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A Aplicação Do método TEACCH Como Intervenção Psicoeducacional Em Um Autista.

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Por:   •  10/7/2014  •  4.901 Palavras (20 Páginas)  •  297 Visualizações

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Na atualidade poucas são as formas de adoecimento que não foram muito estudadas, porém pouco explicadas quanto à sua etiologia ou a uma terapêutica que possa ser aplicada com segurança. Esse é o caso do espectro autístico. Os indivíduos acometidos por essa síndrome, haja vista que abrange o autismo e as condições similares, sempre se colocaram como uma incógnita para a ciência e foram entendidos de diferentes formas, de acordo com os mais diversos referenciais teóricos.

Num primeiro momento formou-se a respeito do autismo a hipótese de que os pais eram do tipo “frio” e causadores da problemática de seus filhos. Hoje em dia, devido a enorme gama de estudos científicos, esta teoria caiu por terra, documentando-se um comprometimento orgânico-neurológico central. Para os teóricos que entendem esse acometimento patológico a partir desse último viés, o autismo é um transtorno do desenvolvimento, logo uma terapêutica eficiente deveria partir não do princípio de que o autismo é um transtorno de personalidade onde as psicoterapias convencionais poderiam ajudar.

Não há causas psicológicas, traumas, para se ir buscar. Há causas orgânicas que provocam um atraso no desenvolvimento. Para uma proposta de intervenção precisa é necessário olhar para, e descrever os fenômenos observáveis, os sintomas, tentar pensar como esses indivíduos percebem e interpretam a realidade que os cerca e perguntar o que ocorre em suas mentes para que funcionem de um modo diferente. O presente artigo fundamentado no método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) acredita que o autismo pode ser melhor entendido como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e que a criança autista evoluirá melhor com um tratamento combinando terapia comportamental e educação especial. O TEACCH é um método Psicoeducacional que advoga, através do trabalho do seu criador Schoppler, que essas crianças respondem melhor a realidades estruturadas de acordo com suas limitações e potencialidades.

É sobre a aplicação deste método em um adolescente autista, que trata o seguinte texto, para testar a aplicabilidade do método como proposta interventiva para obtenção da maior independência e mudança na qualidade de vida desses sujeitos. Um levantamento teórico e um estudo de caso são a base utilizada por este artigo, para discutir sobre o conceito e apontar propostas, com o objetivo de sairmos deste vazio em que se encontram os serviços de atendimento aos autistas, onde muito ruído e pouco entendimento existem na transmissão da comunicação dos saberes sobre o autismo.

1. Autismo

I. Conceito Se falar sobre a enunciação de qualquer doença ou síndrome, demanda falar necessariamente da sua evolução histórica. Estudar a definição do autismo torna imperativo saber o que se conjeturou sobre a definição e etiologia dessa síndrome até então, uma vez que as primeiras tentativas de delimitar um saber sobre esse distúrbio aconteceram no início do século passado.

Não é a proposta do presente artigo, fazer um resgate profundo sobre como a definição do autismo evoluiu e como adquiriu diferentes aspectos. Mas, tentar lembrar alguns aspectos históricos importantes, para que a tentativa de se fechar uma definição não seja estéril e a-histórica.

Leo Kanner em 1943 e Hans Aspeger, no ano seguinte descrevem uma forma de patologia infantil com sintomatologia muito parecida, o primeiro autor, por escrever sua obra em inglês torna-se mais conhecido que o segundo, que publica suas descobertas com o original em alemão. Mesmo Gauderer (1993, pg 8), não compartilhando a conceituação do autismo dada por Kanner (1943), lembra que este último afirmava ser o autismo um distúrbio inato do contato afetivo, relacionando-o com fenômeno da linha esquizofrênica, talvez pela sua influência de Bleuler que estava impregnado com as idéias da psicanálise. Kanner associava o autismo à psicose por falhas nos exames físicos e laboratoriais e por acreditar que ocorressem entre os parentes algumas formas de “refrigeração emocionais”, diferente de Gauderer (1997, pg 8) que acredita que o autismo é um quadro de um distúrbio do desenvolvimento não havendo qualquer indício de etiologia psicológica. As principais características do autismo seriam:

1) as dificuldades no relacionamento com pessoas;

2) desejo obsessivo a preservar coisas e situações;

3) alterações da linguagem e na comunicação interpessoal. Com o advento do diagnóstico diferencial e mudanças por parte da psiquiatria e da psicologia na forma de compreender essa patologia, pôde-se ver que na esquizofrenia que ocorre na infância notam-se comportamentos estranhos, mas os mais típicos são alucinações, delírios, associações soltas, desconexas ou incoerente do pensamento, sintomas estes que não aparecem no autismo, como nos lembra Gauderer (1997, pg 10). Para este autor, o autismo é uma inadequalidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave durante toda a vida. É incapacitante e aparece nos três primeiros anos de vida. Atinge as famílias de qualquer configuração racial, étnica e social, não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar a doença. Para Petters (1998, pg 65), tratam-se de crianças que vieram com uma inabilidade inata de ter contatos afetivos normais e biologicamente determinados com as pessoas. Ainda persistem profissionais que acreditam na psicogenia do autismo. Por mais que até o presente momento alguns psicanalistas tentem argumentando sobre a imbricação do autismo com a psicose, o próprio Dicionário de Psicanálise de Laplache e Pontalis, (2001, pg 391) traz que a psicose teria como denominador comum os sintomas manifestos pela tentativa secundária de restauração do laço objetal, através da construção delirante, ausente no autismo, como dito antes. Essa concepção não parece sensata, já que parte do pressuposto de que seria uma forma de patologia que afetava crianças anteriormente normais, como afirma Rutter em seu artigo para o livro de Gauderer, 1997. Autores, como Ornitz, no mesmo livro argumentam ser o autismo um grave distúrbio no desenvolvimento do comportamento que não apresenta sinais neurológicos demonstráveis, nem uma neuropatologia consistente e nem marcadores genéticos.

Para Schwartzman (1994, pg 15) o autismo é uma condição crônica com início sempre na infância, em geral aparecendo os primeiros sintomas até o final do terceiro ano de vida, que afeta meninos em uma proporção de quatro a seis para cada menina. A estimativa é de dez para

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