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Análise Das Condições Termodinâmicas No Sul Da Amazônia

Por:   •  4/8/2025  •  Trabalho acadêmico  •  8.776 Palavras (36 Páginas)  •  22 Visualizações

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1 – INTRODUÇÃO

A região tropical ocupa a maior parte da superfície do globo terrestre, têm um lugar privilegiado na dinâmica do clima global e na localização dos impactos climáticos. De um lado, essas regiões são extremamente sensíveis às mudanças climáticas, por outro lado, elas são os locais onde ocorrem as principais trocas de energia que condicionam o clima da Terra. A importância destas regiões no clima terrestre justifica o grande número de estudos e experimentos meteorológicos na região tropical, sendo reconhecida como uma região onde ocorrem gradientes de temperatura muito pequenos (RIEHL, 1973).

A Amazônia em particular, além de se localizar nos trópicos, é a maior floresta tropical úmida do planeta e sua influência no clima terrestre é comprovada em diversas simulações climáticas (MACHADO, 2000). A umidade presente na atmosfera apresenta variações acentuadas entre locais com forte atividade convectiva, devido a movimentos ascendentes do ar que resfriam e umedecem a atmosfera, e situações com pouca atividade convectiva, natural de movimentos descendentes que aquecem e secam a atmosfera, visto que a atmosfera se apresenta mais fria em dias chuvosos que em dias secos (RIEHL, 1973). A Amazônia é uma fonte importante de calor e vapor d’água para a atmosfera e tem um papel significativo na circulação geral da mesma (MOTA et al, 2000).

Vários são os estudos realizados na região amazônica através de grandes experimentos meteorológicos, principalmente após a década de 80 (FISCH, et al, 1998). Devido a região apresentar uma grande diversidade com relação à fauna e flora, e também por possuir um clima tropical úmido, sua localização geográfica faz com que receba radiação durante todo o ano, portanto tem grande quantidade de energia disponível, gerando desta forma um forte interesse na compreensão das formas com o que esta energia é usada na interação solo-floresta-atmosfera.

A região Amazônica é caracterizada por um clima quente e úmido, onde os gradientes de temperaturas são muito pequenos, muita nebulosidade e bastante chuva, sofrendo durante todo ano uma grande incidência dos raios solares. A umidade presente embora de valores altos sofre variações acentuadas (16 e 20g/kg). Estas condições são alteradas por influência de sistemas de meso e grande escala (Zona de Convergência Intertropical, Linhas de Instabilidade, Frentes Frias, etc), que agem, ora acelerando os sistemas locais, ora enfraquecendo-os, e com isso diminuindo a quantidade de precipitação (OLIVEIRA, 1994; MOTA e SOUZA, 1996; SOUZA e OLIVEIRA, 1997). Esta situação gera um novo conceito de estações do ano para a região: “período seco” (junho a novembro) e “período chuvoso” (dezembro a maio).

No período seco, verifica-se uma considerável diminuição da precipitação, sendo comum a penetração de frentes frias provenientes do sul do Brasil, que no inverno chegam em média a 15 graus de latitude Sul, em casos especiais, podem ultrapassar o equador geográfico, fazendo com que as altas temperaturas da região tropical diminuam (NECHET, 1993). Alberto Serra (1942) denominou de Friagem as penetrações de frentes frias do HS na Amazônia, este termo, é usado pelos habitantes da região e representa a diminuição da temperatura no sul e sudoeste da Amazônia e ocorre principalmente no inverno do HS (junho-julho-agosto), quando as frentes frias procedentes do Sul do país são mais intensificadas, que no inverno podem ultrapassar o equador geográfico, o que o que faz com que as altas temperaturas da região diminuam, e provoquem uma secagem mais acentuada na atmosfera.

Quando ocorre a friagem, a diminuição da temperatura é bastante significativa nas regiões de Rondônia, Acre, sudeste do Pará e sul do Amazonas (MOTA, 1994). Dados registrados em 1975 demonstram que em decorrência da friagem, as temperaturas observadas foram de 6,0°C em Rio Branco – AC e 3,4°C em Vilhena – RO (NUNES, 1994).

O objetivo deste trabalho é: caracterizar a passagem de uma frente fria na região amazônica, nos estados do Amazonas Acre e Rondônia durante o período de 15 a 28 de maio de 2007, verificando as variações das condições termodinâmicas da região durante o período. Na primeira parte do trabalho será feita uma revisão bibliográfica sobre o assunto, no capitulo três é apresentada a metodologia utilizada na análise e em seguida os resultados referentes às modificações nas condições termodinâmicas da atmosfera perante a ocorrência de um evento de friagem e, por fim, a conclusão.

2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

        A Bacia Amazônica possui uma área estimada de 6,3 milhões de quilômetros quadrados, sendo que aproximadamente 5 milhões estão em território brasileiro e o restante divido entre os países da Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. Esta região é limitada a oeste pela Cordilheira dos Andes (com elevações de até 6000 m), a norte pelo Planalto das Guianas (com picos montanhosos de até 3000 m), ao sul pelo Planalto Central (altitudes típicas de 1200 m) e a leste pelo Oceano Atlântico, por onde toda a água captada na bacia escoa para o mar. Segundo o IBGE, a área da Amazônia Legal no Brasil é de 5.032.925 km², compreendidos pelos estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima, Acre e Amapá e parte dos estados do Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Imagens de satélites analisadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estimam em 126.000 km² a área já desmatada até 1991, com uma taxa de desmatamento anual de 21000 km²/ano, durante o período de 1978-1989, decrescendo este valor para 11.130 km²/ano durante os anos de 1990-1991 (INPE, 1992). As regiões que mais sofreram com o desmatamento são as partes Sul e Leste do Pará (após a construção da rodovia Belém-Brasília) e as partes Norte do Mato Grosso e Sul de Rondônia (devido à rodovia Cuiabá-Porto Velho).

Pesquisas realizadas por Riehl (1954) sobre a importante contribuição da região tropical no desenvolvimento dos processos atmosféricos globais. Com base no modelo da circulação geral proposto por Hadley (1735), Riehl verificou que todo o movimento atmosférico se inicia devido a desigualdade do aquecimento e resfriamento atmosférico, especialmente entre as radiações das faixas polar e tropical. As correntes de ar se movimentam em direção ao Pólo ou ao Equador e são as principais responsáveis por esta troca de energia entre os dois lugares. A atmosfera nesse processo age como uma "máquina térmica" transportando excesso de energia para as regiões com deficiência de energia.

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