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A Produção Enxuta No Brasil - O Caso Ford

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Por:   •  13/4/2013  •  7.285 Palavras (30 Páginas)  •  831 Visualizações

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produção enxuta no Brasil - O caso Ford

Apresentação

A indústria em geral e em particular automobilística mundial vem passando, há alguns anos, por processos de mudanças profundas na sua administração. Essas mudanças, iniciadas na indústria automobilística japonesa, visam basicamente ao aumento da produtividade e da qualidade e à redução de custos, mediante a aplicação de técnicas desenvolvidas no Japão, a partir de teorias americanas, denominadas, no seu conjunto, de Produção Enxuta.

Este trabalho tem como objetivo principal o estudo do caso da Ford do Brasil, analisando e comparando os métodos administrativos, tradicionalmente utilizados por esta empresa, com os da Produção Enxuta, em implantação.

A escolha de uma empresa da indústria automobilística como objeto desse estudo, deu-se devido a duas razões: em primeiro, porque é na indústria automobilística que tem sido alterada as noções fundamentais de produção de bens, inicialmente com Henry Ford e, posteriormente, com Alfred Sloan Jr, com a transição da produção artesanal para a produção em massa (Sloan Jr., 1965) e, mais recentemente, com o desenvolvimento e adoção pela indústria automobilística japonesa da Produção Enxuta; em segundo, devido à importância da indústria automobilística nas economias dos principais países industrializados.

Produção Enxuta

Logo após o fim da segunda grande guerra, os japoneses iniciaram a produção de carros de passeio. A princípio desejavam utilizar métodos da produção em massa, que haviam sido estudados por diversos administradores japoneses nos Estados Unidos. No entanto, a tentativa em produzir automóveis em larga escala esbarrou numa série de problemas: o mercado japonês era limitado e demandava diversos modelos diferentes de automóveis, sendo que cada modelo não possibilitava escala para produção em massa; a força de trabalho nativa do Japão se organizou formando sindicatos fortes que exigiam maiores garantias de emprego, conseguindo restringir bastante os direitos das empresas de demitir empregados, o que ocorre com freqüência na produção em massa; e a economia do país, devastada pela guerra, não dispunha de recursos para realizar os altos investimentos necessários para a implantação da produção em massa.

Premidas por essas dificuldades, a Toyota, inicialmente, e a Nissan, posteriormente, criaram novos métodos de produção e administração, conseguindo, simultaneamente, produzir modelos em pequena escala e diminuindo os custos. O conjunto desses métodos foi denominado de Produção Enxuta e suas principais características são (Altshuller, 1986; Cusumano, 1989; Hay, 1988; Schonberger, 1984; Womack, 1992; Wood, 1991): a força de trabalho passa a ser remunerada de acordo com o tempo de serviço e parte do salário é transformado em bônus vinculado à rentabilidade da companhia. Além disso, passa a existir um vínculo permanente entre empregado e empresa, pois o trabalhador passa a ter a garantia de emprego permanente e, em contrapartida, tem a remuneração reduzida em épocas de baixa rentabilidade da empresa; a linha de produção passa a funcionar em função da demanda real do mercado e não mais em função de previsões de mercado feitas por departamentos internos. Assim, só são produzidos os modelos para os quais há demanda; os novos métodos de produção permitem grande flexibilidade da linha de montagem com reduzidos tempos de ajuste de máquinas e trocas de ferramentas; os estoques são reduzidos praticamente a zero e os fornecedores passam a produzir e entregar na linha de montagem pequenos lotes de peças;

o número de peças compradas de terceiros aumenta ao mesmo tempo em que o número de fornecedores diminui. A relação entre montadora e fornecedores passa a ser de parceria e a longo prazo; os funcionários são conscientizados através de programas de treinamento e passam a buscar sempre a melhor qualidade, o que permite a diminuição do número de trabalhadores indiretos como supervisores e inspetores de qualidade e, ainda, elevar muito o nível de qualidade dos produtos, reduzindo os índices de refugos, de reclamações e de retrabalho; as engenharias de fábrica e de manufatura são incorporadas pela engenharia de produtos fazendo com que ferramentas, máquinas e processos de fabricação possam ser definidos e projetados em paralelo ao projeto do veículo, reduzindo o tempo total de projeto e desenvolvimento de um novo veículo; o objetivo principal da Produção Enxuta é o de atender às necessidades dos consumidores. Para isso, foram montados enormes bancos de dados sobre os consumidores japoneses e americanos, seus lares e suas preferências de compras.

No Quadro 1 são apresentados dados sobre o desempenho dos produtores de automóveis japoneses no desenvolvimento de produtos, comparados com os de outras regiões, mostrando os resultados positivos alcançados pela Produção Enxuta.

As práticas da Produção Enxuta não serão aqui descritas, tendo em vista que podem ser encontradas em inúmeras obras a respeito (Cusumano, 1989; Schonberger, 1984; Womack, et all, 1992; Wood, 1991 e outros).

Quadro 1 - Desempenho no desenvolvimento de produtos por regiões da indústria automobilística mundial (metade dos anos).

Item Japoneses Norte-americanos Europeus

grandes Europeus especialistas

Média das horas de engenharia por novo carro (milhões) 1,7 3,1 2,9 3,1

Desenvolvimento médio de novo carro (meses) 46,2 60,4 57,3 59,9

Número de funcionários nas equipes de projeto 485 903 904 904

Tipos de carroceria por novo carro 2,3 1,7 2,7 1,3

Percentual médio de peças compartilhadas 18% 38% 28% 30%

Participação de fornecedores na engenharia 51% 14% 37% 32%

Partic. dos custos das mudanças no custo total dos moldes 10-20% 30-50% 10-30% 10-30%

Produtos com atraso 1 em 6 1 em 2 1 em 3 1 em 3

Tempo de desenvolvimento dos moldes (meses) 13,8 25,0 28,0 28,0

Tempo de fabricação do protótipo (meses) 6,2 12,4 10,9 10,9

Tempo entre início da produção e primeira venda (meses) 1 4 2 2

Retorno à produtiv. normal após novo modelo (meses) 4 5 12 12

Retorno à qualidade normal após

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