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A Saúde em Tempos de Biopoder

Por:   •  8/9/2018  •  Artigo  •  675 Palavras (3 Páginas)  •  179 Visualizações

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           A obra ''Trabalho em saúde em tempos de biopoder'' realizada por Miguel Angelo Barbosa e Cláudia Osorio, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ), com referência a Clínica da Atividade de Yves Clot, Foucault e Agamben, os autores fazem uma reflexão e análises a respeito de como as táticas de biopoder tem se infiltrado nos serviços e unidades de saúde na atualidade. A ideia principal é mostrar como essa forma de sociedade disciplinar incrementada com o capitalismo incide sobre os sujeitos envolvidos. O enfoque maior se da em hospitais em vista de que os serviços hospitalares são verdadeiros setores emblemáticos do biopoder (''fazer viver, deixar morrer'' FOCAULT, 2002) e tem por finalidade além da reflexão, a sugestão de cuidado com o outro de forma a cuidar de si como forma de resistência a esses serviços emblemáticos.
           Biopoder é quando o estado exerce comando sobre a vida por meio de dispositivos de poder e esta altamente ligado com a produção de subjetividade e principalmente com o capitalismo. Esse regime produz saberes que servem como forma de moldar o comportamento dos sujeitos através da  submissão dos mesmos. Dentro dessa temática, no primeiro momento fala-se sobre como a saúde tem sido desumanizada e sendo transformada em mercadoria, ou seja, os corpos dos doentes tornaram-se escravos da produtividade (força de trabalho) onde o que mais vale é manter saudável a população produtora em que a decisão sobre uma vida depende de um soberano que determinará se esta vida será preservada ou não. Aqueles sem acesso a saúde são silenciados ou transformados em espetáculo midiático. Isso gera desconforto e sofrimento psíquico a todos envolvidos, até mesmo para os profissionais da área.
    O segundo tópico inicia com uma breve definição sobre o sentido de atividade em vista de que é muito mais do que apenas um gesto realizado para fins de avaliação mas envolve diversas outras questões como o que não foi e não foi feito, o que é feito pra não fazer, o que deveria ser feito...etc. Nisso entra o trabalho que é além de tudo uma atividade criação onde o trabalhador afeta assim como é afetado. O coletivo e singular se mesclam, possibilitando o encontro consigo mesmo e com o outro, quando isso é impedido entra em cena o sofrimento psíquico citado anteriormente.
          No terceiro momento, com base em dados coletados na prática da Psicologia do Trabalho exercida em hospitais públicos do Rio de Janeiro, os autores analisam atividades diretamente ligadas à assistência aos pacientes. O trabalho em hospitais necessita grande flexibilidade e um coletivo de maneira bem coordenada pois as formas e os meios de trabalho nem sempre se harmonizam com os protocolos. Há um controle constante do espaço, do tempo e do corpo, deslizamentos de funções, valorização do saber acadêmico, disputas e territórios isolados, ritmos intensos de trabalhos, hiperatividade, falta de coletivo e solidariedade, profissionais individualistas, hipertensos, nervosos, entristecidos...enfim, diversos fatores dignos de atenção.
     A partir do que se foi visto os autores sugerem e aconselham, principalmente para os profissionais de saúde, sobre o não deixar que as relações de poder permaneçam imóveis e cristalizadas, sujeitando-se ao egoísmo e a falta de simetria das mesmas. É preciso cuidar de sí assim como cuida do outro, não se deixar adoecer enquanto cuida e quem sabe assim o hospital possa se tornar um lugar mais confortável e de cuidado para ambos os pólos.
           O artigo apresentou um estudo bem amplo e detalhado do que foi proposto com discussões e posicionamentos colocados de forma clara e informativa e que foram de encontro com as minhas ideias e pensamentos. É de extrema importância e utilidade o que ele transmite e não é restrito apenas ao público da área da saúde, mas a população em geral deve se informar sobre essas situações que nos cercam e passar a olhar de forma mais atenta.

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