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Arqueologia Da Cidade VS Arqueologia Na Cidade

Trabalho Escolar: Arqueologia Da Cidade VS Arqueologia Na Cidade. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  23/8/2014  •  1.630 Palavras (7 Páginas)  •  522 Visualizações

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O presente trabalho é uma análise e reflexão em torno do tema `Arqueologia Urbana´ e da problemática `Arqueologia da cidade vs Arqueologia na cidade´. Este comentário tem como principais objectivos abordar, de forma sucinta, a origem do conceito, os seus objectivos de actuação e a sua importância como prática arqueológica. Por outro lado, tentar perceber em que consiste a problemática mencionada, apresentar alguns exemplos concretos de experiências a nível de intervenções patrimoniais e criação de centros científicos em território nacional e expor a minha opinião relativamente a alguns desses assuntos.

O conceito actual de Arqueologia Urbana ganhou força por volta dos anos 60/ 70 e foi fruto de uma nova visão da cidade por parte de alguns países como a Inglaterra. Esta nova perspectiva para com o objectivo de estudo necessitou de novas metodologias de trabalho e alterações quer a nível institucional quer a nível da própria legislação. Desta forma, a Inglaterra e posteriormente a Espanha, adoptaram um novo processo que consistia na `(...) definição e declaração legal das zonas potencialmente arqueológicas, com as consequentes condicionantes da intervenção urbanística, que passaria pela obrigatoriedade de realização de sondagens arqueológicas prévias pelos organismos competentes (...)´, por outro lado, a Suécia, acrescentou a necessidade de haver uma `(...) exigência a nível do financiamento dessas sondagens pelas próprias entidades promotoras das eventuais construções (...)´.

A Arqueologia Urbana é uma forma de explorar as potencialidades de uma cidade. Não consiste apenas na análise de depósitos arqueológicos, de monumentos edificados e religiosos ou de fortificações existentes, mas sim, de um vasto conjunto de elementos que a qualificam como urbe. Uma cidade tem arruamentos; vias de acesso; um diversificado conjunto de edifícios que vão desde as simples e modestas casas de habitação aos edifícios mais significativos; estruturas defensivas; áreas económicas e comerciais onde podemos encontrar lojas, cafés, restaurantes, feiras, mercados; zonas industriais; infra-estruturas com canalizações, esgotos, pontes, aquedutos, etc. Um considerável conjunto de elementos que se foram transformando ao longo dos tempos e que marcaram um espaço. São todos estes aspectos, considerados próprios de uma cidade, que são estudados, que nos fornecem um importante e significativo conhecimento científico e que, posteriormente, são remetidos para uma acção política de intervenção e preservação a nível do planeamento urbanístico e do património cultural.

Existe distinção entre o conceito abordado anteriormente e o de `Arqueologia em Espaço Urbano´. Este último, abrange os testemunhos das experiências individuais e colectivas, em um dado momento histórico, seja ele presente ou passado, materializando a dimensão simbólica das diversas formas de agir, viver, pensar e sentir de uma sociedade. De certa forma, penso que a problemática `arqueologia da cidade vs arqueologia na cidade´ está relacionado com estes conceitos estando a Arqueologia Urbana direccionada para o estudo da arqueologia da cidade e a Arqueologia em Espaço Urbano, para a arqueologia na cidade. Isto, porque a primeira está mais ligada ao estudo dos elementos que caracterizam uma cidade, isto é, aos testemunhos materiais; enquanto que a segunda, direcciona-se para o estudo das relações e das diversas formas de estar de uma sociedade, num determinado espaço.

A prática arqueológica em Portugal é hoje, na sua maioria, realizada no âmbito da prevenção e minimização de impactes, sendo o meio urbano o cenário principal destas intervenções. Nas últimas décadas, as intervenções urbanas tornaram-se prática comum fazendo poliferar a arqueologia empresarial, sendo que, actualmente são as empresas de arqueologia que dominam as intervenções em meios urbanos.

Salvo raras excepções, a arqueologia preventiva que se pratica nas cidades, é hoje, selvagem e banalizada. As escavações em meio urbano são realizadas por diversas empreses e arqueólogos que utilizam práticas de escavação e registo distintos. A pulvurização dos métodos de escavação tem duplo efeito negativo, por um lado multiplica as vozes do discurso científico e por outro lado diminui a possibilidade de se produzirem monografias e sínteses da cidade.

Ora é da responsabilidade das autarquias e dos Centros Históricos a criação de uma estrutura operacional que coordene todas as intervenções urbanas realizadas numa determinada cidade, de modo, a definir claramente a política correcta de intervenção no planeamento urbanístico, visando uma autêntica preservação e conhecimento do património da cidade. Só uma efectiva centralização da gestão patrimonial por parte dos municípios poderá garantir que a arqueolgia urbana, tenha um propósito concreto, nomeadamente o de preservar, valorizar e conhecer.

Na minha opinião, é sempre gratificante haver nas cidades, se assim o justificar, um centro científico que coordene, estruture, controle e defina as metodologias de trabalho e de registo. A carência de uma entidade deste género em algumas cidades, a falta de interesse e, por vezes, até mesmo de profissionalismo poderá resultar, em alguns casos, na perda ou destruição de informação, dando origem a estudos poucos rigorosos, com algumas lacunas ou mesmo em resultados inconclusivos. A cidade do Porto é um exemplo de uma urbe que, necessariamente, precisava de um centro científico e onde acabou por ser criado o Gabinete de Arqueologia Urbana – GAU. Este gabinete para além de planear, orientar e reordenar as diversas intervenções arqueológicas dirigidas por várias equipas/empresas na cidade, tem como principais objectivos `(...) assegurar (...) os padrões mínimos de qualidade de execução dos trabalhos, assegurar o uso de formas de registo arqueológico uniformes ou pelo menos compatíveis e centralizar a informação recolhida nas diferentes intervenções evitando a sua perda ou dispersão e apoiando a sua divulgação pública (...)´.

Na maioria das cidades e sobretudo naquelas onde não se verifica um planeamento, uma organização dos trabalhos e um tratamento de informação, (por ser bastante difícil a mesma equipe trabalhar sucessivamente nos mesmos trabalhos realizados na cidade desde o seu início) torna-se necessário a existência de uma comunicação e ligação entre as várias equipas que ali desenvolveram os trabalhos anteriores. Este contacto, proporciona uma troca de informação e resultados que puderam ser útil no continuar da investigação. Mas, porque nem sempre podemos ver uma urbe como uma unidade, é necessário saber distinguir as diversas situações que aparecem e adaptarmo-nos a elas consuante, por exemplo, a área de estudo,

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