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A Violência De Gênero

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Por:   •  9/11/2013  •  2.053 Palavras (9 Páginas)  •  248 Visualizações

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A VIOLÊNCIA DE GÊNERO CONTRA A MULHER COMO MANIFESTAÇÃO DAS RELAÇÕES DE PODER CONSTRUÍDA NA NOSSA SOCIEDADE.

Ao contrário do que muitos pensam, as sociedades mais primitivas, segundo estudos feitos por Muraro (1992), eram matricentricas e matrilocais, ou seja, eram organizadas por mulheres. Não como o sistema patriarcal existente hoje, violento dominador e cruel, mas eram as mulheres quem cuidavam do grupo e eram sociedades mais justas e igualitárias.

No reino animal não é diferente, muitas das espécies estudadas, comprovadamente são matricentricas, em que as fêmeas, além de cuidar dos filhotes, também são responsáveis por cuidar do bando, vivendo em harmonia e cooperação.

A predominância feminina nas sociedades primatas e no reino animal, nada tem a ver com o sistema patriarcal, mas com a capacidade nata ou adquirida pelas mulheres de cuidar, proteger, liderar, educar e organizar que provem da maternidade. Ao contrário da dominação, repressão, coerção e da competitividade desenfreada adotada pelo sistema patriarcal.

Segundo Engels (1884), a origem da família é um processo evolutivo que teve desde a pré-história até os nossos tempos inúmeras transformações da “comunidade conjugal entre os sexos”. No início não existiam parceiros fixos, as relações entre homens e mulheres se davam livremente sem distinção de grau de parentesco e/ ou idade. Este lar comunista como explica Engels, significava predominância da mulher na casa.

A família sindiásmica, demasiado débil e instável por si mesmo para fazer sentir a necessidade ou simplesmente o desejo de um lar particular, não suprime, em absoluto, o lar comunista que nos apresenta a época precedente. Mas lar comunista significa predomínio da mulher na casa; tal como o reconhecimento exclusivo de uma mãe própria, na impossibilidade de conhecer com certeza o verdadeiro pai; significa alto apreço pelas mulheres, isto é, pelas mães. Uma das ideias mais absurdas que nos transmitiu a filosofia do Século XVIII é a de que na origem da sociedade a mulher foi escrava do homem. Entre todos os selvagens e em todas as tribos que se encontram nas fases inferior, média e até (em parte) superior da barbárie, a mulher não é só livre como, também, muito considerada. (Engels, 1884, p.49).

Mas segundo Engels (1884), a própria mulher tinha interesse em um “novo organismo social”, em que pudesse ter apenas um parceiro. Este processo de construção da família monogâmica que conhecemos hoje foi de fundamental importância para o pátrio poder.

A dominação masculina vai se criando com o “desmoronamento do direito materno”, porque o pai legítimo passou a ser reconhecido, a propriedade privada passou a ter importância e a escravidão tornou-se a mão de obra indispensável. A origem da palavra família não tinha o mesmo significado que conhecemos hoje, “Famulus” quer dizer escravo doméstico, agora o homem tem sobre o seu domínio a mulher, sua prole e seus escravos.

O Patriarcado segundo Muraro (1992), assim chamado esse sistema que sustenta a opressão contra a mulher, tem uma “origem gradual e lenta” e nasce a partir do crescimento populacional e da competitividade que inicia ainda nas primeiras civilizações humanas.

Muitas histórias até hoje são contadas para sustento do patriarcado, como histórias que o homem sempre foi o ser dominante, que as mulheres das cavernas eram conduzidas ou arrastadas por seus “homens” pelos cabelos, que em todas as civilizações existiam uma liderança masculina, o que não passa de estórias para alimentar uma ideologia e nos fazer acreditar que a dominação do homem sobre a mulher sempre existiu. Estas histórias contadas de que o “macho” sempre foi o ser dominante desde sociedades primitivas, trata-se de mitos criados pelos interesses da ideologia patriarcal.

Os desejos, crenças e valores, têm em suas ideologias a manutenção do machismo que legitima na relação de gênero no âmbito familiar não permitindo uma sociabilidade democrática. Assim assistimos a banalização da barbárie da violência doméstica que se tornou algo “normal” por se tornar habitual.

Acontece que nem sempre foi assim, as sociedades matrilineares e matrilocais, significava a atuação mais presente da mulher, elas tinham papel fundamental na construção e manutenção destes grupos.

Era a mulher quem cuidava dos filhos, da alimentação, da colheita, fabricava objetos e utensílios que permitiam melhor desenvolvimento de suas atividades diárias e cuidados com todos do grupo. Não existiam lideranças, eram grupos harmônicos que compartilhavam as tarefas, não existiam até então a competitividade, porque o que colhiam era apenas para sobrevivência do grupo, eram grupos socialmente igualitários e a sexualidade feminina não era reprimida.

Todas estas atividades desenvolvidas pelas mulheres a milhões de anos atrás, eram não só valorizadas como também reconhecidas socialmente, por tanto, elas tiveram um dado momento histórico fundamental importância social, enquanto os homens viviam a margem da sociedade.

A patrilocalidade e o patriarcado devem ter entre suas causas a descoberta do papel do homem na reprodução, o que permitiu a estes controlar a fecundidade das mulheres e, portanto, controlar as próprias mulheres, porque o poder advinha do controle da reprodução. Mas enquanto isso não aconteceu, a centralidade dos grupos ficou com a mulher. (Muraro, 1992, p.24).

No decorrer dos tempos o homem procurou construir este sistema, baseado apenas nos interesses do sexo masculino, criando estereótipos, ideologias, identidades e comportamentos que os fortalecem. Estes estereótipos surgem como estratégia de controle e subordinação da mulher que antes tinha autonomia sobre seu corpo e sobre as comunidades as quais pertenciam.

Vestígios de épocas remotas e estudos realizados nas sociedades primitivas existentes ainda hoje no mundo, como é o caso das tribos indígenas, tribos africanas, dentre outras, nos permitem compreender nossos antepassados e grandes mudanças que ocorrem em toda sociedade.

Através da arte e dos mitos deixados pelas antigas civilizações em que ainda não utilizavam da escrita, é possível entender a centralidade feminina nestes longínquos tempos e a autonomia que lhe foram arrancadas pelos homens.

Muitos dos objetos encontrados por arqueólogos em várias partes do mundo, tinham significado da fertilidade feminina, como desenhos de mulheres grávidas. Os mitos deixados destas épocas, eram representados por Deusas, como era o caso da Mãe Terra que denota a vida e que depois retoma a ela.

Aos poucos vai ocorrendo à transição, alguns mitos caíram e novos foram criados para sustentar o novo sistema.

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