ARENA ESCOLAR: UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE BULLYNG NO RECREIO

1 RESUMO:

Este projeto de pesquisa propõe a realização de uma pesquisa de campo, de cunho qualitativo, em que se busca responder a questão: como se dá o bullying no recreio de uma escola pública de ensino fundamental do município de cidreira? A coleta de dados, de inspiração etnográfica, se dará a partir da observação/registro, em diário de campo, assim como a realização de entrevistas semiestruturadas com a direção e docentes da escola onde será desenvolvida a pesquisa. Os dados serão analisados com base no aporte teórico dos estudos culturais em educação.

2 TEMA

O Bullyng no contexto escolar.

3 TEMÁTICA

As práticas de Bullyng em uma escola pública de ensino fundamental de Cidreira-RS.

4 JUSTIFICATIVA

A escola, cenário em que se constituem relações interpessoais, de naturezas distintas, é, também, local em que existe uma diversidade cultural muito vasta. Como já mencionado, no município de Cidreira, por ser um local turístico, as pessoas vem e vão, em busca de empregos e melhores condições de vida. A escola recebe os alunos oriundos de diferentes regiões, o que dificulta o surgimento de vínculos, e sentimento de pertencimento ao local. As pessoas passam pela Diáspora (HALL, 1996), perdem sua referencia cultural, não se sentem parte de um lugar, nem de outro.

Nesse contexto, a intolerância a diferença encontra solo fértil para que se constituam conflitos, e favoreça a prática de Bullyng, que é definido por Costantini (2004) como:

Um fenômeno, um comportamento ligado à agressividade física, verbal ou psicológica. É uma ação de transgressão individual ou de grupo, que é exercida de maneira continuada, por parte de um indivíduo ou de um grupo de jovens definidos como intimidadores nos confrontos com uma vítima predestinada. (CONSTANTINE, 2004, p.28)

A vítima escolhida pode ser perseguida, ou obrigada a fazer coisas contra a sua vontade, como trabalhos escolares, por exemplo. O trabalho pedagógico pode ser utilizado como ferramenta para que não ocorram, práticas de Bullyng, na escola, uma vez que desenvolva um trabalho consciente com sua realidade educacional, e que busque estabelecer e fortalecer vínculos identitários, entre os estudantes, com o município em que vivem, e na escola que estudam. No entanto, é necessário que a escola, e seus educadores, identifiquem o bullyng, e o conheçam.

É um desafio a ser enfrentado, não só pela escola, mas por todos aqueles que fazem parte da sociedade. A escola não é uma ilha, isolada do mundo, e os acontecimentos que ocorrem em seu interior tem repercussão também do lado de fora.

Não é preciso esforço para que possamos lembrar-nos de fatos noticiados pela mídia de verdadeiras tragédias ocorridas a partir de históricos de Bullyngs: suicídios, assassinatos, doenças psíquicas, como depressão, são verificados em vítimas de Bullyng, assim como nos sobreviventes da guerra.

As famílias, muitas vezes descobrem apenas depois que não há mais o que ser feito, por cartas de filhos suicidas:

Um menino de 14 anos que havia sido vítima de bullying por algum tempo para escapar à dor deixou o seguinte bilhete à sua mãe: “Eu poderia pegar uma arma e atirar em todos os meninos, mas não sou uma pessoa má. Também não vou dizer quem são os bullies. Você sabe quem são eles. Eu ria por fora e chorava por dentro. Mãe, depois da minha morte, vá ate a escola e fale com os meninos. Diga para que parem com o bullyng uns sobre os outros, pois isso machuca profundamente. Estou tirando minha vida para mostrar o quanto machuca”. (MOHARIB, 2000, apud MIDDEELTON; ZAWADSKI, 2007, p. 19)

A Universidade, através da pesquisa, possibilita conhecer a realidade em que se encontram nossas escolas, para propor novas formas de intervenção, com base na abertura ao diálogo e a diferença, para que o bullyng seja identificado e evitado na escola.

5 PROBLEMA DE PESQUISA

Como se dá o bullying no recreio de uma escola pública de ensino fundamental do município de cidreira?

6 OBJETIVOS

6.1 OBJETIVO GERAL

• Identificar os conflitos agressivos, sobretudo, as práticas de bullying que ocorrem no ambiente escolar, nas interações entre estudantes, durante o recreio de uma escola pública do município de Cidreira-RS.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Analisar o contexto em que se desencadeiam os conflitos, e como são (ou não) resolvidos na escola.

• Investigar quais práticas de Bullyng ocorrem, durante o recreio, e quais intervenções pedagógicas ocorrem (ou não) diante dos acontecimentos.

• Compreender as representações dos docentes acerca das práticas de Bullyng, no recreio, articulando com as constatações observadas durante a pesquisa.

7 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DA PESQUISA

7.1 Municípios de Cidreira:

Cidreira é a praia mais antiga do litoral norte gaúcho e também a praia mais próxima da capital do Rio grande do Sul – Porto Alegre -, possuindo cerca de 12.000 habitantes fixos e em média 130.000 no período de veraneio. A população tem, basicamente, seus meios de subsistência através da construção civil, turismo, comércio, empregos públicos, pesca e aposentadorias. A educação na praia da Cidreira contempla: três escolas de Educação infantil; cinco escolas de ensino fundamental; uma Escola Estadual de Ensino Médio.

As escolas atendem crianças oriundas das mais diversas regiões, as quais migram com suas famílias em busca de empregos temporários de veraneio, e muitas vezes acabam indo embora durante o inverno, ou se submetendo ao subemprego. Tal realidade influencia nas relações afetivas, entre alunos e também dificulta um trabalho pedagógico mais elaborado, o qual depende do reconhecimento dos estudantes por parte dos educadores. Nesse contexto de diversidade, a escola passa a ser um local de encontro, mas também de conflitos que emergem a partir da intolerância as diferenças.

A escola, em que será realizada a pesquisa, será escolhida em conjunto com a Secretaria de Educação do município de Cidreira.

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