido, ela discute a questão das categorias de estar e ser, entendendo que “artigos são, fundamentalmente, da categoria do estar; livros são, fundamentalmente, da categoria do ser” (p. 7). Magda Soares encaminha a organização de sua obra em três partes, abordando inicialmente as Concepções de alfabetização e letramento, enfatizando em seguida as questões Práticas referentes a essas temáticas e finalizando com Articulando concepções e práticas. É interessante destacar a preocupação da autora em assinalar que os artigos apresentam estilos textuais2 diferenciados, pois se mantêm as características do gênero textual como fora publicado no seu suporte original, seja ele periódico ou conferência. Podemos observar que a autora marca sua releitura de duas maneiras. A primeira, através de um pequeno texto situado logo abaixo do título do artigo, denominado “Nota introdutória”, onde é feita uma contextualização histórica do texto: suas condições de produção e possíveis relações com outros textos da obra. A segunda evidencia-se no corpo do texto – como a voz atual da autora frente a sua produção original –, através de links ou “janelas de um hipertexto” (p. 9), como se pudéssemos literalmente abrir uma janela e ver o que está sendo dito hoje sobre esse tema. Contudo, essa releitura geralmente limita-se a informar o ano de publicação de obras citadas ou do próprio texto e a dar explicações e definições sobre determinados termos – sem considerar os estudos atuais sobre alfabetização e letramento, principalmente aqueles marcados pelas perspectivas pós-críticas. Magda Soares realiza um trabalho perspicaz de articulação entre os textos das três partes acima citadas que, embora publicados em situações diferentes e em tempos distintos, corporificam-se numa unidade temática, correspondendo aos títulos de cada seção. Na primeira seção, intitulada Concepções, a autora reúne quatro textos em que enfatiza basicamente as definições de alfabetização, alfabetismo e letramento, numa perspectiva crítica, privilegiando a visão multifacetada da própria alfabetização inserida em contextos sociohistóricos. O primeiro texto, “As muitas facetas da alfabetização” (de 19853), indica as principais perspectivas que vinham sendo investigadas e estudadas sobre o processo de alfabetização. Como a autora mesmo coloca, “embora correndo o risco de uma excessiva simplificação, essas facetas são aqui apresentadas sob três categorias: o conceito de alfabetização, a natureza do processo de alfabetização e os condicionantes do processo de alfabetização” (p.14). Nesse texto, também procura apontar as implicações educacionais dessas múltiplas facetas da alfabetização, no que diz respeito à criação de métodos e materiais didáticos, bem como o delineamento dos pré-requisitos da alfabetização em si e da formação do alfabetizador. Sobre a distinção entre os conceitos de alfabetização e letramento, vale destacar que Magda caracteriza o primeiro como o processo de aquisição da língua, e o segundo como o processo de desenvolvimento da língua, ambos abrangendo tanto a escrita e a leitura como a oralidade. Outras autoras, como Marzola (2001) e Trindade & Dalla Zen (2002) compreendem o conceito de letramento além desse processo de desenvolvimento da língua oral e escrita, procurando investigar também os processos culturais de constituição das práticas orais e de leitura e escrita, situando-as historicamente. De acordo com Trindade & Dalla Zen (2002, p. 125), “[...] as representações de leitura, escrita e oralidade são construídas a partir de determinadas práticas culturais e estruturas sociais e de acordo com as demandas/necessidades da escola, etc”. O texto seguinte, “Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas” (de 1995), discute o conceito de alfabetismo, relacionando-o com o contexto social e cultural, buscando, então, os significados de alfabetismos nas sociedades e culturas letradas. É importante destacar que a autora procura enfatizar a complexidade da definição de alfabetismo que, segundo ela, “(...) engloba um amplo leque de conhecimentos, habilidades, técnicas, valores, usos sociais, funções e varia histórica e espacialmente” (p. 30). Além disso, trabalha com esse conceito

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